Os desafios do segundo turno das eleições

Publicado em coluna Brasília-DF

A final entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) obrigará ambos a deixarem mais claros seus projetos econômicos e sociais. O petista contava com a vitória na primeira rodada, jogando praticamente parado, colocando-se como o “fiador da democracia” e sem detalhar seu programa. Ainda assim, conseguiu ampliar em 25 milhões o desempenho e quase chegou ao total de 57 milhões de votos que Bolsonaro obteve no segundo turno em 2018. Mas só isso não basta: agora terá que detalhar seu programa.

Bolsonaro, por sua vez, obteve um milhão de votos além do que conquistou no primeiro turno de 2018. Seus aliados acreditam que poderia ter tido mais, se as pesquisas tivessem acertado o percentual de votos em favor dele, por exemplo, em São Paulo.

Agora, há quem diga que terá que assinar um compromisso com a democracia, detalhar projetos para os próximos quatro anos e mobilizar toda a tropa que elegeu 14 senadores e 101 deputados do PL para pedir votos em seu favor Brasil afora — especialmente em Minas Gerais. E, para não quebrar a onda favorável dos últimos dias, a ordem entre seus apoiadores é começar hoje.

Os cálculos de Valdemar da Costa Neto

Com o PL detentor da maior bancada do Senado e da Câmara, o comando do partido não tem mais dúvidas de que jogou certo ao acolher Bolsonaro. Agora, avalia, seja quem for o presidente da República, terá que negociar com a legenda. Afinal, 101 deputados é algo que há tempos nenhuma legenda atingiu, ainda mais sem coligação.

Melhor de dois
O PL, porém, acredita que sua situação será muito mais confortável com a reeleição de Bolsonaro, que não pretende chegar detonando o poder dos congressistas sobre o Orçamento da União. Lula, ao contrário, já disse que deseja retomar esse controle. Diante dessa premissa, a bancada pretende ajudar a reeleição do presidente.

Alckmin deixou a desejar
Os petistas viam no ex-tucano Geraldo Alckmin um diferencial que deveria ajudar em São Paulo. Nas suas conversas mais reservadas, os petistas dizem que essa ajuda não veio. O desafio agora, dizem alguns, será o ex-governador atrair o PSDB de Rodrigo Garcia.

E o Kassab, hein?
Com Tarcísio de Freitas liderando a disputa neste segundo turno, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, tende a ficar fora da eleição nacional. Vai se concentrar em São Paulo. Quanto à Presidência da República, cada um que cuide de si.

Batman versus Super-Homem/ Em Alagoas, o senador Renan Calheiros (MDB) elegeu Renan Filho para o senado e Arthur Lyra (PP) foi o mais votado para a Câmara dos Deputados. Agora, cada um fará campanha aberta para o seu candidato a presidente. Lyra, Bolsonaro; Renan, Lula.

Santo de casa/ O PP do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e de Lyra terá 47 deputados em 2023. Isso significa que, se quiser manter a presidência da Câmara, terá que fechar uma negociação na ponta do lápis com o vitorioso PL de Valdemar da Costa Neto.

A maldição de Michelle/ Ana Cristina Vale, que se apresentou como Cristina Bolsonaro, não chegou a 2 mil votos. A mãe de Jair Renan, o Zero Quatro, não ficou nem na suplência. E, das apostas do PL, a única que não obteve sucesso foi Flávia Arruda no Distrito Federal, que concorria contra Damares Alves, a candidata da primeira-dama.

Por falar em Michelle…/ Neste segundo turno, a mulher de Bolsonaro deverá ter uma agenda diferente do presidente, em busca das mulheres, especialmente, as nordestinas ligadas às igrejas evangélicas.

O porta-voz da Lava Jato/ A coleção de dissabores do PT neste primeiro turno incluiu a vitória do procurador da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, como o mais votado no Paraná, deixando em segundo lugar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Em conversas reservadas, a turma dos lavajatistas diz que Gleisi pode se preparar para duros embates no plenário, na linha de “Lula não foi inocentado”.

Na reta final das eleições, candidatos radicalizam ataques

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza

A poucos dias da eleição, os presidenciáveis elevaram o tom da disputa e partiram para ataques pessoais e agressivos. “Mentiroso” e “nazista” são alguns dos termos empregados pelos concorrentes, que deixaram de lado qualquer decoro nesta reta final da campanha. É natural que, com a proximidade da hora decisiva, os ânimos fiquem exaltados. Mas, considerando-se os prognósticos da maioria das pesquisas eleitorais, a refrega presidencial parece se concentrar em torno de um percentual ínfimo de votos, que seriam provenientes de eleitores que não pretendem votar em Lula nem em Bolsonaro. É a tal busca pelo voto útil.

