O resultado abaixo do esperado na venda dos lotes do pré-sal leva os partidos de centro no Congresso a colocar pé no freio do programa de privatizações defendido pelo governo. Não são poucos os líderes que dizem, em conversas reservadas, que o projeto de privatização da Eletrobras será alterado, repetindo o discurso proferido pelo líder do MDB, Eduardo Braga. Nada será feito de forma apressada, e vem aí a golden share, ou seja, ação de ouro, que dá à União poder de veto se não houver respeito ao interesse público.
De quebra, o pacote de medidas levado pelo próprio presidente ao Congresso é visto como algo que está na direção certa, porém o elenco de senões é de fazer inveja ao dos filmes de Hollywood. Não por acaso, já tem muita gente dizendo que o resultado do megaleilão enfraquece a posição do governo como a kriptonita faz com o Super-Homem nos quadrinhos, telinhas e telonas.
Estratégia e imagem distorcida no exterior são apontadas por experientes embaixadores como os principais ingredientes para que o megaleilão do pré-sal ficasse no meio do caminho em termos de expectativas. Uma empresa europeia, por exemplo, precisou mandar nos últimos 10 meses 16 cartas aos acionistas para explicar que todos os seus negócios por aqui estão dentro da legalidade e respeitam acordos internacionais.
MDB, Podemos e PSD vão formar a principal base potencialmente aliada do presidente Jair Bolsonaro no Senado. É daí que saem os relatores das propostas de emenda à Constituição que chegaram ontem — Márcio Bittar (MDB-MG), Oriovisto Guimarães (Pode-PR) e Otto Alencar (PSD-BA).
Só tem um detalhe: esses três partidos não respondem pela cartilha do governo e, sim, pela própria. E todos colocam senões à extinção de municípios, corte de 25% nos vencimentos dos servidores e ao não cumprimento de decisões judiciais, caso não haja previsão orçamentária.
“Prefiro ficar com a boa notícia, temos menos R$ 70 bilhões de problemas”
Do líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), sobre o resultado do megaleilão do pré-sal
A ordem é deixar as emendas constitucionais decantarem no Senado e, depois, começar a analisar o pacote quando desembarcar lá, no ano que vem. Embora Rodrigo Maia diga que tem condições de votar até meados do ano que vem, os líderes do centrão não estão com tanta pressa.
Guedes virou o “cara”/ Embora tenham restrições às propostas de emendas constitucional, até os parlamentares que não gostam de Paulo Guedes disseram que o ministro da Economia estava muito bem e seguro na apresentação que fez aos senadores.
Desculpa aí, viu?!/ A cada intervenção, ele batia no ombro do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) para dizer que Fernando Henrique Cardoso tem uma série de erros, da ausência de fiscalização ao pacto federativo.
Bolsonaro vai lá/ Bolsonaro abre a próxima segunda-feira com uma visita a Campina Grande (PB), para inaugurar um conjunto habitacional. Pelo visto, decidiu seguir o conselho de que precisa colocar um pé no Nordeste antes que algum aventureiro do seu campo político o faça.
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