Categoria: Agricultura
A presença do ex-presidente Jair Bolsonaro na reunião da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) rachou o grupo mais poderoso do Congresso Nacional e as associações e confederações que contribuem para o Instituto Pensar Agro, o braço técnico de planejamento da Frente. A presença foi considerada inoportuna, especialmente, por ocorrer num momento em que o agro tenta negociar com o governo. A avaliação de parte das entidades que compõe o IPA e parlamentares é a de que a pauta extensa da Frente __ marco temporal, agrotóxico, reforma tributária __ ficou em segundo plano. Bolsonaro participou da reunião a convite do deputado Luciano Zucco (Republicanos-RS), para lançamento da Frente Parlamentar Invasão Zero, uma “filha”da FPA. A pauta da frente-mãe ficou em segundo plano. A reunião-almoço, lotada, virou um convescote de apoiadores do presidente.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, considerado o sucessor natural de Bolsonaro, ficou em São Paulo. Com o ataque a uma escola ontem em São Paulo, não seria de bom tom, o governador aparecer em meio a uma festividade em Brasília.
Pautas polêmicas da Câmara uniu a “fome e a vontade de comer” de deputados
A pauta polêmica deste final de semestre terminou juntando a bancada ruralista, governadores e o terço da Câmara interessado em liberar logo as emendas ao Orçamento, travando os projetos. Entre reforma tributária, Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) e o novo marco fiscal, o único que caminha para ser aprovado é o marco fiscal. Os demais correm o risco de ficar para agosto. O Carf, por exemplo, tem resistências da bancada ruralista, o que serviu aos interesses da turma que pressiona pela liberação de emendas e cargos de segundo escalão.
Nesse embalo, o PL tenta aproveitar para colocar a reforma tributária como um projeto de governo x oposição. Porém, quem acompanha o dia a dia da política, sabe que o tema está em debate há anos.
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O teste é outro
Ao tentar fechar questão contra a reforma tributária, o PL fica ao lado dos governadores resistentes à proposta e joga essa reforma mais para frente. De quebra, trabalha para colocá-la como um teste de maioria para o ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Veja bem
O teste para o ex-presidente, hoje, é o projeto que reduz para dois anos a inelegibilidade, ou seja, quase uma “anistia”. Essa proposta tinha, até a o final da tarde de ontem, o apoio de 73 deputados.
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Senado, o céu do governo
Mesmo com apenas 39 votos a favor da nomeação de Gabriel Galípolo para o Banco Central (BC), o governo tem o que comemorar, uma vez que a presença na Casa era de 52 senadores. Se o projeto de anistia a Bolsonaro ganhar fôlego na Câmara, a tendência é o Senado “matar no peito”.
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Lula e a relatividade
O governo do presidente Lula até aqui não emitiu qualquer nota condenando a invasão de um convento de freiras brasileiras na Nicarágua, da organização Fraternidad Pobres de Jesus Cristo. A oposição promete usar mais esse caso para expor o presidente e o conceito de democracia relativa.
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Curtidas
A pressa/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não desistiu de tentar votar a reforma tributária ainda esta semana. Quer viajar no sábado, embora o recesso só comece em 17 de julho.
A hora das bases/ A Comissão de Educação do Senado aprovou o projeto de lei que confere ao município de Lagoa Dourada o título de Capital Nacional do Rocambole. A proposta do Aécio Neves, do PSDB-MG (foto), é um sinal de que o tucano continua de olho nas bases eleitorais.
De grão em grão…/ Lagoa Dourada tem 12 mil habitantes, fica entre Tiradentes e São João del Rei, terra da família de Aécio. Os deputados cuidam de grandes temas, como reforma tributária e lá vai, mas não podem esquecer da província. Afinal, é lá que estão os votos.
O Banco do Brasil aumentou o valor disponível para financiamento do plano safra 2020/2021. São R$ 11 bilhões acima dos R$ 92 bilhões oferecidos no ano passado. Ali, o agricultor poderá financiar também o maquinário agrícola, ou seja, tratores e colheitadeiras. Os valores serão anunciados ainda hoje. O agronegócio é a principal porta para tentar recuperar a economia nesse período de pandemia. A crise já resultou num aumento da taxa de desemprego para 12,6% e atinge 12,8 milhões de pessoas.
Governo destina R$ 236,3 bilhões para o plano safra e juros bem mais baixos
Num período de tantas incertezas, o governo decidiu apostar no setor que hoje representa a maior esperança do país para sair da crise econômica que veio no rastro da pandemia de covil-19. O Plano safra 2020/2021, a ser lançado daqui a pouco no Palácio do Planalto, destinará um total de R$ 236,3 bilhões. São R$ 13,5 bilhões acima do que foi investido em 2019, uma correção em torno 6% de aumento, quase três vezes a inflação do período. Serão R$ 179,38 bi para custeio e outros R$ 56,9 bi para investimentos, um aumento de cerca de 29%. Os juros caem para todas as faixas, chegando ao máximo a 6% ao ano.
A queda dos juros será maior para os pequenos produtores. Dentro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), os juros vão variar de 2,75% por cento ao ano até 4%. Atualmente, o valor mais baixo estava no patamar de 4,6%. A redução dos juros alcançará os médios e grandes produtores, com valores menores do que os atuais 8%. O plano terá ainda os olhos voltados à sustentabilidade com recursos para investimentos em bioinsumos e agricultura e pecuária de baixo carbono. Os detalhes do Plano serão conhecidos hoje, 16h30, em solenidade no Palácio do Planalto, comandada pelo presidente Jair Bolsonaro.
R$ 1 bilhão para pequenos produtores, em especial, agricultura familiar
Uma conversa entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, bateu o martelo sobre o apoio financeiro a produtores de leite, hortifrutis e, também, flores. O valor previsto é da ordem de R$ 1 bilhão. Metade desse volume, R$ 500 milhões, vai para o Programa de Aquisição de Alimentos, em parceria entre o Ministério da Cidadania e Conab, para aumentar também as compras da agricultura familiar. O intuito é garantir renda aos produtores e estoque para a distribuição em hospitais e clínicas de idosos.
A preocupação dos técnicos da área econômica é evitar que os produtores fiquem sem renda ou se vejam obrigados a parar a produção por falta de capital. Há um cuidado especial com os produtores de leite e laticínios, que perceberam nos últimos dias uma diminuição da venda de seus produtos.
Flores
Um dos setores que sentiu fortemente a queda da demanda nesta segunda quinzena de março foi o das flores. Esse pessoal trabalhava muito para eventos, como casamentos, batizados, festas em geral. Agora, esse público simplesmente desapareceu e cancelou tudo o que estava programado para abril, por exemplo. Com a decisão de hoje, o governo agora vai começar a mapear também outros setores que enfrentem dificuldades para evitar uma quebradeira geral. A ideia é atendê-los com esses recursos que os técnicos do governo prometem disponibilizar nas próximas semanas.