Categorias: Política

Comunicação foi a gota d’água para a saída de Santos Cruz

General Luíz Eduardo Ramos Baptista Pereira substituirá Santos Cruz

Faltando menos de 30 dias para fechar seus primeiros seis meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro se vê numa situação de dispensar seu terceiro ministro, sendo o segundo do Palácio do Planalto e o primeiro militar a sair. Responsável pelo programa de parceria de investimentos e pela área de comunicação, o ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, cuidava de quase tudo. Sobreviveu bem, até bater de frente com o grupo mais ligado ao escritor Olavo de Carvalho, que criticou o agora ex-ministro abertamente no Twitter. Santos Cruz será substituído pelo general de Exército Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, atual comandante militar do Sudeste, de forma a não deixar a ala militar descontente. Resolvida a área militar, falta agora evitar novos embates entre o novo ministro e a comunicação de governo.

Uma das ações em estudo no governo, de forma a dar um “freio de arrumação”, é mexer nas atribuições da Secretaria de Governo. Não está descartada uma maior autonomia ao setor de comunicação, vinculando-o diretamente ao Gabinete Presidencial. Ao longo desses seis meses, havia ruídos em praticamente todas as reuniões de comunicação, tanto com os primeiros comandantes da Secom quanto o atual, Fábio Wajngarten. Esse setor também tem muita influência dos filhos do presidente, em especial, Carlos Bolsonaro, que invariavelmente concorda com as crítica do escritor Olavo de Carvalho a autoridades do governo.

Desde o início, os técnicos da área de comunicação governamental reclamam de cortes nessa área, estratégica para que o governo possa expor seus projetos. Chegou ao ponto de o ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamar com o presidente a respeito de cortes na campanha da Nova Previdência, crucial nesse período de apreciação da reforma nos plenários da Comissão Especial, da Câmara e do Senado. Há um consenso no governo que, para vencer a batalha, será preciso pressionar de fora para dentro do Congresso. E os sindicatos aplicaram cinco vezes mais em campanhas publicitárias. E Santos Cruz resistia a liberar mais recursos e estrutura para essa área.

Santos Cruz também teve um embate com o grupo politico mais afeito ao ex-presidente José Sarney, quando chamou o ex-senador Francisco Escórcio apenas para demiti-lo. Chiquinho, como é conhecido, funcionava no governo do ex-presidente Michel Temer como uma espécie de “posto avançado” do Executivo no Legislativo, dedicado a sentir a temperatura do Congresso em relação aos projetos do Planalto, de forma a antecipar possíveis problemas que possam afetar o diálogo entre os Poderes. Até aqui, não há um assessor da Secretaria de Governo que faça esse papel.  Os parlamentares,  por exemplo, reclamavam que Santos Cruz os recebia, mas os pleitos não tinham consequência. Eles esperam que o novo ministro tenha mais poder para atender levar avante os pedidos políticos. Ou que a Casa Civil, que mudou seus assessores, tenha mais condições de atender os parlamentares.

Denise Rothenburg

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