A radicalização pouco contribui para uma escolha consciente neste 2 de outubro. Espinafrar o adversário não parece ser a melhor estratégia para conquistar alguns votos adicionais. Mas os candidatos demonstram que vão intensificar os ataques. Essa situação não costuma trazer bons resultados. Votar com o fígado não é boa solução. O Brasil está pagando caro — vide os casos de violência política — por causa da polarização política. Enquanto os políticos insistirem em táticas de guerra para vencer nas urnas, eleitores continuarão a ver como inimigo aquele que pensa diferente ou tem preferência por outro candidato.

Fake áudio

O ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mandou excluir uma série de publicações com áudio falso do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que sugere que o petista queria assassinar Antônio Palocci, ex-ministro da Casa Civil no governo Lula. As publicações suspensas estão no Twitter, Facebook, YouTube, TikTok, Kwai e Gettr, além de sites de apoiadores do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). Entre os posts impugnados estão tweets dos perfis do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do cantor Roger Moreira, do Ultraje a Rigor.

Outros tempos
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa gravou um vídeo no qual manifesta apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A gravação será veiculada pela campanha do petista. Barbosa foi indicado por Lula em 2003 ao STF. Anos depois, foi relator da ação penal 470, que trouxe a público o escândalo do mensalão.

Queixa recebida
Por maioria, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu a queixa-crime apresentada pelo ministro Luís Roberto Barroso contra o ex-senador Magno Malta pelo crime de calúnia. Em junho, Malta disse falsamente que o ministro “batia em mulher” e respondia a dois processos por isso. Logo após a fala, Barroso declarou, em nota oficial, que foram feitas em 2013 falsas acusações, já arquivadas, e que não havia veracidade na declaração do ex-senador. O STF acompanhou o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, que considerou presentes os requisitos para o recebimento da queixa.

Guerra dos 100 anos
Enquanto o governo Bolsonaro impõe sigilo de 100 até às visitas à primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-presidente Lula promete jogar luz sobre os segredos no Planalto. “Vou acabar com o sigilo dele no primeiro mês. Ele fez o decreto do sigilo e vou decretar o fim”, disse o ex-presidente.

A receita de Alckmin
O vice-candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSB) afirmou ontem que o agronegócio brasileiro precisa de acordos internacionais para não ficar dependente da China. Disse também que o país necessita de produção nacional de fertilizantes para não depender de empresas instaladas no Canadá, na Noruega e na Rússia. Alckmin tem sido uma ponte para aproximar Lula do agronegócio, segmento que, majoritariamente, apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Tem uma questão muito séria que foi a maneira como o Lula tratou a herança recebida pelo governo FH. Ele diz que foi uma herança maldita. Não adianta ele levar o Geraldo Alckmin e continuar dizendo que pegou um Brasil destruído, porque não é verdade. Isso é um desrespeito com todo mundo que trabalhou no Plano Real”
Elena Landau, economista da campanha de Simone Tebet (MS)

Partidos monitoram, nos estados, eleição para deputados federais

Publicado em coluna Brasília-DF

Os partidos começam a prestar mais atenção na eleição para deputado federal, tanto no Ceará quanto no Maranhão, onde concorrem, respectivamente, o ex-senador Eunício Oliveira e a ex-governadora Roseana Sarney, ambos do MDB. É que tanto Roseana quanto Eunício são vistos no partido como dois nomes que têm tudo para conseguir uma vaga no Parlamento e surgirem como potenciais adversários de Arthur Lira, o atual presidente que busca a reeleição para a Câmara de olho no comando da Casa por mais dois anos.

Alguns petistas dizem em conversas reservadas que, caso Lula seja eleito presidente, será preciso ceder a Câmara para algum aliado. No PP, os petistas têm Aguinaldo Ribeiro (PB), mas o MDB lulista “é mais parceiro” e, no partido, Roseana teria a preferência. A musa do impeachment de Fernando Collor, em 1992, e filha do ex-presidente José Sarney, que acompanhou Lula até São Paulo, quando o ex-presidente passou a faixa presidencial em 1º de janeiro de 2011, será um nome forte da articulação política para 2023. Aliás, seja quem for o futuro presidente da República, a ex-governadora é um nome a ser acompanhado de perto.

O que eles pensam

Presidentes de partido começam a avaliar que o melhor dos mundos será mesmo um segundo turno. É que, se o PT de Lula levar no primeiro, a tendência é o partido considerar que pode prescindir de muitos apoios para governar.

O histórico preocupa
Lula não é Dilma, está longe disso, entende a política. Mas ninguém tira da cabeça que, em 2014, quando a então presidente foi reeleita, seu primeiro discurso e atitudes desconsideraram a divisão do eleitorado, à época entre PT e PSDB. Essa divisão continua, só mudaram os atores.

