Qual gourmet brasiliense poderia imaginar que um templo da boa carne argentina, como foi o Corrientes 348 (esquina do bloco D da 411 Sul), poderia um dia abrigar um japinha — à base de arroz e peixe, como são todos —, e fazer senão igual, pelo menos, semelhante sucesso. Eu mesma hesitei muito em conhecer o Oma Japanese Experience por falta de tempo ou, talvez, de interesse.
Seis meses depois de aberta, a casa chega agora ao topo com preparações surpreendentes e sob o comando de uma dupla imbatível, que sabe equilibrar a função de chef de cozinha com a de sushiman. O resultado só podia ser positivo.
A quatro mãos
No princípio, era só Marcos Akaki, o chef que Tiago Boita e Leandro Caetano Pompeo, (proprietários da churrascaria que mais tarde transferiram para o Centro de Lazer Beira Lago e hoje se chama Otro Parrilla) contrataram para tocar o bistrô nipônico, cujo nome vem de omakase, palavra que significa “nas mãos do chef” ou “aos seus cuidados”.
Recentemente, a casa ganhou reforço do chef William Nishimoto, um sansei de 29 anos, que viveu no Japão desde os sete e veio morar em Luziânia depois que conheceu a futura mulher brasileira pela internet. William trabalhou na abertura do MaYuu Sushi, em Águas Claras, antes de estrear na Asa Sul.
Akaki é paulista, morou no Japão por 10 anos, e no Oma, as sobremesas são de autoria da filha Bianca Tiemi Kamakura, que se especializou em pâtisserie francesa e japonesa, daí a boa mescla do creme brûlée com pegada de gengibre; do chiffon cake com calda de frutas vermelhas e sorvete de creme (ambos por R$ 20) e do xoco oma, musse de chocolate belga com mix de sorvete de chocolate meio amargo, farofa de chocolate e ganache por R$ 21,90.
Festival
Na hora do almoço, você pode optar pelo festival Oma (R$ 79,90 de segunda a sexta e R$ 89,90 fim de semana e feriados), que serve pratos quentes e frios, todos feitos na hora de forma artesanal. Poderão ser até 20 sugestões ou quantas estiver a fim de degustar, entre as quais, cogumelos shitake e shimeji na manteiga com shoyo; sunomomo e harusame, um macarrão transparente em forma de salada fria, além de sashimis, sushis, uramaki (enrolado de alga com arroz por fora) e ossomaki (enrolado fino com alga). Tem ainda o temaki de gengibre raspado de cebolinha e o bolinho de salmão com molho picante. “A ordem dos pratos é o cliente quem determina”, explica Akaki.
No a la carte, eu gostei muito do carpaccio de haddock defumado e mujjoll, que é o caviar espanhol, com limão japonês yuzu. Só que o prato exige perfeita manipulação de hashis, porque os cortes são grandes; do contrário é melhor pedir talheres. Sai por R$ 38. Tempurá, considerado o símbolo da culinária japonesa, também é o ponto alto do prato preparado nessa técnica com ingredientes como camarão, abóbora e espinafre. Vieiras canadenses trufadas, outro must, vêm com raspas de limão siciliano e sal vulcânico do Havaí por R$ 47.
Pegada peruana
Entre as novidades está o trio oma especial, um prato de tiradito com peixes e temperos por R$ 70,90, no qual se pode escolher entre salmão com molho adocicado de ervas; atum com vinagrete de cebola roxa e a terceira opção, peixe branco do dia com molho ponzu e polvo ao curry e quinoa tostada.
Já caíram no gosto do cliente duas deliciosas entradinhas: uma de lâminas de atum coberta com fatia de foie gras selado temperadas com teriyaki, gengibre, cebolinha, flor de sal e caramelo (R$ 39) e outra chamada gunkan quail egg, finas tiras de salmão envolvendo o arroz do niguiri com ovas de salmão e ovo de codorna mal passado e temperado com flor de sal trufado por R$ 42.
Funciona todos os dias para almoço, a partir das 12h e no jantar, a partir das 19h até as 23h, domingo e segunda. Terça a sábado até a 0h. Telefone: 3245-8235.