Cozinha de ingredientes é o lema com o qual os proprietários definem Ocanto, um bistrô de esquina, instalado na 412 Norte de frente para a área residencial, que ocupa a varanda sem paredes do Bloco C. Aberta em agosto, a casa é tão nova que ainda está em low profile. Ou “abertura suave”, como diz o sócio Arthur Vieira, de 33 anos, que rejeita estrangeirismos, buscando sempre “valorizar o Brasil mediante os ingredientes, as cores e a música”.

A proposta está presente no enxuto menu de 10 pratos e duas sobremesas, começando pelo Abre Alas, com pão de fermentação natural da padaria Sova (parceira da casa), paté de galinha caipira, geleia de cebola roxa e picles de maxixe (R$ 28). Outra composição simples traz rabada com guioza chapada na frigideira, pimenta e cebolinha (R$ 39).
São pequenas porções sugeridas para compartilhar e degustar com outros pratos, como carne de sol, espuma de queijo coalho e torrada (R$ 38); filé de coxa e sobrecoxa de frango orgânico ao vinho com especiarias, canjiquinha de milho, bacon e queijo da Canastra (R$ 40); ou Taco do Mar, tortilha de milho branco, camarão, vatapá, pimenta de cheiro e vinagre de coentro (R$ 34, duas unidades).
Campeão de vendas
Se é que se pode chamar assim uma sugestão que acabou de ser feita e não tem um mês. “O que mais tem saído no almoço é o Bimbim brasileiro de arroz frito, carne de sol desfiada, ovo de galinhas felizes, quiabo, cenoura, abóbora e couve e molho picante”, revela Arthur, que trouxe para o negócio toda a sua expertise adquirida no Cantucci, grife onde trabalhou por quatro anos, por último em Águas Claras, e na administração de hotéis da rede HPlus na Asa Norte.
Ciente de que o sucesso da cozinha depende da qualidade dos produtos, o restaurateur, formado em gestão de negócios pela FGV, foi buscar parcerias com bons fornecedores. A participação deles está explícita no cardápio: carne de sol da Melhor Carnes, molho picante da Molotov e barriga de porco do Vale do Moura. O prato suíno, que é um must da experiência gastronômica, vem com mel de abelhas nativas e salada vinagrete de repolho roxo (R$ 42). Ainda tem arroz de pato com tucupi, jambu e paio crocante (R$ 51).
Formado em gastronomia pelo Iesb, o brasiliense Felipe Rodrigues comanda a cozinha do Ocanto, desde o primeiro dia, trazido já como sócio por Arthur Vieira, com quem trabalhou no Cantucci. Por enquanto há duas sobremesas: pudim de leite condensado com baunilha do cerrado e calda de caramelo e torta de café e cupuaçu (R$ 23).
Drinques autorais

Antes, porém, de degustar os deliciosos pratinhos, não deixe de pedir um ou mais drinques criados na casa pelo mixologista Washington Luiz, como Jabuticabinha (R$ 28) que leva rum, limão, compota da fruta, hibisco e chá mate; Cajá Nativo de cachaça Weber Haus, cajá, óleo essencial de pimenta de cheiro e coentro, limão e bitter aromático (R$ 30) e Kingstão, uma releitura de Negroni com rum, Campari, vermute San Basile e caramelo salgado de cumaru (R$ 32).
Toró de ideias
Com decoração que remete à brasilidade, mesas amplas e cadeiras de assento macio, a casa herda a tradição de coquetelaria que era praticada no mesmo endereço pelo Imagina Bar, dublê de distribuidora de bebidas brasileiras. Um dos proprietários Paulo Stefanini ao ceder o espaço se tornou sócio do novo bistrô.
Arthur e Paulo brincam que o nome foi o resultado não de um brain storm, como se diz em inglês, mas de um “toró de ideias”, cujo significado lembra que ali você encontra receitas de todos os cantos do Brasil. Ocanto funciona de quarta a sábado no jantar e sábado e domingo no almoço. Reservas: 99921-8829.

