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Demissão de Bebianno não contamina reforma da Previdência

A depender do que dizem os deputados nos bastidores, a demissão do ministro da Secretaria-Geral da Previdência, Gustavo Bebianno, e a reforma da Previdência são estações separadas. Bebianno atuou na campanha, mas, em relação ao jogo que conta para aprovação da reforma, o congressual, não teve tempo de exercer muita influência nos partidos, a não ser, é claro, no PSL, uma legenda que enfrenta problemas internamente e, conforme já foi dito aqui, está a cada dia mais parecido com o PRN, que guindou Fernando Collor à Presidência da República. Por isso, o próprio presidente receberá a bancada de seu partido em breve, de forma a contornar as desavenças e tentar botar uma ordem unida nos seus parlamentares.

Quanto à reforma, o jogo sequer começou. Seu primeiro lance será o envio da proposta pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso na quarta-feira. A forma escolhida, o presidente ir pessoalmente ao Congresso levar a proposta de emenda constitucional, é sinal de deferência ao Parlamento. E com o texto em campo, é que o presidente começará os contatos políticos para sua aprovação __ e já com Bebianno fora da cena principal do governo.

A esperança do governo é a de que, aos poucos, esse episódio envolvendo o ex-ministro seja esquecido e o governo comece a cuidar do que realmente interessa. Não por acaso, o porta-voz do Planalto, general Otávio Rego Barros, tratou de outros temas no mesmo briefing em que comunicou a exoneração de Bebianno. O porta-voz mencionou não só o acompanhamento da saúde dos profissionais que trabalharam na tragédia do rompimento da barragem em Brumadinho (MG)< como também as obras e concessões que o governo levará adiante para cumprir as metas previstas para os 100 primeiros dias.

Quanto aos filhos, Carlos Bolsonaro, depois de sair vitorioso no embate com o ministro, recolheu os flaps. Está hoje mais ligado ao mandato de vereador do Rio.

Quanto ao episódio Bebianno, resta apenas algo que o governo não controlará: as ações e as falas do ex-ministro. Porém, dizem alguns, ainda que ele resolva falar, terá que ter provas do que vier a dizer. Caso contrário, soará como mágoa de quem perdeu uma queda de braço e passa para a história como o ministro mais breve de governos que, em tese, vivem os primeiros 49 dias na mais absoluta lua de mel. Sigamos, portanto, na espera dos próximos capítulos, onde na cena principal estará a habilidade presidencial para convencer o Congresso a aprovar a reforma.

Denise Rothenburg

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