O balé dos movimentos sociais que embalou o pedido de registro da candidatura de Lula a presidente da República foi o mais claro sinal de que o partido que emerge da eleição de 2018 está parecido com aquele PT que, em 1989, se sustentava nos sindicatos e no Movimento dos Sem-Terra pra fazer valer a sua mensagem. Hoje à tarde não foi diferente. O PT mobilizou, marchou, chamou e reuniu todos os seus principais líderes e sindicalistas para pedir o registro da candidatura da mesma forma que empreendeu a reta final do primeiro turno da primeira eleição presidencial do período pós-ditadura. Lá atrás, deu certo. Lula chegou ao segundo turno. Agora, entretanto, o resultado será diferente. Lula está preso e deixou de ser a esperança de metade da população. O PT praticamente voltou ao patamar do eleitorado que deteve até 1998, antes de chegar ao Planalto. Para completar, o partido sabe que, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a candidatura não emplaca. Tanto é que, conforme você pode ler na coluna BRASÍLIA-DF de hoje (post abaixo), na semana que vem, Fernando Haddad, o vice na chapa, começa a percorrer o Nordeste a fim de mostrar a imagem do candidato que irá suceder Lula, quando o registro for negado.
A ordem no PT é trabalhar com prazos para fazer essa transferência de votos de Lula para o ex-prefeito de São Paulo. Até aqui, a estratégia do partido e do próprio Lula deu certo. O ex-presidente continua liderando as pesquisas e, para uma parcela expressiva do eleitorado, está na cadeia por perseguição política e não porque foi beneficiado por empresas privadas que tiveram polpudos contratos no governo. Esse mesmo discurso e o nome de Lula ajudam ainda deputados e governadores do PT a fazer a sua fezinha na eleição. Afinal, para um partido que, em 2016, saiu do Planalto pela porta do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a perspectiva de eleger uma bancada de grande porte é lucro. Por essas e outras é que o partido continuará apostando no ex-presidente enquanto for possível. Amigos de Lula dizem que “em time que está ganhando não se mexe’. Se algo começar a falhar, eles mudam a estratégia. Porém, até aqui, dizem os petistas, não há motivo. As imagens das manifestações que mostram gente do “povo” caminhando para registrar a candidatura estão gravadas. E logo, logo estarão em exibição no horário nobre. Como uma boa novela.
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