Caso Master vai abrir o ano eleitoral

Publicado em Anistia 8 de janeiro, Bolsonaro na mira, Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, Crise entre os Poderes, Economia, Eleições 2026, Orçamento, Política, PSD, Senado, STF

Coluna Brasília-DF publicada na terça-feira, 16 de dezembro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

A turma enroscada no Banco Master não terá um fim de ano tranquilo, depois da decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, de determinar à Polícia Federal que, em 30 dias, proceda os depoimentos dos investigados no caso. Porém, as consequências na política virão justamente no ano eleitoral. O fato de o magistrado determinar, ainda, que a PF avalie a quebra de sigilo telemático, fundamentando A turma enroscada no Banco Master não terá um fim de ano tranquilo, depois da decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, de determinar à Polícia Federal que, em 30 dias, proceda os depoimentos dos investigados no caso. Porém, as consequências na política virão justamente no ano eleitoral. O fato de o magistrado determinar, ainda, que a PF avalie um a um, indica nuvens pesadas para o primeiro trimestre, quando os partidos definem candidaturas. Ao mencionar a “necessidade de diligências urgentes”, Toffoli indica que quer tudo pronto para, quando o STF e o Congresso retomarem os trabalhos, as investigações estejam avançadas. (Leia mais no Blog da Denise).

Crédito: Caio Gomez

Bote salva-vidas

A emenda do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), que restringe a dosimetria das penas aos eventos do 8 de Janeiro é vista como a salvação da proposta e garantia de apreciação este ano. Pelo menos, é a aposta do PL, para assegurar o apoio do centro e aprovar o texto na Casa.

Até o fim

A proposta de restrição do alcance da dosimetria foi fruto de um acordo entre Otto Alencar e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN). O PL não abre mão de votar logo esse tema. Seja dosimetria ou seja anistia, o assunto foi a grande pauta dos bolsonaristas este ano e promessa eleitoral para 2026.

Ele manda

Quem selará a chapa do PSD no Distrito Federal será o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab. Aliás, onde houver problemas, é Kassab quem moverá as pedras. No caso do DF, isso será feito até para evitar constrangimentos ao presidente do PSD do Distrito Federal, Paulo Octávio.

Contagem regressiva

No Congresso, o que se diz é que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem menos de 48 horas como deputado federal. Alexandre Ramagem (PL-RJ) tem uma situação melhor entre os colegas, mas, se for preservado, o “xará” dele, Alexandre de Moraes, não hesitará em pedir o afastamento, tal e qual fez com Carla Zambelli.

Os empresários reclamam

Na solenidade que marcou os 500 mercados abertos para produtos brasileiros, nos últimos três anos, e a inauguração do edifício-sede da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), empresários elogiaram esse trabalho. Mas, nas conversas, diziam que não é possível tirar os incentivos de 10% da indústria, linearmente, como o governo pretende fazer. O empresariado quer que isso seja visto caso a caso.

CURTIDAS

Crédito: Pedro França/Agência Senado

Aquele abraço/ A filiação de José Roberto Arruda ao PSD contou com a presença de Gilberto Kassab, do líder da bancada na Câmara dos Deputados, Antonio Brito (BA), e vários parlamentares, como Eliziane Gama (MA), Nelsinho Trad (MS), Sérgio Petecão (AC) e Domingos Neto (CE). Ausência de destaque foi o presidente do PSD do DF, Paulo Octávio. Arruda começou o discurso mandando um abraço ao empresário.

Caminhos/ Expulso do União Brasil, o ministro do Turismo, Celso Sabino (foto), está conversando com o PDT para se filiar à legenda. Em conversas reservadas, fontes ligadas ao partido disseram à coluna que a negociação está em andamento, mas ainda sem definição.

A volta de Heloísa Helena/ Fundadora do PSol, a ex-senadora Heloísa Helena (AL) assume hoje um mandato de deputada federal pelo partido, na vaga aberta com a suspensão de Glauber Braga (PSol-RJ). Tal e qual Braga, Heloísa não dará sossego à oposição. Em especial, aos bolsonaristas.

“Código de conduta não é moralismo barato. A magistratura precisa observar uma linha de conduta. Não existe desinfetante melhor do que a luz do sol. A corrupção do juiz é uma das piores, porque ele é o último recurso do cidadão. É preciso honrar a toga” Da presidente do Superior Tribunal Militar, Maria Elizabeth Rocha, em café com a coluna e outros jornalistas, ontem

Toffoli manda PF ouvir investigados do caso Master em 30 dias

Publicado em Política

Depois de analisar parte dos documentos que instruíram o processo contra o ex-controlador do Banco Master Daniel Vorcaro, o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli determinou à Polícia Federal que tome os depoimentos dos investigados e também do pessoal do Banco Central, num prazo de 30 dias, seja por videoconferência, seja presencialmente, numa sala do STF. Abre ainda a possibilidade de quebra de sigilos fiscal, de telefonemas e mensagens trocadas pelos investigados, e pede que a fundamentação desses pedidos seja feita caso a caso. Num trecho da decisão, Toffoli menciona necessidade de “diligências urgentes”. Isso significa que o fim de ano será de muito movimento e pouco sossego para quem tiver explicações a dar sobre as fraudes praticadas no Master. Na prática, é a retomada das investigações com os documentos sob custódia do gabinete do ministro.

