Categorias: coluna Brasília-DF

O varejão dos votos

Ao mesmo tempo em que fechou as portas para uma reforma ministerial, o governo abriu as comportas de cargos e emendas para atender os políticos dos partidos aliados. Entraram no rol o Dnocs, diretorias do Banco do Nordeste, do Banco do Brasil, regionais da Codevasf e outros. A estratégia ajuda a conquistar um ou outro voto contra o impeachment, mas não garante que os partidos fechem questão em favor da presidente Dilma Rousseff. O PR, por exemplo, recebeu dez deputados no período em que vigorou a janela para mudança de partido. Muitos lá chegaram com posição fechada em favor do impeachment e não vão mudar. O PP, idem. Logo, as bancadas ficarão liberadas para escolher como votar.

Moral da história: se o governo quiser obter algum sucesso, será no pinga-pinga e não no atacado.

Michel na lida
A oferta de cargos a parlamentares não se restringe ao atual governo. O vice-presidente Michel Temer tem recebido muita gente interessada num naco futuro de poder. Quem tem levado parlamentares para conversar sobre esse tema com o vice é ex-deputado Sandro Mabel, do PMDB de Goiás.

Tarde demais
Alguns deputados que receberam cargos do governo estão com o seguinte raciocínio: como o pedido é antigo e só foi atendido agora, vale por votações passadas. Para o impeachment, é outra história. A nomeação de Ricardo Bezerra para diretor da Agencia Nacional de Aviação Civil e de João Maia para uma diretoria do Banco do Brasil são exemplos. Carlos Henrique Gaguim, do Tocantins, tido como padrinho da indicação da Anac, é contado no rol de favoráveis ao impeachment.

E os novos partidos, hein?
O sistema do Tribunal Superior Eleitoral para registro de novos partidos ficou fora do ar três meses, depois das novas regras do Tribunal para registro de agremiações partidárias. Só ontem voltou a funcionar. Agora, novas legendas virão para se somar as dezenas.

O intocável…
O governo não pretende mexer nas Docas do Ceará que são atribuídas a indicações do senador Eunício Oliveira, líder do PMDB. E por um único motivo: Eunício é considerado um dos mais equilibrados e pode promover a paz entre as bancadas no dia seguinte, se não houver impeachment.

… Termômetro
Foi para Eunício que a presidente telefonou a fim de saber os reflexos sobre o pronunciamento do senador Romero Jucá (PMDB-RR) em prol do impeachment. Eunício, segundo aliados, desconversou, dizendo que está focado no Senado, onde o processo não chegou.

CURTIDAS

Jefferson, campeão/ Ao chegar à sala de café do plenário da Câmara, Roberto Jefferson recebeu cumprimentos efusivos de diversos parlamentares e jornalistas. “Não tem um defensor do governo como você foi do Collor. Quem mais se parece com você é o deputado Silvio Costa, de Pernambuco, mas não tem a metade do seu talento na tribuna”, comentou o deputado José Carlos Aleluia

Ainda é cedo para contagens/ Aleluia era deputado nos tempos do impeachment de Fernando Collor e avisa aos navegantes: “Eu era indeciso em relação ao impeachment de Collor. Antonio Carlos Magalhães era o todo poderoso e cobrou votos em favor do presidente. Eu, três dias antes, avisei a Luís Eduardo Magalhães que não tinha como votar em favor de Collor”. Isso vai ocorrer aqui.

Walfrido, o contador/ Ex-ministro de Relações Institucionais de Lula, é Walfrido dos Mares Guia quem mais está ajudando o governo na contagem dos votos em favor da presidente Dilma Rousseff. Grande conhecedor da base aliada, identifica os indecisos e os leva para conversar com o ex-presidente Lul. Só não tem tido muito sucesso no PTB ao qual pertenceu por décadas.

Pensando bem…/ O fato de Jovair Arantes ser dentista provocou piadas ontem: “Ele é um Tiradentes às avessas: Tiradentes foi esquartejado. O Jovair está esquartejando. É a vingança dos dentistas!”, comentou um socialista.

Denise Rothenburg

Compartilhe
Publicado por
Denise Rothenburg

Posts recentes

Um Sidônio só não faz verão

Blog da Denise publicado em 18 de janeiro de 2024, por Denise Rothenburg Com a…

4 horas atrás

PT trabalha para segurar o PSB

Coluna Brasília/DF, publicada em 17 de janeiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito…

1 dia atrás

Tiraram o bode da sala

Coluna Brasília/DF, publicada em 16 de janeiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito…

2 dias atrás

A disputa pelo discurso da democracia

Coluna Brasília/DF, publicada em 15 de janeiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito…

3 dias atrás

As apostas de Lula

Coluna Brasília/DF, publicada em 14 de janeiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito…

4 dias atrás

Supersalários no Judiciário: 93% dos magistrados brasileiros receberam acima do teto

Coluna Brasília/DF, publicada em 12 de janeiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito…

7 dias atrás