Imagem é tudo
A viagem de Jair Bolsonaro ao funeral da Rainha Elizabeth II vem sendo criticada pelos adversários com referências à ausência do presidente em cerimônias fúnebres de brasileiros vítimas da covid no auge da pandemia. Aliados do presidente, porém, consideram que o que vale nesta passagem por Londres é a presença entre os maiores líderes mundiais e a foto com o Rei Charles III. O resto será narrativa de um lado e de outro.

Estratégias
Candidato ao governo de São Paulo e já vendo o governador-candidato Rodrigo Garcia se aproximando na pesquisa do Datafolha, Tarcísio de Freitas (Republicanos) continuará com sua campanha colada no presidente Jair Bolsonaro. Rodrigo, porém, não faz o mesmo em relação a Simone Tebet (MDB). É que, para ultrapassar Tarcísio, Rodrigo precisará de votos de eleitores que tendem a optar por Bolsonaro.

Ela conquistou os policiais/ Quem mais empolgou os delegados da Polícia Federal foi Vera Lúcia, a candidata à Presidência da República pelo PSTU. Ela não só defendeu a autonomia administrativa e financeira da corporação como disse, também, que o diretor-geral deve ser escolhido por eleição direta entre os delegados. Só tem um probleminha: a candidata é praticamente traço nas pesquisas.

Às ruas!/ Os petistas do Distrito Federal tomaram espaços públicos da cidade ontem. O partido apostará no empenho dos militantes para tentar mostrar força no “Quadradinho”, onde Jair Bolsonaro lidera.

Duas semanas de tensão/ Quem faz pesquisa qualitativa tem observado um movimento muito maior no eleitorado do que aquele captado pelas pesquisas quantitativas. Nada está tão consolidado quanto tem aparecido, inclusive o segundo turno.

Por falar em pesquisas…/ Com tantos institutos, leia-se empresas, pesquisando o que pensa o brasileiro, os números estão para lá de discrepantes no quesito diferença de voto entre Lula e Bolsonaro. Algumas campanhas fizeram uma avaliação e apontaram que a diferença entre os dois que lideram as pesquisas varia de 15 pontos percentuais, no caso do Ipec, a 3,1 pontos, número da Paraná Pesquisas.

PT apostará nos eleitores de Simone Tebet para o primeiro turno

Publicado em coluna Brasília-DF

O PT apostará tudo, agora, nos 5% de Simone Tebet (MDB) nas pesquisas para tentar fechar a eleição em primeiro turno. Caso não consiga — e a tendência é ter segundo turno —, Luiz Inácio Lula da Silva espera contar com o apoio da emedebista no mano a mano contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). A expectativa petista é de que Simone não repita o que fez Ciro Gomes (PDT), na eleição passada, que, ao se ver fora do segundo turno, voou para Paris. A senadora, até aqui, tem dito que não apoiará nem um, nem outro.

Só tem um detalhe: a leitura dos petistas é a de que Simone tem atacado Bolsonaro e preservado Lula. Por isso, a aposta geral é a de que ela apoiará o petista. Se não o fizer, uma parte do MDB investirá para que ela adote esse caminho. Simone, até aqui, porém, só tem uma certeza: se não estiver no segundo turno, sairá desta campanha muito maior do que entrou.

Ei, você aí…

A campanha de Bolsonaro distribuiu uma cartilha via WhatsApp para orientar o eleitorado como doar recursos ao candidato à reeleição. A vaquinha eleitoral é considerada fundamental para essa reta final.

Quem confia?
A avaliação de que “o dinheiro acabou” — feita há alguns dias, reservadamente, pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e recentemente reforçada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) —, é vista com desconfiança por muitos aliados. Há muita gente dizendo que Costa Neto quer é tirar a turma do PL da sua antessala, onde não são poucos os candidatos que aguardam pacientemente uma audiência em busca de recursos.

Enquanto isso, no PP…
Com um partido menor do que o PL, o Progressistas do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, está mais controlado no quesito recursos financeiros. Há quem agradeça aos céus pelo fato de Bolsonaro ter escolhido o PL. Assim, sua turma foi para lá e o PP terminou poupado, pelo menos em parte, da guerra pelo dinheiro.

Sai, mas fica
Embora Bolsonaro tenha dito, em entrevista ao podcast Collab, que, se perder a reeleição, estará fora da política, seus mais fiéis escudeiros não acreditam. Primeiro, Flávio Bolsonaro tem mais quatro anos de mandato no Senado e Eduardo Bolsonaro tem tudo para se reeleger deputado por São Paulo. E, até aqui, é o presidente quem mobiliza a direita. Enquanto não aparecer outro líder que fale diretamente com esse segmento do eleitorado, Bolsonaro será chamado pelos seus apoiadores a continuar exercendo esse papel.