Vorcaro havia sido preso em 17 de novembro, quando se preparava para viajar a Dubai, nos Emirados Árabes. A avaliação naquele momento foi a de que ele estava numa rota de fuga. A defesa, entretanto, apresentou a reserva do hotel para o período em que ele iria proceder a venda do Banco a investidores estrangeiros. Com a prisão, o negócio foi desfeito. Vorcaro deixou a prisão há 15 dias, usando tornozeleira eletrônica e não pode se afastar do país. O Banco Central liquidou o Master no mês passado. Seus diretores também serão chamados a prestar depoimento a fim de esclarecer a parte técnica da alavancagem e o risco ao Sistema Financeiro Nacional.

Na semana passada, Toffoli havia determinado, por liminar, que os documentos de quebra de sigilo encaminhados à CPMI do INSS ficassem guardados na Presidência do Senado até que o ministro avaliar o mérito do pedido de anulação dessa quebra. A tendência, entretanto, depois de determinar que a PF apresente os pedidos de quebra dos mesmos sigilos, é a de que   pelo parte desse material seja liberado.

Toffoli está sob o comando do processo do caso Master, desde a soltura de Vorcaro. Em 3 de dezembro, em decisão monocrática, o ministrou puxou o caso para o Supremo Tribunal Federal (STF) tudo o que estiver relacionado ao episódio envolvendo o banco de Daniel Vorcaro e o BRB, que se preparou para comprar o Master, numa operação que terminou desfeita, recheada de suspeitas. A fraude do Master chega a R$ 17 bilhões. A mudança de foro se deu por causa de um imóvel de luxo em Trancoso (BA), onde há a suspeita de uma empresa ligada ao deputado João Carlos Bacelar (PL-BA), que tem prerrogativa de foro.

Ministro do STF indefere pedido de defesa de Vorcaro

Publicado em Congresso, Política, Senado, STF
Crédito: Arquivo pessoal

O ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli indeferiu hoje, em decisão liminar, o pedido de anulação das quebras de sigilos telemáticos, bancário e fiscal do ex-banqueiro e ex-controlador do Banco Master Daniel Vorcaro e da empresa Moriah Asset Empreendimentos e Participações Ltda deliberadas pela CPMI do INSS. Na mesma decisão, Toffoli confirma a quebra de sigilo determinada pela CPMI e também pelo juízo criminal de origem, ou seja, feitas dentro do processo contra Vorcaro que corria na 10ª Vara  Federal de Brasília. Como a deliberação de Toffoli foi em caráter liminar, até que o mérito seja apreciado, os documentos relativos à quebra de sigilo pedida pela CPMI ficarão “acautelados” na Presidência do Senado Federal.

Nos bastidores do STF, o que se diz é que, a CPMI não está diretamente relacionada ao processo do caso Master/BRB, este sim, sob siglo e com relatoria de Dias Toffoli. Portanto, a decisão foi prudente, até que seja avaliado se há vínculo entre um caso e outro. Toffoli manda dar ciência da sua decisão ao Banco Central e à Secretaria da Receita Federal para encaminhamento das informações para a Presidência do Senado e também ao STF para futura análise do mérito.

 

O morde-assopra de Hugo Motta

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Coluna Brasília-DF publicada na quarta-feira, 10 de dezembro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito 

Crédito: Kleber Sales

Os ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que se reuniram com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (UNião-AP), ficaram para lá de irritados com os dois, pois não foram avisados sobre a votação, esta semana, do projeto que reduz as penas dos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Agora, muitos desses ministros não têm mais dúvidas de que Motta escolheu marchar ao lado dos conservadores daqui para frente. Ainda que tenha acertado votar a proposta que reduz os benefícios fiscais, não dava para não avisar da votação do texto da dosimetria das penas.

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Quem manda/ Líderes relataram à coluna que Motta teve um momento de destempero durante a conversa sobre a proposta de dosimetria. O deputado gesticulava irritado, batia na mesa e, conforme relatos, teria dito: “É isso mesmo, vai ser assim, cansei de ser criticado sozinho. A decisão é minha e não vou voltar atrás” — frisou, ao comunicar que o projeto de dosimetria entraria na pauta. É nesse clima que os líderes se aproximam da virada do ano.

Na calada

Com o texto em mãos há mais de duas semanas, o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), estudou a proposta de dosimetria de Paulinho da Força (Solidariedade-SP). A pena de Jair Bolsonaro pode ser reduzida de 27 para 20 anos com progressão para somente dois anos e três meses em regime fechado. O PL teria sido repassado, também, ao ex-presidente.

Cardápio

A dosimetria, aliás, foi pauta no jantar do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) com o PP e o União Brasil, na segunda-feira à noite. É a forma de a direita começar a se reaglutinar para tentar fechar uma candidatura que tenha mais poder de atração. No caso, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Motor

As apostas na política são de que o contrato entre o escritório de advocacia da mulher do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o ex-controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro, servirá de combustível para a proposta da dosimetria das penas.

