Um terço dos turistas que visitam a França dizem que a razão da viagem é a gastronomia. Isto já é, por si só, motivo suficiente para o governo francês manter aceso o interesse pelos seus sofisticados sabores.
Depois de ver o mundo badalar outras culinárias, como a espanhola, a nórdica e a asiática, por exemplo, Paris saiu em campo para retomar a posição que lhe pertence de direito: nasceu na França a primeira escola de culinária do mundo e já, neste século, a gastronomia francesa foi a primeira a ser incluída na lista de patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco.
O brasiliense será brindado, na próxima terça-feira, com um especialíssimo cardápio francês que, será difícil escolher onde degustá-lo. Vinte restaurantes — seis a mais do que ano passado e o dobro do primeiro ano, em 2015 — participam do Goût de France, o evento que tem por objetivo promover a gastronomia do país de Alain Ducasse, um dos idealizadores.
“Não só os produtos ou as receitas, mas a gastronomia é como uma arte de viver e um momento de partilhar o prazer de estar entre amigos”, assinala o embaixador da França, Laurent Bili, na apresentação à mídia dos chefs participantes. Mais de 2.000 restaurantes nos cinco continentes participam da programação, que, no Brasil, será oferecida em 106 estabelecimento de várias cidades do país.
Junto e misturado
A essência do evento é a mesma, mas o formato ficou este ano mais amplo e abrange também outras cozinhas como a árabe, a indiana e até a peruana. A chef-restauratrice do Empório Árabe, Lidia Nasser, mudou para gigot d’agneau o nome do pernil de cordeiro, cozido durante sete horas, assado no forno em baixa temperatura e servido à moda árabe com cuscuz marroquino. Ela cobrará R$ 75,90, o menor preço da programação.
Outro estreante é o chef peruano do Taypá, Marco Espinoza, que foi buscar na memorável sopa de cebola francesa a introdução ao menu de ratatouille com magret de pato e molho de vinho da Borgonha. De nome francês, Saveur bistrot, aberto há oito meses, estreia também sob a batuta do chef Thiago Paraiso, que optou por servir coxas de rã com espuma de batata e azeite de trufas negras. Dia 28, a casa repete o menu.
William Chen Yen, que retornou ano passado ao circuito gourmet com La Table Cachée, servirá patê de foie, compota de frutas vermelhas e focaccia, além do peixe do dia com purê de cenoura, abobrinhas e farofa de cebola queimada e outras atrações como torta de chá verde. Já Luis Foschini, chef do Capim Dourado, no hotel Mercure, escolheu cogumelos frescos para compor a quiche e um duo de robalo e camarões para o prato de pescado, que antecede steak au poivre.
Mais de uma chance
A edição 2017 celebra a volta do Aquavit que, desta vez, traz leitoa assada com alfavaca, purê de banana da terra e taioba no lugar do bacalhau com purê negro de inhame e ovas da primeira edição. Simon Lau repete apenas o pirarucu defumado, que virá sobre leito de frutas cítricas e funcho. O menu estará em cartaz também na quarta-feira.
O restaurante Inácia Bistrô, que não deixa dúvida quanto à pegada francesa de sua cozinha, participa desde o início, cada vez com um chef diferente. Este ano, comanda o menu a jovem Thaís Dubeux com um tentador cardápio de endívias com queijo brie; alcachofra com tomate confit; ballotine recheado com farofa de baru e marreco na redução de balsâmico e mel com aligot. Sai por R$ 380 por pessoa, o preço mais alto do roteiro, e servirá vinhos franceses harmonizados com cada prato.
Em comum, os menus só têm a estrutura, pois cada chef criou cardápio inspirado na culinária da França, procurando seguir a hierarquia de entradas frias e quentes e a harmonia de pratos com vinhos, usando produtos locais da estação, mas também alguns de origem francesa, como queijos.
Veja a programação completa: www.goodfrance.com