Nas famílias árabes sempre têm comida boa… E farta! Antítese do prato único, a mesa levantina prima pela quantidade de ingredientes e aroma dos pratos. São diversos sabores oriundos de proteínas, como grão-de-bico e lentilha, mas a principal fonte são os laticínios – nunca frescos, sempre transformados em iogurte, queijo e coalhada. Além da carne de carneiro, que é campeã em todos os países do norte africano e do Oriente Médio.
Na família de Anice Abdala Bitar não foi diferente. A mãe, nascida na Síria, ensinou às seis filhas todos os segredos no preparo das refeições – do pão sírio, companheiro ideal para pastas e tabule, ao quibe, que é feito de carne de vaca, sendo que a versão crua vem com triguilho e condimentos.
“Ficávamos em volta da mesa preparando os recheios e enrolando os charutos em folhas de parreira, de repolho e de couve, mas só as mulheres”, lembra Anice, de 78 anos, natural de Pires do Rio (MG), que vive aqui desde a inauguração da cidade. O único irmão não participava da lida doméstica.
Comida de casa
Anice passou as técnicas para os quatro filhos – Nádia, Cláudia, Eduardo e André – nascidos do casamento com o sírio Kalil Massuh, realizado em Anápolis, em 1960. Os homens tocam restaurantes. Nádia faz bolos por encomenda. Eles transformaram a herança culinária em profissão.
“Restaurante árabe só presta se servir a comida que se come em casa.” Com esta máxima sempre proferida pelo pai, Eduardo abriu na 112 Norte, o Oriente Café, que funcionou por três anos. Em 1999, esta coluna publicava nota com o título de Banquete árabe, informando o menu da casa, seguido de show de dança do ventre, tudo por R$ 20.
Como naquela época, Dona Anice, a matriarca, acaba de treinar a equipe de cozinha do Árabe Gourmet, restaurante e empório aberto na 404 Sul, por Eduardo e a mulher, Susana. Trata-se de um espaço moderno com mais de 200 lugares distribuídos no salão térreo e na aprazível área externa bastante acolhedora e rodeada de verde. Entre as mesas, circulam os garçons vestidos com túnica e turbante numa alusão à indumentária típica.
Quase 20 pratinhos
A atração da casa é mesmo o menu degustação servido no almoço e jantar por R$ 59,90 por pessoa. Nele vem pratos frios, como coalhada seca, conserva de abobrinhas com especiarias, homus (pasta de grão-de-bico), quibe cru, pão sírio, salada de berinjela, salada de chanclich e tabule.
Na sequência quente, você vai se deliciar com os arrozes (carneiro, castanhas e grão-de-bico) com opção de frango, e com lentilhas. Muito popular no Líbano, as esfirras vêm em duas formas: fechadinha e assada e folhada aberta com o recheio aparente. Outro destaque são os charutos, dos quais, o de folha de parreira foi o que mais gostei, mas o de repolho tem um molho de tomate fresco muito saboroso. Falafel, quibe frito e kafta de carne bovina completam a degustação.
Também há um menu executivo com cinco combinações diferentes, cujos preços variam de R$ 39,90 a R$ 49,90. Cardápio semelhante pode ser encontrado no outro restaurante que Eduardo abriu em parceria com o irmão André Massuh, há quase dois anos, no Km 59 da rodovia Castelo Branco, próximo ao outlet de Alexânia, chamado Castelo 21. No bufê por quilo, ainda tem comida goiana e churrasco, com destaque para a costela de bafo. O telefone do Árabe Gourmet é 3548-4888.