Aqui não

Em conversas reservadas, parlamentares relataram à coluna que o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), apelou a Motta para designar um relator que mudasse o texto do devedor contumaz e, assim, obrigasse a uma nova votação no Senado. O plano de Ciro era segurar a matéria e adiar a apreciação. Contudo, o plano não deu certo devido à megaoperação contra o grupo Refit, suspeito de sonegar impostos no setor de combustíveis.

Influência

A turma que pretendia segurar a proposta esperava que a bancada do Rio de Janeiro ajudasse nessa tarefa. Mas, ontem, estava tudo programado para aprovar o texto do senador Efraim Filho (União-PB), não correr risco de atrasos e dar uma reposta aos devedores contumazes.

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Finge que não houve/ Além do corte do sinal da TV Câmara e a retirada de todos os jornalistas, fotógrafos de alguns parlamentares foram obrigados a apagar as fotos do depuitado Glauber Braga (PSol-RJ) sentado à Mesa Diretora da Câmara (foto). Mas a coluna estava lá, assim como a deputada Jack Rocha (PT-ES), que conversou com Glauber.

Faltou “equilíbrio”/ O presidente da Câmara tem repetido em todas as entrevistas a palavra “equilíbrio” para retomar as votações na Casa. Negou que tenha pedido a retirada dos jornalistas do Plenário, mas vários parlamentares e jornalistas terminaram agredidos. Há muito tempo isso não ocorria na Casa.

A internet não perdoa/ Assim que começaram a circular as imagens da confusão na Câmara, os internautas fizeram circular posts com a imagem de Motta com dizeres do tipo “traidor” — e por aí vai.

Onde mora o perigo/ A preços de hoje — e se não ajustar sua atitude —, Motta terá dificuldades de se reeleger presidente da Casa. Está difícil manter o “morde-assopra” que ele tem feito com governo e oposição. Mas essa história começará a ser construída quando o futuro presidente da República estiver eleito.

Aprofundou a discórdia

Publicado em Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, Crise entre os Poderes, Eleições, Eleições 2026, GOVERNO LULA, Lula, Orçamento, Política, Senado, STF

Coluna Brasília-DF publicada na quarta-feira, 3 de dezembro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Crédito: Kleber Sales

O fato de o governo ter segurado o envio dos documentos de Jorge Messias ao Senado a fim de evitar a sabatina do Advogado Geral da União para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) deixou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ainda mais irritado com o presidente Lula. Aumentou a temperatura, por causa das insinuações de que Alcolumbre só vota quando ganha algo em troca. Alguns amigos do senador amapaense repetem, reservadamente, uma frase dita lá atrás, quando Alcolumbre se lançou, pela primeira vez, presidente do Senado e venceu o todo-poderoso Renan Calheiros, do MDB de Alagoas: “Não subestimem o gordinho”. À época pré-Mounjaro, Alcolumbre pesava bem mais do que hoje. Atualmente, seu peso político no Senado é bem maior. O governo que se prepare. Lula pode até conversar e tentar refazer a relação, mas essa queda-de-braço entre Executivo e Legislativo terá reflexos.

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Um é pouco, dois é bom, três é demais/ Lula indicou seu próprio advogado (Cristiano Zanin) e seu ministro da Justiça (Flávio Dino) para o STF, e o Senado foi fiel ao presidente da República nas duas oportunidades. É quase um consenso entre os senadores que, embora Lula tenha a prerrogativa de escolher o ministro do Supremo, era chegada a hora de o petista dar uma demonstração de apreço e agradecimento aos senadores escolhendo um dos seus pares. Lula, porém, não abrirá mão da indicação. Alguém vai ter que ceder. Até aqui, nos bastidores, ninguém fala em bandeira branca.

Sempre eles Davi

Alcolumbre foi alertado de que, se insistisse na sabatina de Jorge Messias sem os documentos do Planalto em mãos, o caso poderia parar no Supremo Tribunal Federal. E, avaliam técnicos do Senado e políticos, Lula não costuma perder por lá.

Por falar em STF…

O centrão ficou feliz da vida com o fato de o ministro Dias Toffoli ter decretado sigilo no processo contra Daniel Vorcaro. Com a eleição à frente, seria ouro puro para os adversários nas redes sociais e na tevê. Especialmente, o WhatsApp.

Estanca isso aí, “talquei”?

Depois da briga pelo Ceará, onde nada ainda está resolvido dentro do PL, a determinação é avaliar estado por estado até o final do ano, a fim de evitar que a discussão pública se repita.

Investimentos travados

No ano que vem, as grandes empresas não planejam investir pesado no Brasil. É que ano eleitoral é o momento de esperar as ondas quebrarem para ver como é que fica o país depois de outubro. “A ideia é retomar os investimentos em 2027”, diz o presidente da Associação Brasileira de Companhias Abertas (Abrasca).