Assunto encerrado/ Ao aprovar o teste de biometria nas urnas proposto pelas Forças Armadas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quer colocar um ponto final nas discussões sobre a votação eletrônica. Os ministros da Corte dizem que este tema agora está definido.

Para poucos/ Na cerimônia do funeral da rainha Elizabeth II, só entrarão os chefes de Estado e de governo e suas mulheres. Logo, alguns ministros, como o da Casa Civil, Ciro Nogueira, por exemplo, decidiram seguir direto para Nova York, onde o presidente abre a Assembleia Geral da ONU.

Por falar em viagem…/ O presidente ficará fora do Brasil por, pelo menos, três dias. Mas não fora da internet. Enquanto isso, Lula vai ao Sul do país, inclusive Santa Catarina, onde algumas pesquisas dão a vantagem a Bolsonaro.

E as pesquisas, hein?/ O Ipec deu esperança a Lula de uma vitória no primeiro turno. O Instituto Paraná apontou empate técnico entre Lula e Bolsonaro. A campanha segue seu curso e o que vale é a urna de 2 de outubro.

Poder de mobilização nas ruas pode ser sinal de um “terceiro turno”

Publicado em coluna Brasília-DF

Já no finalzinho da entrevista ao CB.Poder, ontem, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deu a senha para, se for o caso, reclamar do resultado. Ele disse, com todas as letras, que se depois do 7 de Setembro, com o que viu nas ruas — em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais —, “acho que está decidida a eleição no primeiro turno. Não tem explicação o outro lado ganhar”.

Em tempo: entre advogados eleitorais, ficou a desconfiança de que a frase indica um terceiro turno, em caso de um resultado desfavorável. E com gente na rua a favor do presidente. Afinal, a contar pelo que se viu de mobilização popular, Bolsonaro, ganhando ou perdendo, mostrou que lidera e que seus apoiadores atendem ao seu chamado.

“Bazuca”

É assim que os advogados de Bolsonaro tratam a Aije — Ação de Investigação Judicial Eleitoral —, que o PDT apresentou contra o presidente-candidato em relação aos atos de 7 de Setembro. A aposta é a de que o caso só seja resolvido depois do pleito. E se Bolsonaro perder a eleição e, posteriormente, a Aije, pode ficar inelegível por oito anos.

A vingança é um prato…
… que se come frio. Para alguns petistas, a estratégia está clara: se Luiz Inácio Lula da Silva foi preso e, por isso, não pôde ser candidato em 2018, Bolsonaro não poderá ser candidato em 2026, se perder essa ação lá na frente.

O que une os partidos
Se tem algo que a maioria dos políticos concorda com Bolsonaro naquilo que se refere ao Supremo Tribunal Federal (STF) é nas críticas ao excesso de decisões monocráticas. É no sentido de coibir essas decisões que muitos querem agir no próximo ano.

Enquanto isso, no Parlamento…
Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conversaram sobre a ausência do presidente à solenidade do Congresso, em homenagem ao Bicentenário. Bolsonaro meio que se desculpou pela ausência, mas foi claro: o 7 de Setembro foi na quarta-feira.

Técnicos/ No intervalo da entrevista, o ministro da Justiça, Anderson Torres, e a ex-ministra Flávia Arruda se aproximaram do presidente para passar os dados sobre segurança e apoio às mulheres.

Por falar em técnicos…/ A ordem na campanha de Bolsonaro é comparar o lucro das estatais e os ministros. A avaliação da equipe é a de que não há imagem mais forte do que um ministro da Fazenda delatando um presidente, tal como Antonio Palocci fez com Lula.

Homenagens à rainha I/ Na homenagem à rainha Elizabeth II, Lula tratou de mostrar a amplitude internacional de seu antigo governo, citando os acordos que promoveu. Foi ainda uma forma de rebater as acusações dos opositores de que só se relacionava bem com ditadores ou presidentes com viés de esquerda.

Homenagens à rainha II/ A presença de Bolsonaro nos funerais da rainha dependerá da agenda de viagens. Nesta reta final de campanha, o único compromisso fora do Brasil é a abertura da Assembleia Geral da ONU, no próximo dia 20.

