CBPFOT230820160542 23/08/2016. Crédito: Liana Sabo/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Pesquisadora Ana Claudia Lima e Alves, com produtores de queijos artesanais de Minas Gerais.

Militância no queijo

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Quando se fala em servir um vinho, qual é a primeira coisa que vem à cabeça para acompanhar a bebida? Claro que é mordiscar nacos de queijo. Foi isto que ocorreu semana passada no Vinum Brasilis, cuja nona edição trouxe o companheiro ideal do vinho. “Eu sempre quis agregar um produto mais voltado para o vinho e aí descobri o grupo de trabalho do Slow Food de queijos artesanais”, revela Petrus Elesbão, coordenador do evento.

A pesquisadora do patrimônio cultural Ana Cláudia Lima e Alves, líder do GT, se considera uma militante no assunto. A pedido de Petrus, ela se encarregou de atrair para a feira produtores de queijos artesanais de Minas Gerais, que apresentaram 12 tipos diferentes: oito queijos da Serra da Canastra; três do Serro e um da Serra do Salitre. “Foi um sucesso, todos os queijos foram vendidos”, resume Petrus. A ideia foi propiciar aos produtores de queijo o mesmo incentivo dado aos pequenos produtores de vinho, que se destacam pela qualidade do que oferecem, mas muitas vezes não têm as mesmas chances de expor, analisa o coordenador da feira.

Leite cru

 

23/08/2016. Crédito: Liana Sabo/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Queijos e vinhos. Queijos artesanais de MG no Dom Francisco.
23/08/2016. Crédito: Liana Sabo/CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF. Queijos e vinhos. Queijos artesanais de MG no Dom Francisco.

 

Já as razões do Slow Food são de ordem jurídica. O grupo, formado em 2011, defende “o direito de optar por produtos que provêm de tradições locais, de modos de fazer arraigados na nossa cultura e que representam a principal fonte de sustentação econômica de comunidades rurais”. É que a legislação brasileira, da época de Getúlio Vargas, não permite que produtos de leite cru saiam do estado onde foram feitos. Diante da burocracia, alguns produtores pensaram até em desistir.

Quem não se importa com o entrave, que algum dia pode até ser removido – há uma campanha mundial de resgate do leite cru, capitaneada pelos Estados Unidos –, é Gil Guimarães. O chef mineiro, dublê de pizzaiolo, elaborou duas margueritas, uma com o queijo da Canastra e outra com o do Serro, aprovadas pelos produtores. As receitas serão a estrela de um festival de margueritas que a pizzaria Baco promoverá no mês de setembro usando a iguaria de Minas.

Em novembro, dia 25, os queijeiros estarão de volta para comercializar o produto no Wine Friday, evento que contará com vinhos trazidos pela Enoteca Decanter e pela Videira Vinhos. Será na sede da Assefe, Trecho 1 do Setor de Clubes Sul.

Harmonização

23/08/2016. Crédito: Liana Sabo/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Queijos e vinhos. Vinhos para degustação de ueijos artesanais de MG no Dom Francisco.
23/08/2016. Crédito: Liana Sabo/CB/D.A Press

 

Outro chef que aprovou os queijos artesanais foi Francisco Ansiliero, ao testar a picância, dulçor, untuosidade e, principalmente, a acidez, que está relacionada sempre ao tipo de solo da fazenda onde é produzido o queijo. Como nenhum gourmet come queijo sem vinho, não faltou ao teste o nobre líquido trazido por Santhiago Tamer, da Trilix. Desafio foi harmonizar dois excelentes brancos: o Chardonnay Zanella, produzido em Antonio Prado (RS), e o Vistamar Sépia Reserva, Sauvignon Blanc português da Adega do Cartaxo, que produz também a linha Bridão.

Em um portfólio de 400 rótulos, Tamer garimpou alguns tintos como o Encostas do Bairro, da região do Tejo (R$ 45 a R$ 60); o chileno Winemaker Secret Barrels, cujas uvas e safras, como o nome sugere, são um segredo do enólogo sai entre R$ 100 a R$ 130; o merlot gaúcho Zanella, lançado agora; o conhecido malbec argentino Triade (R$ 70 a R$ 90) e o siciliano Nero D´Avola (R$ 65 a R$ 80). Os vinhos estão disponíveis na Art du Vin, Belini, Doc Vinhos, Espaço Vino e outros locais.