CURTIDAS

Fotos: Edílson Rodrigues/Agência Senado

Vai parecer provocação/ Conforme o líder do governo, senador Jaques Wagner (foto), comentou, Lula “fará o que tem que fazer” em relação ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, na próxima quarta-feira, 10 de dezembro. Ficou implícito que será um encontro entre os dois presidentes justamente no dia em que Alcolumbre havia marcado para a sabatina de Jorge Messias na Comissão de Constituição e Justiça.

Modo turbo/ Prevista para hoje, a sessão do Congresso Nacional que votaria a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ficou para amanhã. Tudo para dar tempo de aprovar a LDO na Comissão Mista de Orçamento, que não fez o dever de casa. Governistas apostam que os parlamentares farão um esforço nessas votações orçamentárias de olhos nas emendas.

O partido é o mercado/ O evento da Associação Brasileira das Empresas de Capital Aberto (Abrasca) premiou vários políticos que se destacaram na defesa da indústria brasileira, numa festa suprapartidária na Casa Parlamento, do think-thank Esfera.

Agro em debate/ O grupo Líderes Empresariais (Lide) e o Correio Braziliense reúnem hoje, a partir de 8h30, autoridades e especialistas em agricultura para debater a segurança jurídica no agronegócio, setor chave da economia. É o momento de projetar o futuro do setor com juristas, como o vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça, Luís Felipe Salomão.

Monopólio paulista

Publicado em Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, Economia, Eleições, Eleições 2026, Política, Senado, STF

Coluna Brasília-DF publicada no domingo, 30 de novembro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Crédito: Maurenilson Freire

A preferência do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a deputados paulistas para relatar projetos importantes provoca mal-estar a parlamentares de outros estados da Federação: até aqui, Paulinho da Força(Solidariedade) relata o projeto de dosimetria das penas dos condenados pelo 8 de janeiro de 2023; Kiko Celeguim (PT) ficou com o que transforma em crime hediondo a falsificação de bebidas; e Guilherme Derrite (PP) foi pinçado da Secretaria de Segurança de São Paulo para relatar o projeto anti facção. Agora, Hugo Motta entrega o devedor contumaz a Antônio Carlos Rodrigues (PL), outro paulista. Isso sem contar Carlos Zaratini (PT), que relatou a medida provisória que tratava da tributação das fintechs e bets, e Arnaldo Jardim (Cidadania), que relatou a proposta da reciprocidade nas tarifas internacionais.

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Exceções/ Fora de São Paulo, quem ganhou uma relatoria de peso foi Arthur Lira (PP-AL), o ex-presidente da Câmara e fiador da candidatura de Hugo Motta à Presidência da Casa. Lira ficou responsável pelo projeto da isenção do Imposto de Renda, a “pauta do bem” de maior visibilidade da temporada pré-eleitoral. E Jadyel Alencar (Republicanos), do partido de Motta, que relatou a proposta contra a adultização. Essa situação leva muitos à seguinte conclusão: se Hugo Motta quiser concorrer à reeleição para comandar a Câmara, melhor distribuir melhoro jogo. Na atual conjuntura, um candidato que consiga quebrar os votos do centro e se aliar à direita ou à esquerda leva.

Diagnóstico

A derrota do governo nos vetos do licenciamento ambiental e a perspectiva de continuar a briga no Supremo Tribunal Federal (STF) só tornará mais difícil a vida do Poder Executivo no Parlamento. Há quem avalie que o entrevero entre a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o presidente da Câmara, Hugo Motta, por causa da entrega da relatoria do projeto de anti facção a Guilherme Derrite, ainda terá outros desdobramentos.

Ainda não acabou

O governo tem outra batalha no licenciamento ambiental. É que a Comissão da Medida Provisória do Licenciamento Ambiental Especial (LAE) pretende votar a proposta ainda esta semana e, se possível, levá-la aos plenários da Câmara e do Senado. A ideia dos governistas é retomar pontos que terminaram caindo na derrubada dos vetos. Por exemplo, o protagonismo dos povos originários e quilombolas.

Mira nas milhas

O deputado Lucas Abrahao (Rede-AP), formado pelo RenovaBr, procura apoio dentro do Parlamento para alavancar seu projeto de lei “Voa Juventude”. A proposta pretende acabar com a farra das milhas aéreas oriundas de viagens oficiais que são pagas com recursos públicos. A ideia é direcionar para causas sociais de jovens atletas. Abrahao, aliado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP),quer urgência para essa proposta.

Probleminha

As dificuldades começam em casa. É que hoje as milhas aéreas vão para as contas pessoais dos deputados e senadores. Muitos não querem nem ouvir falar em perder a milhagem.

CURTIDAS

Crédito: Reprodução/Redes sociais

Contatos políticos/ Solto e com um acessório no tornozelo, o ex-controlador do Master, Daniel Vorcaro, e demais presidiários do caso que ainda não está totalmente esclarecido, podem ter contatos com todos que não forem nem investigados nem testemunhas. Já tem, no entorno deles, quem aposte na procura por parlamentares.

