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cheiro de fumaça

Nas conversas mais reservadas dos fiéis escudeiros de Dilma Rousseff, a avaliação é a de que a prisão temporária de João Santana tirou de cena qualquer possibilidade de diálogo com a oposição, em especial, o PSDB. As pontes para as conversas, que ainda estavam em fase de construção, ruíram e, com elas, a discussão de propostas para tentar salvar o que ainda resta da economia nacional. No Planalto, há a clara sensação de que a ideia dos oposicionistas hoje é juntar as crises política e econômica para, a partir daí, passar a ideia de que um novo governo tem a solução para os dois problemas.

O receio do Planalto é saber como se comportará o PMDB. Já é voz corrente no governo e na oposição que a parcela do PMDB que se mantém afastada voltou a se animar e a procurar o vice-presidente Michel Temer num movimento pró-impeachment. O sucesso da empreitada dependerá do que vier pela frente. Não é à toa que o clima de tensão é visível entre os palacianos.

Os trabalhos de Wagner

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, elencou três tarefas para cumprir até o fim desta semana: nomear o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) como ministro da Aviação Civil; o senador Humberto Costa (PT-PE), líder do governo no Senado; e, por fim, eleger Cacá Leão como líder do PP na Câmara. Cacá é filho de João Leão, vice-governador da Bahia.

Pendências

Deputados da CPI dos Correios, que investigou o mensalão, comentavam que jamais descobriram quem foi o depositante dos recursos que Duda Mendonça recebeu no exterior pela campanha de Lula. O publicitário Marcos Valério disse, à época, que não foi ele. Sabe-se apenas que a ordem partiu de Delúbio Soares, ex-tesoureiro.

Educação no TCU

O Tribunal de Contas da União se prepara para retomar hoje o julgamento do edital para abertura de novos cursos de medicina. O edital foi publicado no ano passado pelo Ministério da Educação, mas a divulgação do resultado foi suspensa em junho pelo próprio tribunal por suspeita de irregularidades e a ministra Ana Arraes, relatora do caso, pede agora o cancelamento e abertura de nova seleção. O governo tem pressionado no sentido de evitar o cancelamento.

A vingança

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, colocou em votação a proposta de emenda à Constituição do deputado Wanderley Macris (PSDB-SP) que aumenta os recursos da saúde. Os aliados de Cunha não veem a hora de assistir ao ministro da Saúde, Marcelo Castro, espremido entre o governo, que é contra a PEC, e a defesa de mais verbas para o setor. Castro na semana passada deixou o cargo por algumas horas só para ajudar a derrotar Hugo Motta, candidato de Cunha a líder do PMDB.

CURTIDAS

Olha o acarajé!!!/ O deputado Paulinho da Força (SD-SP) pretende levar várias barraquinhas de acarajé para a manifestação pró-impeachment que as oposições pretendem fazer em 13 de março. Tudo para lembrar o nome da 23ª fase da Lava-Jato, que atingiu em cheio o marqueteiro João Santana.

Olhar de Dilma/ A presidente tem reunido vários ministros para tratar das Olimpíadas 2016. Ontem, foram 15. A mágoa do governo é o pouco espaço que o assunto tem recebido na imprensa. Tem muita gente no Planalto reclamando que a mídia só fala de João Santana e há outras coisas que precisam ser divulgadas.

Mistério na Casa Civil/ Assessores da Casa Civil descobriram três páginas do ministério no Facebook, incluindo uma “Casa Civil residência”. O problema é que até hoje não se sabe quem criou os perfis. O governo agora vai pedir ao Facebook que tire as páginas do ar.

Praga palaciana/ O ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (foto) passou maus bocados na Espanha. Uma queda fez com que colocasse uma placa de titânio na perna esquerda e sete parafusos. “Foi o Planalto tentando derrubar o senhor?”, brincou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). “Nada, nem cheguei perto da Dilma!”, respondeu Tarso. “Ah, então foi um drone!”, completou o paulista.

Denise Rothenburg

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