Parlamentares que estiveram hoje com o presidente Jair Bolsonaro chegaram ao Congresso comemorando. O presidente, antes de embarcar para Dallas, teria conversado com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e determinado que refizesse as contas a respeito dos cortes nos orçamentos das universidades. “Minha decisão é não cortar”, disse Bolsonaro a líderes aliados que estiveram ontem no Planalto. A notícia logo se espalhou no plenário. Porém, não havia sido divulgada oficialmente até o início da noite e a Casa Civil correu para desmentir. Entre os líderes, ficou a dúvida: Ou o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse ao presidente que não dava para recuar e dar a vitória à esquerda, ou o governo deixará esse anúncio para Weintraub fazer em sua exposição na Câmara, transformando o ato de protesto dos estudantes convocado para hoje numa grande festa de agradecimento ao presidente por rever os cortes. De quebra, um recuo dá ainda ao PSL o discurso de que tem um chefe do Poder Executivo sensível aos anseios da sociedade em termos de educação, não apenas no quesito armamentos.
A notícia de revisão nos cortes, se confirmada, leva o governo a dar um nó em dois adversários: Os partidos de esquerda, que perdem o discurso de ressurgimento do movimento de rua contra o governo e, de quebra, tira de cena o motivo que levou à convocação do ministro Weintraub ao plenário da Câmara, por um placar de 307 votos a 82. Se Weintraub chegar ao plenário hoje falando que não haverá mai cortes, será agraciado.
A avaliação política feita por aliados do presidente é a de que as primeira informações do governo a respeito das instituições federais de ensino superior mereceram aplausos, uma vez que não falavam em cortes e sim em cobrança de excelência no ensino e na produtividade tanto dos alunos quanto das pesquisas. Algo que ninguém em sã consciência iria para as ruas protestar. Os cortes, entretanto, não são recebidos da mesma forma. Afinal, não é possível cortar e ao mesmo tempo cobrar excelência. Quanto aos oposicionistas, dizem alguns, poderiam até mesmo usar o discurso de que a convocação dos atos de protesto e do ministro levaram o presidente a refazer a conta. Bolsonaro, pro sua vez, dirá que tomou essa decisão em defesa do ensino de qualidade e do poder de cobrar excelência das universidades públicas. Aí, é do jogo. O eleitor e o contribuinte que tirem as suas conclusões.
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