Disseram sim/ O prefeito de Recife e presidente do PSB Nacional, João Campos, postou uma foto com a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) confirmando o noivado. O casal está junto desde 2019. “Sim, com todo meu coração! Que Deus abençoe a família que hoje começamos a construir. Te amo demais da conta e pra sempre”, disseram os dois nas redes sociais. Falta marcar a data do casamento.

Que sirva de exemplo/ Por unanimidade, o Superior Tribunal Militar (STM) declarou a “Indignidade para Oficialato” — perda de patente — contra um capitão de corveta reformado da Marinha. A Corte acatou o pedido do Ministério Público Militar (MPM).O capitão foi condenado em 2024 a quatro anos de prisão por roubar mais de 118 mililitros de óleo diesel do navio em 2012. O combustível foi revendido por cerca de R$346 mil junto a um representante de uma empresa de transportes.

Façam suas apostas/ No seminário sobre segurança jurídica e desburocratização em Roma, o ministro do Tribunal de Contas da União Augusto Nardes anunciou o deputado Danilo Forte (União-CE) como futuro ministro conselheiro da Corte de Contas. O cargo será um dos mais disputados na próxima temporada dentro da Câmara dos Deputados.

Quem vai delatar primeiro

Publicado em Anistia 8 de janeiro, Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, Crise entre os Poderes, Economia, Eleições, GOVERNO LULA, Política, PSDB, Senado

Coluna Brasília-DF publicada na quinta-feira, 27 de novembro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito 

Crédito: Caio Gomez

A bolsa de apostas no mercado financeiro está jogando suas fichas numa delação de Augusto Lima, o ex-sócio de Daniel Vorcaro no Banco Master. O que se diz é que ele não aguenta mais nem uma semana. Seria a abertura de uma temporada que promete movimento ao longo de 2026.

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Saiu na frente/ O Senado já tem as assinaturas suficientes para o pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito do banco Master. O autor, senador Eduardo Girão (Novo-CE), afirmou à coluna que, diferentemente da primeira tentativa de investigar a compra do Master pelo BRB, em abril, vai até o fim. “É dever moral do Senado” , afirmou o senador. (Leia mais no Blog da Denise).

Adeus vetos

Responsável pela coordenação dos acordos para manutenção dos vetos a serem apreciados, hoje, na sessão do Congresso Nacional, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, não conseguirá segurar todos. O Centrão se uniu e pretende derrubar todos os vetos do licenciamento ambiental. É o sinal explícito de que a relação governo-Congresso vai mal.

“Eu espero um milagre do Congresso”

Da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) ao dizer à coluna que ainda crê na possibilidade de uma anistia aos condenados do 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, como forma de virar a página. O difícil, porém, é Bolsonaro recuperar os direitos políticos.

Na ponta da língua

O fato de a Fitch ter rebaixado a nota do BRB causou surpresa no GDF e no meio político. Como o negócio não foi fechado, muita gente considera que há uma perseguição ao banco de Brasília. Aliás, o discurso do MDB, partido do governador do DF, Ibaneis Rocha, será o de que muita gente está interessada em enfraquecer o banco para que seja vendido, como já ocorreu com muitos bancos regionais e estaduais.

Chamem o Ethan Hunt

Nos bastidores do Congresso, muita gente considera que só mesmo o personagem de Tom Cruise em Missão Impossível para conseguir levar o governo a aprovar na Câmara e no Senado o projeto de corte linear de 10% dos benefícios fiscais ainda este ano. A proposta já passou na Comissão de Finanças e Tributação e precisa ser “apensada” a outro texto para seguir direto ao plenário da Câmara e, depois, para análise dos senadores. Nesse clima de mal-estar entre Executivo e Legislativo, falta vontade política para ajudar o governo nessa empreitada.

CURTIDAS

Crédito: Reprodução/Globo

Já é 2026/ O presidente Lula não foi o único a coletar imagens da solenidade de sanção do projeto de isenção do Imposto de Renda com vistas ao horário eleitoral no ano que vem. Os relatores da proposta, deputado Arthur Lira (PP-AL) e senador Renan Calheiros (MDB-AL), também discursaram de olho nos cortes para as redes sociais e tevê na disputa pelo Senado em Alagoas.

Por falar em Alagoas…/ O que se dizia nos bastidores da solenidade é que “Lula é craque. Conseguiu colocar Renan e Arthur no mesmo palco” . Coisa rara de se ver.

Aécio no comando/ O deputado Aécio Neves assume hoje a presidência do PSDB. O presidente da Câmara, Hugo Motta, confirmou presença. Aécio acredita que há um espaço para conquistar a turma do “nem-nem” , aqueles que não querem nem Lula, nem os bolsonaristas. É nisso que vai trabalhar.

Homenagem/ O jornalista Heraldo Pereira (foto) receberá o título de cidadão cearense em solenidade no plenário da Assembleia Legislativa do Ceará. Hoje apresentador do Bom Dia Brasil e na equipe do Jornal Nacional, Heraldo, em 1988, atuou como repórter da Tv Verdes Mares (Globo do Ceará), ao lado do também jornalista Moacir Maia. Vai receber também a Medalha Perboyre e Silva, concedida pelo Poder Legislativo do Estado A homenagem ao jornalista atende a um requerimento do Deputado Queiroz Filho, do PDT. Com justiça.

