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Operação contra aliados pode ser usada para Bolsonaro negar que há interferência na PF

Coluna Brasília-DF

Até aqui, muita das reclamações dos deputados sobre o inquérito das fake news era de que não havia a participação da Procuradoria Geral da República. Esse argumento caiu por terra com a Operação Lume, dentro do inquérito dos atos antidemocráticos que pregam o fechamento dos Poderes Legislativo e Judiciário. Nela, tudo foi feito a pedido do Ministério Público, inclusive a quebra de sigilo dos parlamentares.

Reclamações dos deputados à parte, aliados do Palácio do Planalto querem transformar o limão em limonada. Tratam a ação como mais uma prova de que a troca na Polícia Federal não resultou em interferência nos trabalhos dos policiais — isso porque o presidente Jair Bolsonaro não foi informado com antecedência da Lume, que constrange justamente os aliados e o vice-presidente do Aliança pelo Brasil, Luís Felipe Belmonte. O que fez mal para alguns, pode ser a senha para que Bolsonaro se defenda no processo de interferência da PF.

Mantenha distância

Ainda que o partido tenha os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, e o do Congresso, senador Eduardo Gomes, o MDB não embarcará com os dois pés no governo. Por isso, desde que Osmar Terra foi cogitado para assumir o Ministério da Saúde, o partido avisou que não seria da sua lavra. A ordem é ficar independente para atuar como achar melhor.

Muito além dos inquéritos

O presidente Jair Bolsonaro foi aconselhado a aproveitar as solenidades de hoje para detalhar o trabalho do governo e mostrar que tem projeto. O ponto alto, sob o aspecto econômico, será o lançamento do Plano Safra. Se fizer um discurso raivoso por causa das investigações em curso contra seus apoiadores, jogará na tensão e não na recuperação da economia, que le tanto prega.

Muito além de 300

O foco, segundo apoiadores, tem que ser agora no sentido de ampliar a convicção do mercado de que o governo tem condições de liderar a retomada quando a pandemia passar. Até aqui, a percepção geral é a de que o Executivo central não soube administrar a crise de saúde pública. Se a população perder a percepção de que o governo administra a economia, será difícil manter apoio. Nesse caso, há quem diga que, se sobrar o grupo dos 300, será muito.

A outra eleição

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, começa esta semana a sentir o pulso dos líderes em relação à disputa pela sua sucessão. Por enquanto, é só aquela conversinha despretensiosa mesmo.

Vem pressão/ Os partidos começam a cogitar o adiamento das convenções partidárias para escolha de candidatos, que podem ocorrer entre 20 de julho e 10 de agosto. Especialmente no interior do país, essas reuniões, dizem os políticos, só funcionam olho no olho.

Por falar em eleição…/ Na segunda edição do projeto “Folheando a Memória: ex-presidentes e a Democracia Brasileira”, a Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político ouviu do ex-presidente Fernando Collor que “prorrogação e unificação de mandatos são um atentado ao processo democrático”. Collor foi enfático: “Trata-se de um arranjo que se fazia no passado para satisfazer os objetivos políticos de detentores do poder à época, mas isso é inconstitucional”.

Tensão aérea/ Quem é obrigado a viajar está muito preocupado com voos lotados, sem o respeito às regras de distanciamento social. Quem já teve covid-19 segue tranquilo, mas quem não teve ou não sabe se teve, viaja preocupado.

Pensando bem…/ O 300 pelo Brasil conseguiu quebrar o velho ditado de que não se briga com quem veste saias, mulher, bispo e juiz. Com os juízes, eles brigam há algum tempo. Agora, foi a vez da Igreja católica, ao ameaçar Dom Marcony.

Denise Rothenburg

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