Deputados e ex-parlamentares que acompanharam a performance de Sérgio Moro em sua primeira incursão pelo Nordeste consideram que, até esta altura do campeonato, o ex-juiz acertou em sua caminhada. Não errou no tom e nem mesmo no uso do chapéu do couro em encontro com seus apoiadores na casa do deputado estadual de Pernambuco, Ricardo Teobaldo, do Podemos. O uso da indumentária, criticada por sulistas, foi visto por quem estava lá como um simbolismo de solidariedade aos anseios da população da região, de desenvolvimento econômico e social, projetos que Moro e muitos dos demais pré-candidatos trabalham para tentar tirar votos de Lula por lá.
A escolha de Pernambuco, e sua mega capital, Recife, para a primeira etapa da turnê de lançamentos do livro “Sérgio Moro contra o Sistema da Corrupção”, depois de sua terra-natal, o Paraná, não foi por mero acaso. Dos três maiores estados do Nordeste __ Bahia, Pernambuco e Ceará __, Pernambuco é o único não administrado pelo PT. Lá, o partido dominante hoje é o PSB de Eduardo Campos, o ex-governador que morreu num acidente de avião em plena campanha presidencial, em 2014. O PSB derrotou o PT tanto para o governo estadual, em 2018, quando reelegeu Paulo Câmara, quanto para a prefeitura, em 2020, quando João Campos, filho de Eduardo, conquistou a prefeitura do Recife.
As pesquisas qualitativas de quem entende das coisas por lá têm indicado que Recife é terreno fértil para investidas anti-PT e é atrás desses votos que Moro está. A contar pelas 600 pessoas presentes ao teatro do Shopping Rio Mar para o lançamento do livro e a maioria pagante de um ingresso a R$ 80,00, o terreno está fértil na classe média pernambucana e apoios políticos também. Lá estavam o ex-deputado Mendonça Filho, do DEM, hoje inclinado a ingressar na futura campanha do ex-juiz, assim como outras lideranças locais do Progressistas, como o deputado estadual Romero Albuquerque.
Hoje, o ex-juiz da Lava Jato estará em São Paulo para mais uma etapa da turnê de lançamento do livro, no teatro Renaissance. Outro terreno onde Moro e o Podemos pretendem investir em busca de votos, uma vez que o PSDB por lá encontra-se hoje dividido entre João Dória e Geraldo Alckmin, este de saída do partido. Para um recém-chegado na politica, Sérgio Moro começa a caminhar direitinho e com desenvoltura nessa seara, conforme avaliação de muitos tarimbados nesse terreno. Se não errar, vai dar trabalho ao PT e a Jair Bolsonaro, ambos na torcida por repetir o embate de 2018 e evitar enfrentar o desconhecido. Moro já se refere a essa polarização entre Lula e Bolsonaro como “um funeral” em que caberia ao eleitor “escolher a cor do caixão”. A analogia foi aplaudida no teatro do Shopping, onde a plateia que no passado votou em Bolsonaro caminha para o ex-juiz. Resta saber como reagirá o eleitor em outubro de 2022. Afinal, é lá na frente que a disputa será para valer. E, em eleição, quem comete menos erros no caminho é que leva a melhor. Até aqui, nesse “esquenta” da campanha, Moro não errou. Por isso, chega na política como um personagem que não pode ser desprezado.
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