Presidente Jair Bolsonaro obteve um dia inteiro de transmissão ao vivo

Publicado em coluna Brasília-DF

A contar pela pressa de seus adversários em ações judiciais para que o presidente-candidato Jair Bolsonaro (PL) seja proibido de exibir as imagens dos eventos do 7 de Setembro no horário eleitoral gratuito, e investigado por uso da máquina, a estratégia da campanha reeleitoral funcionou. Bolsonaro obteve um dia inteiro de transmissão ao vivo para os eventos híbridos, ou seja, solenidades oficiais seguidas de atos de campanha. Chamou Luiz Inácio Lula da Silva de “quadrilheiro de nove dedos”, e repetiu a frase do ex-governador Geraldo Alckmin, hoje candidato a vice na chapa do petista, sobre o PT voltar “à cena do crime”. E, por tabela, viu seus apoiadores tomando as ruas por todo o país em volumes para lá de expressivos. Sua equipe de campanha estava eufórica com o saldo da mobilização e saiu convencida de que a eleição caminha para o segundo turno.

Em tempo: entre os petistas, há quem, olhando pelo retrovisor, calcule que tenha sido um erro Lula não ter preparado uma agenda para este 7 de Setembro. Há quem diga que ele deveria ter ido, por exemplo, ao Rio Grande do Norte ou à Bahia, estados governados pelo PT. Ciro Gomes (PDT), por exemplo, fez uma movimentação em Ouro Preto (MG), e Simone Tebet (MDB), em São Paulo.

Seguiu o script
Não eram só os marqueteiros que estavam eufóricos com o saldo do 7 de Setembro em favor de Bolsonaro. A coordenação jurídica da campanha considera que o presidente fez tudo o que foi acertado para evitar conflito com o Poder Judiciário.

Questão de sobrevivência I

De olho nas pesquisas em Alagoas que apontam Lula na liderança, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), preferiu guardar distância de Bolsonaro. A 25 dias das eleições, a ordem é não correr riscos. De quebra, ele deseja ainda concorrer a um segundo mandato no comando da Câmara, independentemente de quem seja o futuro presidente da República.

Questão de sobrevivência II
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), também preferiu ficar distante, porque aposta no papel de pacificador do país logo após as eleições. Pacheco é do PSD, partido de Gilberto Kassab, que ficou neutro justamente para seguir neste papel.

À la Zema
A candidata do MDB, Simone Tebet, olha com esperança para o que ocorreu com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), na eleição de 2018. Em 8 de setembro, ele tinha 5% das intenções de voto e venceu. Por isso, a presidenciável acredita que a eleição está em aberto.

Reforço/ O resultado do plebiscito sobre a nova Constituição do Chile servirá de argumento para que os bolsonaristas continuem questionando as pesquisas de intenção de voto no Brasil. Lá, as sondagens indicavam 46% contra a nova Carta. O resultado final foi de 62% contra, ou seja, 16 pontos percentuais a mais.

A visão dela/ Presente à solenidade do 7 de Setembro e ao comício de Bolsonaro, logo depois, em cima de um caminhão de som, a deputada Bia Kicis (PL-DF) não viu nada demais no fato de o presidente comparar as primeiras-damas. “Ué, ele não pode elogiar a própria mulher?”, reagiu.

Enquanto isso, em São Paulo…/ Sem a presença de Bolsonaro, quem aproveitou o embalo na Avenida Paulista foi o ex-ministro Tarcísio de Freitas, candidato ao governo local. Lá, conforme avalia o cientista político Leonardo Barreto, está em aberto quem irá para o segundo turno contra o petista Fernando Haddad, que lidera a disputa — se Tarcísio ou o governador-candidato, Rodrigo Garcia, do PSDB.

Por falar em PSDB…/ Em caso de derrota do governador paulista, os tucanos fecharão seu ciclo de poder no estado, comprometendo, inclusive, a bancada no Parlamento. É em São Paulo que o partido tem seu berço político, daí a preocupação geral.

Mais pobres serão alvos preferenciais de Lula e Bolsonaro

Publicado em coluna Brasília-DF

Passado o primeiro debate, as campanhas se voltam para os mais pobres, que demonstram preferência por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na tevê, Jair Bolsonaro (PL) manterá a estratégia de colar o Auxílio Brasil no valor de R$ 600, e o Bolsa Família nos R$ 192. Os bolsonaristas registraram, ainda, a forma como o PT abordou o benefício no horário eleitoral gratuito esta semana e ficaram com a impressão de que estão no caminho certo, uma vez que o programa petista de rádio desta semana foi dedicado a este tema, com o locutor dizendo que apenas Lula manterá o valor de R$ 600. O petista, aliás, terá outras inserções com referência aos programas sociais de seu governo. O estica e puxa pelos mais pobres e por obras continuará até o final da eleição.

Essa disputa por programas e projetos de governo é mais um ponto que tira de Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (UB) e Felipe D’Ávila (Novo) a perspectiva de quebrar a polarização. Mas nenhum deles desistirá no meio do caminho.