Senado larga na frente e consegue assinaturas para CPI do banco Master

Publicado em Congresso, Economia, Política, Senado

Por Eduarda Esposito — O senador Eduardo Girão (Novo-CE), conseguiu 33 assinaturas para apresentar um requerimento de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado. Agora, só falta a leitura do documento pelo presidente Davi Alcolumbre (União-AP) para instaurar a CPI na Casa.

Crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado

O senador cearense protocolará, ainda nesta tarde, o pedido de abertura da comissão. Girão começou a recolher assinaturas na última segunda-feira (24). Para o Senador, o tema é de extrema relevância e justifica o tempo recorde de recolhimento de assinaturas. “Foi um prazo recorde, Senadores abraçaram mesmo e é dever moral do Senado investigar isso. Está na mão do presidente (Davi Alcolumbre). A gente precisa investigar porque tem bilhões aí em fraudes e não é a primeira vez que esse tipo de coisa acontece”, afirmou ao blog.

O senador lembrou ainda que não foi a primeira vez que a Casa tenta investigar a operação de compra do banco Master pelo banco BRB. “A gente precisa saber que elos políticos são esses, que deram coberturas a isso. Precisamos entender esses jatinhos, quem levou quem, quando, para onde. A primeira tentativa de CPI nesse assunto foi em abril e foi retirada, a gente tinha conseguido as assinaturas, eu até assinei, mas o senador autor retirou. Mas agora nós vamos até o fim, não tem nem perigo que dessa vez se retire, porque eu sou o autor”, declarou ao blog.

Independência consolidada

Publicado em coluna Brasília-DF

  A depender da disposição da maioria silenciosa da Câmara dos Deputados, ainda que alguns volta e meia ameacem a independência do Banco Central, a Operação Compliance Zero, que colocou o banqueiro Daniel Vorcaro e seu sócio na cadeia, é vista como a maior prova de que o BC continuará independente. A avaliação de muitos é a de que, se a diretoria do banco cedesse a pressões políticas, certamente a operação do Master com a investidora Fictor e os árabes teria seguido em frente. Graças à investigação deflagrada no Banco Central e à altivez de sua diretoria, o banco Master está liquidado, o BRB fora dessa jogada e quem desviou recursos e hoje está suspeito de criar uma pirâmide de títulos fraudulentos terá que pagar pelo que fez.

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Vale ficar de olho/ Resta saber se o banqueiro preso levará com ele alguns políticos para o fundo do poço. Desde que seus negócios entraram na mira do BC, Vorcaro chegou a comentar com amigos que não estava sozinho. Há quem diga que, se decidir falar, alguns frutos da árvore da política não conseguem se segurar. É nesta fase que o jogo entra agora e para grande preocupação de muitos, justamente às vésperas do ano eleitoral.

Intersecções

A operação Compliance Zero, que prendeu Vorcaro, deve cruzar em breve informações com a Carbono Oculto, que investiga crimes de lavagem de dinheiro via postos de combustíveis e o uso de fundos de investimento para ocultação de recursos do crime organizado, em especial, o PCC. Pelo menos, esta é a aposta do meio político.

E ele foi a Dubai

Os Emirados Árabes, para onde Vorcaro iria embarcar e terminou preso antes, viraram mesmo um porto seguro para os negócios brasileiros. Quem está por lá em missão, a fim de apresentar oportunidades de negócios, é o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho. Junto com o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, ele anunciou a venda de 20 jatos da empresa aos árabes e ainda parcerias na área de Defesa.

Olhar de negócios

O governo brasileiro segue na esteira de contatos abertos por missões empresariais brasileiras. Em março do ano passado, o grupo Líderes Empresariais (Lide) realizou um primeiro encontro com a participação de fundos de investimento do país e este ano repetiu a dose, auxiliando na abertura de mercados.

A limonada de Derrite

Desgastado com a enxurrada de versões do projeto antifacção, o relator da proposta, deputado Guilherme Derrite (PP-SP), tem dito que o que vale é aprovar um texto e que fará quantas versões forem necessárias para se chegar a um acordo. É a forma de tentar reverter a fama de que cedeu antes da hora e se apresentar com uma imagem de diálogo com todas as forças políticas.

Inconformado/ Autor da proposta que compara o crime organizado ao terrorismo, o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) não se conforma com o fato de o projeto ficar em segundo plano: “Derrite veio para ser relator desse projeto. Agora, em vez de remeter ao projeto do antiterrorismo, vem este das facções. Incendiaram quatro terreiros na Bahia e outros templos religiosos. Se isso não for um ato de terror, o que será? Ou o país faz uma lei forte para fazer o enfrentamento ou nada mudará”, diz.

