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Bolsonaro: Primeiro passo é definir tamanho do governo

Antes de começar a fazer os convites, Jair Bolsonaro precisa definir o tamanho da Esplanada e os cargos que terá para preencher. Até aqui, por exemplo, ele havia dito que pretendia juntar os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura. Porém, hoje seus aliados dizem que isso pode mudar. Também havia a ideia de juntar a pasta de Indústria e Comércio à Fazenda. Porém, não existe mais essa certeza. A única área hoje onde é certo que a Esplanada vai diminuir é na infraestrutura. Todo esse setor deverá ser Transportes, Minas e Energia, Telecomunicações, tudo ficará sob um único ministro.

O nome para esse cargo ainda não foi definido. Além de Paulo Guedes (Economia), general Heleno (Defesa) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil), estão no radar dele o astronauta Marcos Pontes para Ciência e Tecnologia e o juiz Sérgio Moro para Justiça.

Quanto aos projetos prioritários, há quem diga que ele, no primeiro ano, se dedicará a terminar o que está aí em termos de obras em andamento. A tendência, por enquanto, é trabalhar mais na gestão do que propriamente num projeto nacional de desenvolvimento. Nas entrevistas, deixou claro que o pais precisam economizar, cortar excessos em todas as partes. “Governar pelo exemplo”.

Um dos pés do presidente eleito parece que ainda continua no palanque. Nas entrevistas desta noite mais criticou os programas dos antecessores do que apresentou os seus. O PT é passado e o que o importa no momento é o que Bolsonaro fará para tirar o país do buraco. Acena com Sérgio Moro na Justiça ou no Supremo Tribunal Federal. Ok, mas quem irá cuidar do serviço de terminar de julgar as ações da Lava Jato, em especial, aquelas que envolvem o ex-presidente Lula? Ainda há muito por fazer ali. Até outro juiz pegar o “fio da meada”, certamente, virão críticas por mais atrasos nas ações.

Alguma coisa já está delineada, por exemplo, deflagrar as privatizações pelas empresas deficitárias. Cita em epsecial a EBC, a empresa de comunicação governamental. “Tudo o que não for ação do estado, tem que partir para a privatização”, disse ele, confirmando a guinada liberal do governo.

E a saúde pública? Até aqui, só se sabe que ele modificará o Mais Médicos. Na entrevista à Record, ele afirma que o programa foi  “criado pelo PT para atender a ditadura cubana”, onde, diz o presidente eleito com razão, parte expressiva dos salários dos médicos ficam para o governo daquele país. Quanto aos movimentos sociais, como o MST que promove invasões, a intenção dele é tipificar qualquer invasão como ato terrorista, algo que terá que ser aprovado pelo Congresso.

Quanto ao estatuto do desarmamento, o excludente de ilicitude _ a chamada “licença para matar” _ e a reforma previdenciária, haverá uma tentativa de mexer ainda este ano. No caso da reforma previdenciária, a ideia é, ao menos, adiantar a discussão para adiantar. O presidente eleito não está seguro se a melhor forma de relacionamento com os partidos será via líderes das bancadas ou com os parlamentares individualmente. Vale lembrar que, ate aqui, nenhum presidente conseguiu essa façanha, desde o governo de Fernando Collor. Mas, para quem conseguiu uma vitória que era considerada quase que impossível no início deste ano, a expressão “não vai dar” foi apagada da cartilha.

Aliás, embora chegue cheio de ideias que não se sabe se serão factíveis, vale lembrar que Bolsonaro sabe recuar quando a situação exige. Na entrevista à TV Record, a mais alentada desta noite, revelou um traço de personalidade que poucos presidentes até aqui tinham exposto de forma tão direta: Admitir que estava errado. Foi o que disse quando perguntado se havia desistido da nomeação de mais ministros para o STF. “Ficou no passado, tem que ver o contexto, o momento, quando o povo reclama de algumas decisões do STF… Eu estava embarcando num rumo equivocado”, disse ele, com todas as letras, conforme já havia declarado em entrevista à Rede Vida, quando faltava uma semana para o pleito. Pode não ser nada, mas é um bom começo. Que venham as propostas.

Denise Rothenburg

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