Tudo em paz

Os filmes publicitários e as inserções da campanha pela reeleição de Bolsonaro conseguiram apaziguar os diferentes núcleos: político, ideológico e a própria comunicação. Os vídeos mais elogiados pelas três instâncias são o da primeira-dama Michelle Bolsonaro sobre a água, e o do próprio presidente falando do Pix. A criação, o roteiro e a direção dos comerciais são do marqueteiro Duda Lima.

Ranking de corrupção
O PT ainda não definiu como vai explorar a compra de imóveis com dinheiro vivo pela família Bolsonaro, conforme notícia publicada pelo site Uol. Uma ala do PT tem o receio de que muitos ataques nessa seara coloquem novamente em campo a delação de Antonio Palocci, altamente explorada pelos bolsonaristas nas redes sociais, e vire um tiroteio de quem é “o menos pior” nessa seara.

Por falar em receio…
O crescimento de cinco pontos de Cláudio Castro (PL) na pesquisa Ipec para o governo fluminense fará com que o PSB aumente a pressão para que Lula tenha mais agendas no Rio de Janeiro.

A chave para subir…
A análise do cientista político Alberto Almeida sobre a pesquisa CNT/MDA desta semana relaciona a melhoria da avaliação do governo Bolsonaro à redução da distância entre o presidente e Lula na corrida eleitoral. Almeida lembra que, de fevereiro para cá, a consulta CNT/MDA detectou que o ótimo e bom do governo medido pela mesma pesquisa subiu de 26% para 33%. O mesmo instituto mostrou que, em fevereiro, Lula estava 14 pontos à frente de Bolsonaro. Hoje, essa diferença caiu para oito pontos.

…é o governo
Em seis meses, a avaliação positiva do governo subiu sete pontos e a diferença entre Lula e Bolsonaro caiu para seis pontos. Alberto Almeida conclui: “A avaliação do governo será o fator preponderante para definir a eleição daqui a 32 dias”.

PSD dividido em Minas/ O ministro da Agricultura, Marcos Montes (PSD), avisa que não fará campanha para o candidato de seu partido ao governo do estado, Alexandre Kalil. “O rumo que ele tomou nos tira da campanha dele”, diz, referindo-se à aliança com o PT.

Carreira solo/ O Republicanos de Damares Alves tem dedicado seus programas eleitorais na tevê à ex-ministra. Ela aparece, inclusive, no programa dos candidatos a deputados federais do partido. Já o governador Ibaneis Rocha, que tem o apoio do partido, não é sequer citado. Damares tem como suplente Manoel Arruda, do União Brasil.

Por falar em União Brasil…/ O partido de Manoel Arruda tem Soraya Thronicke como candidata a presidente. Ela será a entrevistada de hoje no CB.Poder, logo após o horário eleitoral gratuito do início da tarde.

Aliados avaliam que Bolsonaro se saiu melhor do que o esperado

Publicado em coluna Brasília-DF

Terminada a entrevista do presidente-candidato Jair Bolsonaro ao Jornal Nacional, apoiadores do chefe do Executivo separaram a gravação para uma pesquisa qualitativa, a fim de saber a impressão dos eleitores de vários segmentos sociais sobre o que foi discutido nos 40 minutos. Eles querem ver se confirmam as suspeitas de que os entrevistadores ultrapassaram a mesma linha fina que, em 1998, Cristovam Buarque cruzou num debate com Joaquim Roriz, que terminou “vitimizado” e ganhou pontos.

A avaliação geral, logo depois da entrevista, foi de que ele se saiu melhor do que seus apoiadores imaginaram. No que interessa à população, os mais críticos de seus simpatizantes consideraram que ele foi seguro ao dizer que não faltou vacina e que criou um auxílio para evitar que as pessoas morressem de fome na pandemia, esquivando-se muito bem de perguntas que tentavam obter como resposta a admissão de que cometeu algum erro. Quanto ao meio ambiente, porém, assessores consideram que ainda é o calcanhar de Aquiles e um tema que, nos próximos dias, a campanha pretende trabalhar melhor.

A “colinha” …
O que estava escrito na mão do presidente não era bem uma “colinha” de quatro palavras. Nicarágua, Argentina e Colômbia, governos de esquerda que ele, se tivesse tempo, citaria para atacar a esquerda, como fez em outras ocasiões.

…e o recado de Bolsonaro
O quarto nome era Dario Messer, “o doleiro dos doleiros”, preso em 2019, que disse ao Ministério Público do Rio de Janeiro ter feito repasses à família Marinho, dona das Organizações Globo. Ficou ali, para o caso de, durante a entrevista, alguém querer ligar o governo à corrupção.