Protesto federal/ O Senado aprovou um voto de censura ao chanceler alemão, Friedrich Merz, por causa das declarações consideradas “xenófabas e preconceituosas” contra a cidade de Belém (PA), sede da COP30. O senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), autor do pedido de censura, se mostrou indignado ao saber que, num evento em Berlim, o chanceler afirmou que jornalistas “ficaram felizes” por deixar “aquele lugar”. “As declarações não são apenas infelizes, mas carregam um tom xenófobo e preconceituoso, que desrespeita não apenas a cidade, e sim o povo brasileiro e, sobretudo a Amazônia”. O governo alemão tentou consertar, dizendo mais tarde que respeita a Amazônia, mas o estrago está feito.

O gosto do Natal/ Horas antes de o marido ser preso, a ex-deputada e ex-ministra Flávia Peres, que, na política, atendia pelo nome de Flávia Arruda, postou uma árvore de Natal em suas redes, dizendo que é chegada a época do ano que ela mais gosta. Depois da prisão de Augusto Lima, seu esposo e ex-sócio de Vorcaro, certamente, o Natal será de muitas orações.

Despedidas no STM/ O Superior Tribunal Militar (STM) realiza nesta quarta-feira (19), às 16h, a Sessão Especial de Despedida do ministro Odilson Sampaio Benzi, que requereu aposentadoria. Ele ocupa uma das quatro cadeiras destinadas ao Exército. Será substituído pelo general de Exército Flavio Marcus Lancia Barbosa, aprovado pelo Senado Federal no último dia 12, junto com a indicação do general de Exército Anísio David de Oliveira Junior, que também assumirá a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Marco Antônio de Farias, no mês passado. Os dois novos ministros terão nesta quarta-feira a primeira audiência com a ministra-presidente do STM, Maria Elizabeth Rocha. Eles devem ser empossados ainda este ano, assim que o ato de nomeação for publicado. A Sessão Especial de hoje será transmitida ao vivo pelo canal do STM no YouTube.

BRB não desistiu de comprar o Master

Publicado em Banco Central, Economia, MDB

Por Denise Rothenburg* com Eduarda Esposito, Washington — O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, declarou hoje (8/9), após sua participação no evento LIDE Brazil Development Fórum, em Washington DC, nos Estados Unidos, que o Banco Regional de Brasília (BRB) não desistiu de comprar o Banco Master. E ainda fez um alerta: Uma demora em resolver a situação do Master, “pode trazer um grande risco para o sistema financeiro como um todo”. Eis a declaração do governador: “A dilapidação do Master, que está se mostrando, pode trazer um grande risco para o sistema financeiro como um todo. Quanto antes o Banco Central soltar isso, até para dar oportunidade para o BRB avaliar se vai avançar no negócio ou se vai desistir. E desistindo, se outra instituição, seja privada ou pública, tem interesse em comprar esse capital”, argumentou.

Crédito: Will Volcov e Vanessa Carvalho/LIDE

Ibaneis explicou que, quanto mais demorar, mais problemática se tornará a questão do Master para o sistema financeiro como um todo. “O prazo para o Banco Central é mais alongado, mas a gente espera pelo fato de se tornar uma decisão delicada, principalmente para os investidores do Master, porque deixariam de ter cobertos os seus investimentos”. E foi neste contexto que ele completou: “Vi muitas matérias falando sobre os CDBs e alguns fundos que ele tem, e a dilapidação do Master, que está se mostrando, pode trazer um grande risco para o sistema financeiro como um todo. Quanto antes o Banco Central soltar isso, até para dar oportunidade para o BRB avaliar se vai avançar no negócio ou se vai desistir. E desistindo, se outra instituição, seja privada ou pública, tem interesse em comprar esse capital”, argumentou.

A operação de compra do Master pelo BRB foi rejeitada pelo Banco Central. Ibaneis garante que o BRB espera a divulgação da fundamentação do veto para decidir qual saída seguir em relação a esse negócio. “É um momento difícil para a gente comentar porque ainda não foram expostas pelo Banco Central as razões do veto. Então, a gente só vai poder nos aprofundar um pouco mais na resposta quando tiver acesso aos documentos do BC: Aí, vamos saber se vamos corrigir a operação para continuar acolhendo aquilo que o Banco Central indicar ou se a operação realmente é totalmente inviável. Se for inviável, nós vamos parar e vamos realmente trabalhar outras oportunidades para que o BRB possa avançar e continue crescendo”, afirmou.

O governador garantiu ainda que a notícia publicada em São Paulo há alguns dias, sobre a desistência de entrada de recurso contra a decisão que suspendeu a compra do Master, é falsa e que o empreendimento seria extremamente vantajoso para o BRB. “Nós não podemos falar de desistir porque nós nem conhecemos a fundamentação. Eu só posso tratar um problema se vai ser administrativamente, judicialmente, de que maneira vai ser, a partir do momento que eu conhecer os fundamentos. A notícia foi falsa, que haveria essa deliberação de desistir. Depois, o pessoal do BRB, a comunicação, entrou em contato, houve a correção da matéria. Agora qualquer deliberação só vai ser tomada após o estudo dos fundamentos do Banco Central”, garantiu Rocha.

