Rio de Janeiro – No começo de 2011, quando o italiano Sandro Melarancci teve de deixar o comando do restaurante Belini, na 113 Sul, em função de sua transferência para Paris (a mulher, diplomata brasileira, havia sido designada embaixadora junto à Unesco), indicou para o empresário Gilberto Costa Manso o nome de Renato Ialenti, chef romano pertencente a uma família de músicos – só ele cozinheiro e ainda assim toca oboé nas horas vagas.
Casado com a brasileira Márcia Guimarães, de Volta Redonda, o chef italiano já trabalhou na Austrália, Nova Zelândia, Israel, Polinésia, Canadá e Estados Unidos, além da Itália, é claro, onde obteve uma estrela do Guia Michelin para o restaurante Il Cantico, em Roma. Em Brasília, ele também foi chef de cozinha da embaixada italiana. De volta ao Rio, prestou consultorias enquanto Márcia tocava um pequeno café, até que no fim do ano passado os dois montaram a trattoria em Copacabana (Rua Miguel Lemos 54), num pequeno espaço onde existem apenas 38 lugares.
Cozinha do campo
L´ulivo Cucina e Vini é a maior novidade do verão carioca. O nome significa oliveira em italiano, a árvore que produz um dos ingredientes fundamentais da culinária mediterrânea e símbolo de vida. “É uma planta milenar com uma representatividade muito grande na Itália, país com mais oliveiras no mundo”, explica Ialenti.
Desde que abriu as portas, a casa não parou de bombar. Eu mesma esperei mais de uma hora para obter uma mesa (não há reservas). Valeu à pena, porque a comida é incrivelmente deliciosa . Pratos simples, mas de sabor refinadíssimo em função dos ingredientes de primeira qualidade. “É o que eu quero mostrar: uma cozinha camponesa que usa ingredientes autênticos e respeita o modo de preparo dos pratos, sejam eles mais populares ou sofisticados”, afirma Renato.
O cardápio oferecido no almoço e jantar, de terça a domingo, abre com as sugestões da semana. Segundo a tradição romana, a cada dia corresponde um prato típico preparado com produtos frescos. Eu estive lá numa terça-feira e me deliciei com um linguine com favas verdes, anchovas e queijo pecorino (R$ 42). Na quarta, estava prevista rabada com polenta; na quinta, nhoque com linguiça toscana e costelinha suína e na sexta, casarecce (massa típica da Sicília) com bacalhau ao molho de tomate, azeitonas e alcaparras por R$ 49.
Sábado é dia de dobradinha e domingo de ossobuco com ervilhas e risoto de açafrão (R$ 66). Além disso, o menu oferece antepastos, com destaque para as brusquetas e focaccias recheadas, pastas, porchetta (leitão desossado) à pururuca italiana (R$ 48), filé-mignon com risoto e filé suíno.
Obra prima
Você também pode pedir uma bebida enquanto aguarda a mesa. Do lado de fora, há algumas banquetas. O vinho é outro ponto de destaque da casa, mas você também pode levar o seu rótulo, como fez o meu amigo Oscar Daudt, criador do site EnoEventos, no qual ele escreve uma coluna e comercializa vinhos com um sócio.
L`ulivo cobrou R$ 30 pela rolha de um chianti maravilhoso, o Riserva di Monna Lisa, produzido pela Vignamaggio, vinícola erguida na propriedade, onde Lisa Gherardini (a Mona Lisa) foi retratada pelo genial Leonardo Da Vinci. E até hoje, das janelas da pousada pode-se identificar o fundo do célebre quadro.
O cardápio ainda justifica a demora no serviço: “todos os pratos são realizados no momento do pedido com produtos frescos e nenhum ingrediente é pré-cozido, daí a espera é compensada com o frescor do prato”. Ah bom!