Volte uma casa

O PT cogitou uma “retratação” de Lula por causa da frase: “Quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, não dentro de casa ou no Brasil”, dita durante comício no fim de semana. Até as 20h de ontem, a resposta tinha ficado a cargo da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que divulgou em suas redes sociais que o que vale é a prática e não uma frase mal colocada.

A roupa conta/ O ex-presidente Lula trocou a roupa mais informal pelos ternos na maioria dos compromissos de campanha. Foi assim, por exemplo, com a entrevista aos jornalistas estrangeiros. O ar mais presidencial será usado.

Caiu na rede I/ Depois de soltar um “Flávio, por favor, desintoxica” para o empresário Flávio Rocha, dono da Riachuelo, Ciro Gomes ganhou nas redes o apelido de “Ciro detox”. Os pedetistas gostaram: “Melhor do que tchuchuca do Centrão”, comentaram aliados de Ciro.

Caiu na rede II/ Faltando menos de uma hora para o início da entrevista ao Jornal Nacional, o senador Flávio Bolsonaro postou em suas redes o “Bolso Jackson”, com o presidente Jair Bolsonaro saindo do estúdio do JN e se transformando em Michael Jackson, com a música Billie Jean.

Homenagem a Grossi/ O advogado José Gerardo Grossi recebeu uma homenagem póstuma, ontem, com o lançamento de um livro na Trattoria da Rosário. Organizado por Nilo Batista, a publicação traz vários artigos sobre a advocacia de Grossi, sob o título José Gerardo Grossi — alguma advocacia.

Lei da Improbidade leva partidos a reavaliar candidaturas

Publicado em coluna Brasília-DF

Os advogados eleitorais de candidatos que veem suas candidaturas balançarem por causa da não retroatividade da lei da improbidade avisam: o capítulo final dessa novela se dará apenas no período da diplomação. Só tem um probleminha aí: as nominatas dos partidos podem terminar prejudicadas, caso a Justiça Eleitoral casse o registro de algum candidato às eleições proporcionais. É que os votos dados a postulantes que não conseguirem o diploma terminam anulados.

» » »

Portanto, diante do risco de nulidade de votos dados a candidatos enrolados, os partidos terão de decidir se mantêm essas candidaturas e arriscam, lá na frente, perder os votos dados a esses candidatos, ou buscam quem esteja fora de perigo de naufrágio ao longo do processo.

As contas de Pacheco

Em jantar, dia desses, com os senadores do seu partido, o PSD, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e os parlamentares começaram a fazer as contas sobre as perspectivas de mais dois anos no comando da Casa. As projeções indicam que a legenda ficará maior que o MDB e, portanto, terá a prerrogativa de lançar Pacheco à reeleição como candidato oficial.

Teoria & prática
A conta, porém, não é tão redondinha assim. Em 2018, Davi Alcolumbre, que era do DEM, desancou Renan Calheiros, e seu partido tinha apenas seis senadores. O MDB, que corre o risco de ver sua bancada reduzir de 12 para oito, tem planos de voltar à Presidência do Senado.

Bolsonaro e o empresariado
O presidente Jair Bolsonaro aproveitará o evento desta semana, em São Paulo — em almoço do Grupo Esfera —, para reforçar que a economia está em fase de recuperação e que a inflação no país é, em grande parte, “importada”. Lembrará, também, que na Inglaterra, por exemplo, o índice está acima dos 10%, o maior nos últimos 40 anos.

Por onde vai Lula
O lançamento da campanha do ex-presidente Lula em São Paulo colocou de vez na roda a tentativa do PT e dos aliados de encerrar a eleição no primeiro turno. A ideia foi colocada logo no primeiro discurso da manhã, o do candidato ao Senado Márcio França (PSB).

As andanças de Moro/ Embora seja candidato ao Senado no Paraná, o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro, do União Brasil, tem andado muito por São Paulo. Por esses dias, ele esteve na capital para uma reunião com a senadora Soraya Thronicke, candidata ao Planalto pelo partido.

A mensagem da Caixa/ A campanha publicitária Caixa Pra Elas já está nas ruas. Com o conceito Uma CAIXA de Cuidado e Oportunidades Pra Elas, a comunicação é encontrada nos lugares de alta concentração da população, como rodoviárias, pontos de ônibus e, em especial, nos vagões de metrôs para mulheres e salões de beleza. Além disso, a tevê, o rádio e as redes sociais estão divulgando a iniciativa: apoio na denúncia contra a violência às mulheres e fomento ao empreendedorismo feminino.

Compensa aí/ Depois de o presidente Jair Bolsonaro lançar a sua campanha com um jingle bem sertanejo, os petistas corrigiram a “rota”. Em vez do Lula lá, o que firmou no Vale do Anhangabaú foi o jingle Lula é o cara, numa mistura de sertanejo com axé.