Bomba-relógio

Sobre a situação do Master, Ibaneis ressaltou que essa demora pode onerar os cofres públicos em torno de R$ 5 bilhões. “Essa deterioração já vem acontecendo. Isso aí coloca em risco, na minha visão, mesmo sem ter grande conhecimento, todo o sistema financeiro nacional, porque nós estamos falando do fundo garantidor das contas que paga até R$ 250 mil nos investimentos. Está se falando em torno de R$ 5 bilhões que o governo (federal) vai ter que colocar para garantir esses investimentos que foram feitos no Master. Ao passo que, se isso avançar, pode ser que se diminua isso e diminua o risco para o mercado, não só com BRB, mas como outras opções, seja do mercado privado, seja do mercado público”, destacou o governador.

Perguntado diretamente se, diante da situação do Master, o BRB estaria “comprando um risco”, Ibaneis foi incisivo ao dizer que o BRB não corre risco algum com a compra do banco devido aos termos do acordo. “Estamos comprando uma oportunidade. A questão do risco para o sistema financeiro é que, com a negativa da compra e com a demora na resolução em relação ao Master, esses ativos vão se deteriorar e as pessoas começam, porque estão em risco, a tirar seus investimentos, o que vai descapitalizar certamente o banco, gerando essa situação. Isso aconteceu no passado com diversos bancos aqui no Brasil, na época em que o presidente Fernando Henrique reorganizou o mercado financeiro brasileiro e nós sabemos que vários desses bancos quebraram e que houve muito prejuízo para a população. O risco, por exemplo, dos investimentos em precatórios, que nós separamos desde o início, é um risco alto, mas também que pode dar uma grande rentabilidade conforme a análise que tem sido feita”, destacou.

Desejo nacional

O emedebista explicou que o grande objetivo da compra do Master pelo BRB é se tornar um banco nacional, que isso faz parte do seu projeto para o seu mandato desde que assumiu. “Quando assumimos em 2019, o BRB tinha pouco menos de 700 mil contas. Hoje, estamos nos aproximando de 10 milhões de contas no Brasil. E o banco, que era só de servidor público do Distrito Federal, se tornou uma potência nacional com investimentos em todas as áreas, tanto que chegamos agora ao segundo lugar no mercado imobiliário, perdendo somente para a Caixa Econômica Federal. Então, o banco precisa se expandir, porque nós fizemos uma grande capitalização do BRB e uma grande captação de recursos também de tribunais de justiça através do meu trabalho como advogado e conhecimento que eu tenho na área jurídica. Assim como a compra de diversas folhas de pagamento, desde municípios a estados. Isso deu uma força muito grande, mas essa captação precisa ser investida no mercado para que possa dar bons frutos. Por isso a negociação e a escolha do Banco Master, porque ele é muito forte nessa área, através das carteiras de financiamentos. Na visão do BRB, seria um negócio vantajoso, mesmo sabendo que existem algumas carteiras que estavam sendo separadas”, explicou Ibaneis.

O governador mencionou ainda a importância de nacionalizar o BRB. De acordo com Rocha, quanto maior o banco for, mais recursos chegarão para o DF. “Para nós é bastante interessante, porque como banco público a gente tem acesso a uma captação de recursos com algumas dispensas de licitação, então é fácil captar no mercado. O BRB se tornou um grande prestador de serviço para o próprio GDF, com experiências como a bilhetagem e distribuição de programas sociais, como o cartão Prato Cheio. Todos esses pagamentos são feitos e controlados via BRB, inclusive, essas iniciativas já estão sendo colocadas em outros estados e prefeituras pelo êxito dessas iniciativas. Então, o banco, ao se tornar um banco nacional, e eu tenho trabalhado nisso desde que assumi em 2019, aumenta a quantidade de negócio do banco e lucratividade. O último resultado, agora do primeiro semestre, foi de R$ 456 milhões de lucro, isso gera recursos para o DF. A expectativa é que, ao longo desses anos, até eu terminar o meu mandato ano que vem, o BRB vai ter distribuído perto de R$ 2 bilhões de dividendos para o GDF”, pontuou Ibaneis.

De acordo com Rocha, atualmente o BRB tem as folhas de pagamento do Tocantins, Maceió e João Pessoa. Além disso, realiza empréstimos consignados e, expandindo pelo Brasil, vai ser capaz de atrair mais investimentos. O governador explicou ainda que o BRB acaba tendo a garantia do estado no pagamento e que essas parcerias envolvem construções de pontes e estradas Brasil afora. “Hoje, somos o segundo maior banco em financiamento imobiliário no Brasil, perdendo só para a Caixa, somos o primeiro em Brasília. Então, apoiamos o empresariado local, não tem um empresário em Brasília que não esteja satisfeito com o BRB, e agora levando isso para o âmbito nacional. Então, para nós, a compra do Master faz todo sentido. O que não faz sentido é você não expandir o banco, porque aí é melhor você tomar a opção de fazer uma licitação e vender o patrimônio, que hoje, graças a Deus, cresceu muito. O que era avaliado antes em R$ 800 milhões, se formos vender hoje, a gente calcula o valor de mercado em torno de R$ 20 bilhões”, concluiu Ibaneis.

*Enviada especial