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Os primeiros acordes de Moro: Siga o dinheiro do crime organizado

Num dia cheio de notícias, merece destaque a entrevista do juiz Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça. Ele no governo representará, na avaliação de muitos políticos, uma espécie de “seguro” do cumprimento dos preceitos democráticos e constitucionais.

A entrevista foi lida como a carta de apresentação do futuro do ministro à população brasileira que conhecia apenas suas sentenças. O juiz chega para valer e levará com ele muitos integrantes da Lava Jato. Na mega Operação que levou muitos poderosos para a cadeia funcionou o “follow the money”, ou seja, “siga o dinheiro”. Na Lava Jato, começou pelo doleiro e chegou no que a Justiça e investigadores colocaram como  destinatários finais. Agora, pretende fazer o mesmo em relação ao crime organizado. Ninguém tem dúvidas de que esse será o objetivo de Moro, com os instrumentos legais em mãos, do Coaf à Polícia Federal, será esse.

Moro se coloca fora do processo político em si, assegura que não pretende disputar mandatos eletivos. Quer se dedicar de corpo e alma a uma “forte agenda anti-corrupção”. Chega suave a temas polêmicos. Como juiz, considera razoável redução da maioridade penal de 18 para 16 anos em caso de crimes graves, tais como, assassinato, estupro. Quanto à exclusão de ilicitude, diz que o estado tem reagido de forma “fraca”. Mas evita falar abertamente do que defenderá nessa seara. A prisão a partir da condenação em segunda instância é o único tema em que ele chega firme e com uma postura forte em defesa dessa possibilidade. “Se os países berço da presunção de inocência consideram (a prisão em segunda instância), por que não? Vou defender respeitosamente a minha posição junto ao Supremo Tribunal Federal”, diz ele.

Mostrou-se ainda bastante disciplinado, ao, perguntado, evitar tecer comentários sobre temas afeitos às áreas de Educação de Economia e apresenta seu futuro chefe, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, como um “moderado”.   “A avaliação que tenho do presidente eleito é de uma pessoa mais moderada. Não vejo nenhum risco à democracia e ao estado de direito. Existe alguns receios infundados e minha presença sobre ajudar a afastar. Sou um juiz, sou um homem de lei. Não admitiria qualquer solução fora disso, assim como o presidente eleito não admite”, diz ele. Porém a presença reforça essa posição de defesa da lei. Moro é um seguro e um emblema. Se conseguir cumprir  o combate intransigente ao crime organizado, o Brasil agradecerá comovido.

Denise Rothenburg

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