E na semana do JN…/ Os bolsonaristas espalharam pelo WhatsApp a ideia de dar audiência à entrevista do capitão ao Jornal Nacional, o telejornal mais tradicional do país, e, nos dias dos demais candidatos, desligar as tevês.

 

O esforço do PP para segurar Bolsonaro

Publicado em coluna Brasília-DF

Integrantes do Partido Progressista estão cada dia mais empenhados em evitar estragos na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Contudo, a avaliação de alguns é de que “estão enxugando gelo”, porque há um grupo no entorno de Bolsonaro que insiste no debate sobre a urna eletrônica. Nesse sentido, até 2 de outubro, data da eleição das bancadas, os partidos vão empurrar essa tensão. Num segundo turno, porém, a história será diferente: ou o presidente segue a cartilha mais alinhada, com a recuperação da economia, ou o risco de abandono será grande, uma vez que deputados e senadores já estarão eleitos.

Da parte dos integrantes da ala política do governo, a ordem é virar essa página. É o que tem feito o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Em seminário sobre o Equilíbrio entre os Poderes, promovido pelo grupo Esfera, em São Paulo, ele ressaltou o caráter de maturidade das instituições, com Bolsonaro, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer presentes à posse de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Os temas para debate são livres. Não tem conflito. E o fato de pensar diferente não quer dizer que tenha conflito”, disse Ciro.

O TSE tem a força
No evento do grupo Esfera, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, deu ainda uma senha ao presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, que recebe na semana que vem o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio: se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entender que as propostas do Exército não contribuírem para melhoria do sistema, essas sugestões devem ser descartadas. “O Exército foi convidado a opinar (…) Ninguém é obrigado a aceitar.” Para bons entendedores, está claro que Bolsonaro pode debater o que quiser, mas não contará com o PP para qualquer ato de força, em caso de derrota ou rejeição às propostas dos militares.

Siameses

Em São Paulo, as impressões daqueles que conhecem o dia-a-dia da política local levam a crer que, se o presidente Jair Bolsonaro abrir uma grande vantagem em relação ao ex-presidente Lula, arrasta Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o segundo turno. Caso contrário, se o presidente encolher, quem vai para a fase final por lá é o governador-candidato, Rodrigo Garcia (PSDB).

Por falar em Bolsonaro…
A ausência do governador-candidato Ibaneis Rocha ao debate do Correio Braziliense/TV Brasília com os candidatos ao governo do Distrito Federal deixou o presidente Jair Bolsonaro sem defensor. Nos púlpitos, a maioria ali é adversária ao presidente da República. E o PSD de Paulo Octávio, que também corre na raia dos votos de Ibaneis, está neutro na eleição presidencial, com um pé em cada canoa.

Se a moda pega…
A suspensão de repasses de recursos para a campanha de Roberto Jefferson ao Planalto acendeu o pisca-alerta dos partidos. Nove em cada dez advogados passaram o dia preocupados com seus clientes enrolados em processos ficarem sem dinheiro para botar a candidatura na rua.

Centrão é legal!/ No debate em São Paulo, o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli repetiu que o Centrão é visto como algo “pejorativo ou maléfico”, mas não é bem assim. “Ainda bem que temos um centrão ou centro que distensiona e transita entre os extremos, que não prega ódio e não prega desavenças. Não podemos criar impasses que se criaram em países vizinhos, Venezuela, Argentina”, lembrou.

Não vai ter golpe/ “As nossas Forças Armadas sabem o preço que pagaram quando ficaram no poder por muito tempo. Foram chamadas para intervir e devolver o poder aos civis. Quando resolveram ficar, viram que aquilo foi um desastre. (…) Criamos coisas boas nesse período, mas também criamos um país burocrático e travado”, avaliou o ministro.

Memória I/ Toffoli lembrou que, quando a urna eletrônica foi instalada em todo o país, ele era advogado do PT. Havia uma desconfiança do partido de que o sistema poderia beneficiar José Serra, amigo do então ministro Nelson Jobim, com quem dividiu apartamento nos tempos de deputado. “Imaginava-se que (as urnas) seriam fraudadas para que o Serra ganhasse. Sempre testemunhei que aquilo era impossível, urnas não eram em rede, todo o sistema era auditável”, disse.

Memória II/ Toffoli ainda citou o caso de 2014, quando o então candidato, Aécio Neves, perdeu a eleição para Dilma Rousseff, inclusive em Minas Gerais. “O próprio Aécio reconheceu depois que errou ao reclamar das urnas. O país precisa virar essa página”, comentou. “Todos os políticos aqui foram eleitos pela urna eletrônica. O TSE não decide eleição. Quem decide é o povo, soberanamente”, afirmou.