Categorias: Política

Mercado e políticos querem projetos às claras para aceitar PEC da Transição

O caminho da PEC da Transição, também conhecida como “fura-teto”, sofre hoje duas pressões, uma política e outra econômica. Obrigatoriamente, passará pelo aval do presidente da Câmara, Arthur Lira, e, neste embalo, envolve a disputa pelo cargo no ano que vem. Lira avisou aos petistas que terá um comportamento republicano, mas quer um jogo às claras. Isso significa que se Lira sentir que o PT adotará uma postura de “amigo” e, nos bastidores, puxar seu tapete, a situação vai ficar difícil e o futuro governo obterá da Câmara, o velho ditado _ aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei. Ou seja, nada de jeitinho na hora de votar a PEC.

A pressão econômica vem do mercado financeiro e do empresariado, em sua maioria apoiadores de Jair Bolsonaro. Esses segmentos pressionam pela definição de uma equipe técnica para o Ministério da Fazenda, que será recriado, assim como o Ministério do Planejamento. Ou seja, estão mais para o perfil dos economistas André Lara Rezende, Pérsio Arida, Henrique Meirelles, do que de  um político.  Seja na economia, seja na politica, todos querem clareza de propostas e de propósitos.

Menos é mais

Na equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva há um consenso na ala dos economistas mais liberais de que a PEC da Transição deve ser enxuta. A ideia é não dar margens à transformação da proposta numa “árvore de Natal”, cheia de penduricalhos, o que abriria o apetite dos parlamentares.

Isonomia

A avaliação dos políticos aliados ao governo é a de que, se essa PEC vem recheada de promessas a serem cumpridas de imediato, os parlamentares, a maioria reeleita, também vão aproveitar o embalo.

Descanse uma rodada

As pressões políticas para a PEC da transição indicam que está muito difícil para Lula atender o aliado Renan Calheiros (MDB-AL), que adoraria ver o isolamento de Arthur Lira, seu maior adversário em Alagoas. Já tem gente dizendo que o momento é de Renan aceitar que, melhor se recolher agora, e trabalhar para eleger Renan Filho presidente do Senado daqui a dois anos.

A hora é agora

Na seara dos partidos aliados a Lula, a preocupação hoje é não deixar morrer a ideia de frente ampla que o presidente vendeu aos eleitores na disputa do segundo turno contra Jair Bolsonaro. Lula está disposto a fazer um governo de coalizão nessa área, mas o PT pressiona para ficar com os cargos mais importantes. Os pedidos do PT são naturais, mas não poderão ser cumpridos à risca. Se Lula seguir o modelo de 2003, quando os petistas ficaram com todas as pastas e estatais mais importantes, terá problemas.

CURTIDAS

Começou pela Bahia…/ O ex-ministro da Cidadania João Roma, que concorreu ao governo da Bahia, acaba de assumir a presidência do partido no Estado. Há previsão de outras mudanças.

…e não vai parar por aí/ Não está descartada uma mudança na direção do PL no Distrito Federal, onde a ex-ministra Flávia Arruda perdeu a eleição e agora corre o risco de perder a direção partidária para a deputada Bia Kicis (DF), a mais cotada do país.

Por falar em PL…/ A entrevista do presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, para firmar a postura de oposição ao próximo governo, abre o portal para o “varejo”. Já está certo que, quem quiser se alinhar ao futuro governo, não será punido.

A la PSD/ O presidente Lula está disposto a negociar primeiro a PEC nesses próximos dois dias, para votar rápido. O antigo PSD, dos tempos de Juscelino Kubitschek, combinava tudo antes de se reunir.

Denise Rothenburg

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