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Votação presencial na Câmara mostra que Maia não tem mais tanto poder

Coluna Brasília-DF

A decisão da Mesa Diretora da Câmara, de fazer a eleição para a Presidência da Casa de forma presencial, é vista nos bastidores como um sinal forte de que o atual comandante, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não tem mais tanto poder de mando de campo. Porém, não significa que a situação não está ganha para o líder do PP, Arthur Lira (AL), na disputa para suceder Maia.

A pressão do Centrão pela votação presencial, avaliam aliados de Lira, é uma demonstração de que o PP teme as traições e quer a segurança da disputa olho no olho, pois alguns ficam constrangidos em trair o partido. A menos de duas semanas do pleito, qualquer deslize pode atrapalhar a estratégia de definição no primeiro turno.

CPI, o primeiro teste

A afirmação de Rodrigo Maia de que será preciso uma grande investigação para apurar responsabilidades pela trágica situação da pandemia no Brasil indica que este será o primeiro desafio do futuro presidente da Câmara. O governo, dizem alguns aliados do presidente Jair Bolsonaro, espera contar com Arthur Lira para barrar qualquer investigação.

Por falar em responsabilidades…

A Mesa Diretora da Câmara que, agora, encerra o mandato correrá o risco de começar o ano legislativo sob a acusação de irresponsabilidade sanitária por causa da votação presencial para escolha do novo presidente da Casa. Já tem gente pedindo estudos para rever se é possível entrar na Justiça em favor da votação remota, de forma a impedir aglomeração no plenário.

Blefar para desviar…

Com a vacina na ordem do dia, Bolsonaro voltou a dizer que os militares é que “decidem se um povo viverá na democracia ou na ditadura”. A afirmação, que não encontra eco na cúpula das Forças Armadas, foi vista como mais uma forma de sair do foco da crítica em relação às vacinas que ele não queria comprar e tentar retomar a polarização com o PT.

… e mudar o adversário

Bolsonaro ainda perguntou a apoiadores como estariam as Forças Armadas se Fernando Haddad, do PT, fosse eleito em 2018. Tudo para retornar ao ringue onde venceu, na última eleição, e tirar o governador de São Paulo, João Doria, da cena da vacina, onde o tucano está nadando de braçada.

Muita calma nessa hora/ Os bolsonaristas avaliaram a pesquisa da XP, que mostrou uma subida de 35% para 40% no índice de ruim e péssimo do governo, como algo que não deve preocupar neste momento. Isso porque, ao contrário de Donald Trump, que terminou atropelado pelo negacionismo em meio à pandemia, Bolsonaro ainda tem um ano e meio para se recuperar.

Tudo anotado/ Os tucanos vão reforçar que foi o acordo costurado por Doria com o laboratório Sinovac que permitiu a compra das doses da CoronaVac — aquela que Bolsonaro disse, em outubro, quando o ministro Eduardo Pazuello anunciou que compraria 46 milhões de doses: “a vacina chinesa de João Doria não será comprada”. Agora, Bolsonaro diz que a vacina não é de nenhum governador, é do Brasil.

O que teme Pazuello/ A modulação do discurso do ministro da Saúde ao dizer que jamais falou em “tratamento precoce” e, sim, em “atendimento precoce” é para evitar um chamamento à responsabilidade, que já está em análise na Procuradoria-Geral da República. Vale o mesmo para o governador do Amazonas, Wilson Lima.

Denise Rothenburg

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