Tem bem uns 15 anos que tomei meu primeiro gole de Almaviva, o vinho superpremium do Chile. Era da safra 1998 e custava 130 dólares, a garrafa. Na ocasião, a raridade foi encontrada pelo chef Francisco Ansiliero garimpando pontos de venda em Vitória (ES), importante entreposto de bebida importada. De fabricação limitada, o rubro chileno com profundos taninos me impressionou muito.
Procurei me aproximar dele sempre que pude, até trazê-lo no colo, depois de adquirir um único exemplar da safra 2002 no freeshop de Santiago. Na Super Adega, a safra 2013 está disponível por R$ 979, a garrafa, e a de 2014, só virá em março, informa Daniel.
Tudo isso vem a propósito do lançamento do Almaviva 2014, segunda-feira, no Rubaiyat, para poucos degustadores. Lá, ficamos sabendo que a próxima safra está “muito equilibrada”, na opinião do enólogo francês Michel Friou, que, desde 2007, comanda toda a produção do premiado tinto andino. A degustação incluiu ainda o 2009 e o 2001. Numa contenda dificílima, o sommelier da casa, Maico Douglas preferiu o 2001. A porcentagem de uvas varia pouco: o corte do Almaviva 2013, por exemplo, leva 72 % de Cabernet Sauvignon, 19% Carmenère, 2% Cabernet Franc, 6% Petit Verdot e 1% Merlot.
Três Perguntas/Michel Friou
“A Cabernet Sauvignon segue e seguirá por muito tempo como a cepa mais importante do Chile!”
Desde a primeira safra, em 1996, o Almaviva nunca recebeu menos de 90 pontos de Robert Parker e da Wine Spectator. A avaliação pesa muito na hora de elaborar um superpremium?
Penso claramente que o mais importante em Almaviva tem sido as bases do projeto fazendo uma joint venture entre duas grandes vinícolas Vina Concha y Toro e Château Mouton Rothschild, com o objetivo de produzir um grande vinho no Chile sob o conceito de château, juntando a expertise e a tradição francesa com a grande qualidade do terroir chileno de Puente Alto. Ainda que as pontuações sejam importantes, o objetivo de Almaviva é ter foco na qualidade.
No Brasil, os chilenos lideram o ranking dos vinhos importados, mas o preço médio por caixa é o mais baixo entre os concorrentes. O apelo não pode ser apenas preço. Há alguma preocupação no Chile em elaborar vinhos diferenciados sem excessos de madeira?
Sim. Claramente há uma preocupação em produzir vinhos mais frescos e mais frutados com mais expressão e características dos distintos terroirs.
Carmenère foi a grande novidade do Chile no século passado. Qual a próxima uva a se destacar?
Podemos falar da Carignan, mas com mesclas mais mediterrâneas, como ocorreu com a Carmenère e cepas bordalesas. No entanto, a Cabernet Sauvignon segue e seguirá por muito tempo como a cepa mais importante do Chile!