No caminho a ruptura
O pronunciamento em que a presidente não fez um “mea-culpa” sobre os problemas na economia e as conversas que giram apenas no sentido do sacrifício do outro — nunca do governo ou do PT —colocam o PMDB na trilha de um futuro rompimento com Dilma. Há quem diga que basta um empurrãozinho das ruas para que isso ocorra. A depender dos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, o ingresso fundo nessa trilha não vai demorar. Daí, a conversa de Dilma com o vice-presidente Michel Temer, no sentido de se reaproximar do PMDB.
Antes tarde o que nunca?
Apesar de o Poder Executivo acenar com uma correção escalonada da tabela do IR de forma a beneficiar quem ganha menos, nenhum deputado apostava ontem na manutenção do veto ao reajuste de 6,5% na tabela do Imposto de Renda. Afinal, o Poder Executivo está ciente dessa perspectiva de derrota há mais de duas semanas e até aqui não tinha chamado ninguém a negociar. Deixou para a última hora e agora terá mais dificuldades em fazer valer a sua vontade.
Juntos e misturados
O episódio do petrolão vem sendo analisado pelos políticos como uma mistura de caso Collor com Orçamento: o primeiro pegou o Executivo. O segundo, os congressistas. O petrolão pegou os dois.
Santo de casa
O que antes era dito aqui e ali de forma isolada por líderes partidários, inclusive nesta coluna, agora contaminou a todos: ou o PT apoia o ajuste fiscal ou os líderes aliados não terão argumento para convencer os seus liderados a votar a favor das medidas do
Poder Executivo.
Janela para o diálogo
Fracassadas as conversas com os tucanos em torno de saídas para a crise política e econômica, o vice-presidente Michel Temer recebeu ontem o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), e o presidente da comissão encarregada de discutir a reforma política, Rodrigo Maia (RJ). O tema era reforma política, mas nesse clima de “vaca não reconhecer bezerro”, esse encontro pode ajudar a criar um canal de conversas mais adiante.
Sem clima
Diante das dificuldades entre governo e PMDB, a tendência é a presidente Dilma Rousseff esperar mais algum tempo antes de fazer o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves como novo ministro do Turismo. Esse capítulo deve ficar mais para frente, na fase da novela em que os atores começam a fazer as pazes e deixar de lado as rusgas que marcaram a trama.
Avestruz/ O senador Gladson Cameli (foto), um dos integrantes do PP a ser investigado por suspeita de participação no esquema da Petrobras, foi à tribuna e não deu uma só palavra sobre o caso. Comunicou que sobre esse tema falaria hoje. Esqueceu-se da famosa letra de Geraldo Vandré: “Quem sabe faz à hora não espera acontecer”.
Resumo da ópera/ Os tucanos resumem assim a situação: “Nos Estados Unidos, o pato manco é o presidente em final de mandato, ali, naquele período de dois, três meses. Dilma é um pato manco precoce, desgastada com dois meses apenas”, diz o deputado Marcus Pestana.
Mau agouro?/ Tem sido comum funcionários do Palácio do Planalto flagrarem gatos pretos passando zunindo nas imediações do edifício. Se brincar, daqui a pouco eles vão chamar uma mãe de santo para dar uma “limpada” na área.
Coisa de gente fina/ Alguns políticos dilmistas se referiram ao panelaço da noite de domingo como a “manifestação Le Creuset”, menção à grife francesa de panelas.
Apagão/ Pela primeira vez em 37 anos, o restaurante Piantella fechou as portas num dia útil, por falta de energia. Seus administradores entraram em contato com a CEB para chamar um técnico, mas nem se dispondo a pagar a taxa extra de R$ 70 para o serviço de emergência conseguiram resolver o problema. E o governo ainda tem coragem de dizer que nosso sistema elétrico é “robusto”.
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