Só agora que a Le Cordon Bleu, a escola de culinária mais renomada do mundo, está funcionando no Brasil mediante duas operações, uma em São Paulo e outra vindoura no Rio de Janeiro, se pode avaliar em profundidade o que Brasília perdeu. Prevista para abrir 20 anos atrás, no Centro de Excelência em Turismo da UnB, a instituição chegou a receber duas mil inscrições e nunca decolou.
Ainda bem que alguns candidatos não esperaram por quem nunca viria e foram em busca da formação profissional na sede em Paris (13-15 Quai André Citroën), um estabelecimento de mais de 120 anos de história. A escola está presente atualmente em 20 países com 35 operações. A cearense Alexandra Alcoforado, de 53 anos, cursou por dois anos (2008-2010) os três níveis do currículo até obter o Grand Diplôme, certificado que ostenta na parede do D.O.C Restaurante e Lounge, cujas panelas assumiu há pouco tempo.
Boas entradas
De volta ao Brasil, a chef diplomada teve um bistrô na terra natal estreando a nova profissão na praia da Peroba, litoral cearense, antes de vir a Brasília comandar o restaurante Inácia, na 103 Sul. Lá, ela ficou por dois anos fazendo um delicioso menu à base de aves, como frango e codorna. Apesar do sucesso dos pratos, ao partir para atuação individual, com passagem no Adriana Buffet, Alexandra mudou o foco.
“Eu estava um pouco fechada num cardápio limitado em aves e, ao mudar, me abri para uma gastronomia mais abrangente”, confessa a chef, que foi buscar nas apostilas da Cordon Bleu inspiração para elaborar o menu da nova casa. Bastante apoiado nas entradinhas, o cardápio inicial é tão bom que você até pode optar pelas pequenas porções, como a do polvo confitado e grelhado com bacon caramelado e tartare de manga (R$ 43) ou a panelinha de bourguignon com os cubos de filé-mingnon, cebola e cogumelos coberto por massa folhada (R$ 49 para duas pessoas) até o fim da refeição.
Bochecha e drinques
Outra entrada que merece destaque é a rã (coxa e sobrecoxa) empanada que vem no vinho branco por R$ 55. Entre os principais, há um lombo de bacalhau com batatas, cebolas e azeitonas pretas (R$ 82) e um cordeiro ao molho de vinho do porto com especiarias, cuscuz e purê de maçã (R$ 89), além de filé à moda francesa. Extremamente saboroso é o prato de bochecha de porco, servido com farofa crocante, que não está no menu, pois depende do fornecimento da matéria-prima. Quando tem, sempre faz sucesso, conta a chef.
A casa, que funciona no almoço e jantar (exceto domingo à noite e segunda-feira) é mais procurada à noite, daí oferecer uma atraente carta de drinques assinada pelo premiado mixologista Rinaldo Honorato (ex-Balcony), que prepara in loco criações próprias, como o deus grego, de uísque, yuzu, limão siciliano e espuma cítrica, por R$ 28.
No almoço, porém, você pode optar por um executivo, La Formule, em francês. São sugestões como balotine de frango com brie damasco e parma ao creme de milho e batata frita, na terça; ou risoto de confit de pato e compota de pera, na quinta. Saem por R$ 49, preço que sobe para R$ 59, de sexta a domingo.
Vinhos exóticos
Aberto há cinco anos na QI 21 do Lago Sul (rua abaixo da Sweet Cake) pelos irmãos Marcello e Ricardo Coimbra, que comercializavam vinhos, o D.O.C. passou por algumas mudanças até fechar um ano atrás. Há pouco tempo, o casal Mariana e Luiz Antonio Beltrão (ela enfermeira, ele advogado) assumiu o restaurante convencidos por Alexandra, prima de Mariana, que como a chef, também é neta de Inácia Barreto, a avó que primeiro ensinou os segredos culinários.
Sócio de uma banca de advocacia, Beltrão não se furtou a pesquisar vinhos raros para uma carta bastante exótica, que reúne exemplares gregos e búlgaros, como o surpreendente Syrah Irida da Grécia por R$ 130. Telefone: 2196-4271.