A breja da Califórnia
Parece que se está numa cidadezinha do Velho Oeste — até o trem de carga passa apitando à noite. Lá dentro, porém, descortina-se o espaço cervejeiro mais bonito de Brasília. São 1.500 m² de área cercada com um galpão no meio, que só pôde ser erguido no SIA, porque se trata realmente de uma indústria. Inaugurada em fevereiro, a Hop Capital Beer é mesmo uma fábrica de cerveja … artesanal (diz-se quando a cervejaria não pertence a um grande grupo econômico).
A novidade é o lançamento amanhã (26/5), a partir das 13h, com chorinho e banda de rock à noite, de 10 rótulos da bebida que estarão disponíveis em garrafas de 500ml. “Agora, elas poderão ser encontradas nos bares, restaurantes, supermercados e casas do gênero, se houver interesse”, estima o mestre-cervejeiro Paulo Cesar Borges, que desenvolveu cada uma das fórmulas — desde a West Coast (R$ 28), a mais antiga que se caracteriza pela grande quantidade de lúpulos americanos, até a mais recente, Trigo do Cerrado (R$ 23), que o brasiliense ainda não conhece. Ela segue um estilo muito consumido no sul da Alemanha.
Leve pra casa
Feita com 90% de água, malte, lúpulo e levedura, há inúmeros estilos de cerveja. Eu, por exemplo, amei a Flor de Hibisco, uma witbier com adição da flor, coentro e raspas da casca de laranja por R$ 23. Outra de muita personalidade é a Coronado Stout, Seca e sem qualquer dulçor, é uma cerveja puro malte escuro com aromas e sabores de café e chocolate. Sai por R$ 23.
As cervejas são fermentadas em grandes tanques de inox e posteriormente envasadas em barril ou garrafa. Você até pode ver o processo, porque de qualquer ponto do pub se tem acesso ao ambiente fabril. “O chope já era um sucesso e engarrafá-lo se tornou uma exigência natural do mercado”, diz Paulo Cesar Borges, um dos quatro proprietários da casa, ao lado do chef-restaurateur Gil Guimarães.
As demais brejas são: República Checa, uma tradicional pilsner, o estilo mais popular no mundo surgido em 1842 numa pequena cidade de nome Pilsen (R$ 18); East Coast, uma american índia pale ale com característica cítrica por R$ 28; Grand Canyon, estilo IPA feita com aromáticos lúpulus americanos, responsáveis pelo amargor, aroma e sabor; Hop Juice, considerada um suco de lúpulos e Tropical, que mantém as características da IPA, porém com baixo teor alcoólico (R$ 26). Outra IPA feita de lúpulo neozelandês, a Hop Mosaic completa a dezena com um aroma e sabor que remetem ao vinho branco e a frutas tropicais, como maracujá. O lúpulo, que em inglês se chama hop, é tão importante no fabrico da bebida que deu nome à casa, lembra o sócio.
Comidinhas ligeiras
Para harmonizar com o principal produto, o chef Gil Guimarães desenvolveu um menu enxuto, mas de extremo sabor, a começar pelos cogumelos orgânicos grelhados com alho e tomilho e os croquetes servidos numa porção de cinco unidades, feitos com maminha e a Coronado Stout (ambos por R$ 26 cada). Não falta o salsichão alemão (Bratwurst) no pão artesanal com aioli de mostarda ou com curry por R$ 24 cada um. Ainda tem um filé-mignon no palito com cebola e molho de tomate pelati com vinho (R$ 32); o filé de tilápia empanado na cerveja República Checa Pilsen (R$ 26) e o pastel de queijo da canastra (R$ 20).
Por trás do perfeito funcionamento das torneiras e do autoatendimento no balcão (você é quem retira o seu pedido), há uma história de muita dedicação e trabalho. Vizinho e amigo de infância de Gil Guimarães (ambos têm 48 anos), Paulo Cesar (conhecido por PC), formado em engenharia pela UnB, se tornou sócio desde o primeiro empreendimento, um bar-à-vin na Asa Norte, nos anos 1970. Dono de uma construtora, deu para o sócio o deque na Quituart, onde nasceu a Baco. Dali em diante, PC esteve em outras casas de Gil, quase oculto como investidor.
Nasce no laboratório
Tendo como hobbies cerveja, viagens e idiomas, o construtor morou na Europa, depois nos Estados Unidos, onde passou um ano e meio fazendo curso profissional de cervejeiro na Califórnia, em San Diego, “cidade que tem quase 400 cervejarias artesanais”. De volta a Brasília, instalou em casa, no Park Way, um laboratório, onde desenvolve as melhores receitas que é capaz de criar. Hop cervejaria funciona quarta e quinta-feira, das 18h à 0h; sexta, das 17h à 1h, e sábado, das 14h à 1h, no SIA, trecho 17, rua 3. Telefone: 3234-1720.