Nada mais saudável e até lúdico que crianças na cozinha. Para que elas tenham uma relação feliz e leve com a comida, é preciso descomplicar os processos de elaboração dos alimentos. Quem afirma é a chef Marcela Ferro, formada em gastronomia pela Unieuro, que há mais de 10 anos dá aulas para crianças na escola Seriös (902 Sul). Lá, ela procura introduzir o aluno no mundo da alimentação transmitindo o conhecimento dos fundamentos da cozinha e trabalhando com as características sensoriais da nutrição na aceitação do alimento.
Como aroma, sabores, texturas e cores que são passados naturalmente à medida que as crianças aprendem a desenvolver os sentidos executando uma receita, por exemplo. “A reflexão a respeito da origem, das características e da quantidade de cada alimento estimula e fornece argumentos para as futuras escolhas alimentares da criança”, afirma Marcela.
Pertencente a uma família dedicada toda ela ao magistério, a futura chef optou por outra profissão, mas não conseguiu escapar do destino familiar. “Eu ainda cursava gastronomia quando minha irmã sugeriu que desenvolvesse um projeto de aulas para criança. Foi o que fiz, mesmo sem ter curso de pedagogia, e durante um ano ofereci minha proposta para muitos estabelecimentos de ensino, mas nenhum se interessou. Tempos depois recebi chamado do Seriös, que estava começando um ensino em tempo integral com aulas interativas com várias possibilidades de criação”, argumenta a chef.
Mão na massa
Casada com o também chef Victor André, que comanda as cozinhas do Brasil 21, Marcela dispõe de um ateliê culinário montado na casa dos pais, no Setor de Mansões Dom Bosco, onde cria receitas fáceis para executar com a petizada, inclusive o filho Henrique de dois anos, que já tem seus gostos. Até crianças com menos idade podem participar da experiência, como Fenris Marques, de um ano e um mês, que no último domingo, meteu a mão na tigela de massa sempre sorrindo. Mais alegre o menino ficou quando pode comer o waffle recheado de queijo acompanhado de frutas.
Já na escola de 400 alunos, a gastronomia faz parte do módulo ACT, que significa Arte, Cultura e Tecnologia, na qual as aulas tem 45 minutos até o 5º ano e uma hora e meia do 6º ao 9º ano, uma vez por semana no horário entre 8:15 e 16h. Todos participam das atividades, que incluem práticas de plantio na horta.
Na turma do quarto ano, Lara Gelsi e Guilherme Teixeira, ambos de nove anos e Augusto Ferreira, de 10, como também Emmanuelle Lyra, que está no 5º ano, prepararam sozinhos uma receita de omelete, desde quebrar os ovos dentro de um bowl, bater e misturar até picar o tomate com faca. Já sabem acender o fogão elétrico e cozinhar em fogo brando a mistura na frigideira. São obrigatórios o uso de avental e a lavagem dos utensílios usados depois que terminou a aula vem a melhor parte: a degustação do quitute.
Dicas
Para você cozinhar em casa com crianças, a primeira coisa a fazer é separar um espaço na cozinha para ela, combinando que será respeitado e deverá ser mantido limpo e organizado. Também deverá reforçar hábitos de higiene, como lavar as mãos e prender os cabelos. As crianças amam brincar com a água. Escolha a receita com a criança, de acordo com a idade e fase de desenvolvimento. Separe todos os ingredientes e deixe à mão na bancada, ensina Marcela.
Estimule os pequenos a explorar os ingredientes sentindo suas texturas e aromas, permitindo que eles experimentem ao longo da atividade. Quanto menor a criança, menos etapas e menos ingredientes, daí a receita ser simples para que ela não perca o foco. O momento de cozinhar com crianças deve ser cheio de diversão e alegria, por isso deixe a exigência e a perfeição para lá. Se acontecerem erros, divirta-se com eles, recomenda a especialista.