Categorias: Política

Governo Federal indicará novo secretário de segurança do DF

Enquanto o governo federal segue na busca de responsabilização pelos atos de vandalismo e terror que Brasilia viveu no último Domingo, no Governo do Distrito Federal a situação é se preparar para quando a governadora em exercício, Celina Leão, assumir novamente o controle da área de segurança pública, que segue sob intervenção até o final do mês. A ideia em curso, que vem sendo debatida, é permitir que o governo federal indique o secretário de segurança. Ou, pelo menos, haja uma escolha de comum acordo.

A ideia não é nova. Quando era governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque foi ao presidente Fernando Henrique Cardoso pedir uma indicação para a secretaria de segurança: “Já escolhi todos os meus secretários, mas quero que o senhor indique o secretário de Segurança. Cristovam era do PT e adversário do PSDB de Fernando Henrique. Fez isso justamente para evitar problemas nessa área.  A boa convivência entre governador e presidente da República permitiu à época que o general Cardozo, chefe da Casa Militar,  indicasse o general Gilberto Serra para a função. Agora, diante da crise instalada entre GDF e governo federal, a governadora em exercício, Celina Leão, já foi aconselhada a ouvir o governo federal, na hora de escolher o futuro secretário.

Ela ainda não tem um nome para o cargo. Porém, Diane do afastamento de Ibaneis por 90 dias, caberá a Celina nomear o futuro secretário de segurança. A governadora, conforme o leitor da coluna Brasília-DF já sabe, busca uma boa convivência com o governo federal. É aliada do presidente da Câmara, Arthur Lira, que tem ajudado e muito nessa relação. Celina começou sua conversa com o governo federal no fatídico Domingo, em que, depois de várias tentativas do ministro da Justiça, Flávio Dino, de conversar com o governador Ibaneis, ela foi procurada.  E ouviu um grito ao telefone, pouco Anes de 16h, quando começou a invasão ao Congresso, ao Planalto e ao STF: “Ou a senhora resolve essa crise em uma hora, ou vou afasta a senhora e seu governador”. A irritação de Dino, relatada por pessoas que acompanharam a cena, era fruto da falta de uma resposta do GDF sobre a escalda da tensão naquela tarde. Os manifestantes começaram a invadir o Congresso e avançavam para o Supremo Tribunal Federal. E o governador Ibaneis Rocha não atendia o telefone dos ministros do governo federal. Atônita e sem poder de comando, Celina, àquela altura do papel de vice, contou que iria à casa do governador saber o que estava acontecendo e garantiu que a polícia iria agir.  Lá, o governador, que se preparava para sair de férias, a autorizou a seguir até o Ministério da Justiça, acompanhar de perto a crise e a retomada do controle dos palácios.

Àquela altura da tarde, diante da demora de ação das Forças de Segurança do Distrito Federal e de um “estou chegando” por parte do comandante-geral da Polícia Militar, Fábio vieira, a decisão e intervenção federal já estava desenhada. E quanto mais avançavam os manifestantes, mais os ministros do Supremo Tribunal Federal e do governo federal caminhavam para pedir a prisão do governador. “Foi por um triz”, comentou um dos integrantes do STF.

Ibaneis disse a integrantes do MDB que estava certo de que o esquema montado para a posse, no dia 1, se repetiria no Domingo. Mas não foi isso que ocorreu. O contingente de policiais em 8 de janeiro foi mínimo. Ibaneis, então, se sentiu traído por Anderson torres, que, segundo relatos de emedebistas, antes de viajar, simplesmente desmontou a estrutura. Diante do desfecho da situação, com os três palácios da Praça dos Três Poderes depredados, restou a Ibaneis um lacônico pedido de desculpas. O pedido, depois da porta arrombada e arrancada do local onde ficam as togas do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal, atenuou mas não resolveu. O estrago e a demora das forças de segurança em chegar ao STF, requeriam, na visão dos integrantes do Supremo, uma punição ao governador. Depois de muita conversa com advogados, como Antonio Carlos de Almeida Castro, veio o afastamento.

Com Ibaneis afastado, Celina ganhou mais autonomia, mas, segundo seus aliados, viverá um dia de cada vez. Ontem à noite, no Planalto, a governadora recebeu a solidariedade dos demais governadores, mas foi obrigada a ouvir que houve falhas na segurança do GDF. para que não se repita, melhor ouvir o governo federal sobre quem será seu futuro secretário pós-intervenção. O erro de Ibaneis, dizem alguns, foi ter confiado que Anderson Torres era mais leal a ele do que aos Bolsonaro. Agora, está pagando o preço. Está afastado e não há certeza de que voltará. Celina trabalha para que o GDF mantenha sua autonomia. E, para isso, se for preciso, terá que entregar a indicação do secretário de Segurança ao governo federal. Nessa área, não dá para o governo federal dizer “bola” e o local, “quadrado”. Tem que haver uma linguagem harmoniosa e de proteção de todos os Poderes constituídos.

Denise Rothenburg

Posts recentes

Tragédia no RS trava licenciamento ambiental de projetos

Por Denise Rothenburg — Diante da tragédia do Rio Grande do Sul, o Instituto Brasileiro…

20 horas atrás

Tragédia no RS ajudou governo Lula a manter o controle de emendas parlamentares

Por Denise Rothenburg — A tragédia no Rio Grande Sul ajudou o governo Lula a…

2 dias atrás

Um teste no Congresso sem cheque em branco para Lula

Coluna Brasília/DF, publicada em 9 de maio de 2024, por Denise Rothenburg A Comissão Mista…

3 dias atrás

Emergência climática precisa entrar definitivamente nas resoluções do poder público

Por Carlos Alexandre de Souza — Se é verdade que não é o momento de…

4 dias atrás

Tragédia no Rio Grande do Sul tem mil faces

Por Denise Rothenburg — A necessidade de agir rápido para tirar as pessoas dos locais…

5 dias atrás

Reforma tributária: dois pontos ainda geram desconfiança nos empresários

DENISE ROTHENBURG — Empresários levantam dois pontos que prometem causar polêmica na discussão dos projetos…

6 dias atrás