Paripueira (AL) – A partir de julho, a TAP inaugura ligação direta de Lisboa para Maceió, que será a primeira nova rota da companhia nos últimos cinco anos. Com isso, Maceió passará a ser o 11º destino da aérea portuguesa no Brasil, onde terão as frequências para as cidades de Natal e Belém aumentadas de três para cinco voos por semana. “Só em 2018, a TAP transportou 89% dos passageiros com voos diretos entre o Brasil e Portugal”, acentua Rogerio Carnevalle, Gerente Regional Centro-Oeste.
A rota para Maceió terá três frequências semanais. As saídas de Lisboa são às 17h15 com chegada ao destino brasileiro às 21h15, às quartas, sextas e domingos.Trata-se de uma antiga reivindicação do setor turístico alagoano, já que, no passado, houve voos que fizeram ligação direta entre a Europa e a “terra dos marechais”, trazendo turistas, especialmente italianos. Isso se deveu à existência do Village Pratagy, um dos primeiros resorts de praia do país, distante 25 quilômetros do aeroporto. Abriu em 1989 e, do finalzinho da década de 1990 até 2007, foi arrendado pelo grupo italiano Ventaglio, que adotou o sistema all-inclusive e construiu um teatro para shows noturnos de importantes artistas do mundo.
Presença italiana
Pouco antes da crise de 2008, o grupo Ventaglio faliu e o hotel reverteu para os seus donos, que mais tarde repassaram a administração para empresa ligada à CVC. Muitos italianos que vieram na época se encantaram com as praias de água morna e azul turquesa, areia dourada e estradas bordadas de coqueiros e passaram a investir aqui trazendo a cultura do país da Bota e a gastronomia italiana.
Paripueira, pequena e singela praia de 12 mil habitantes, uma das poucas que não foi contaminada pelo óleo, é um exemplo. Tendo como atrações o mar calmo e as piscinas naturais na maré baixa, reúne entre os moradores permanentes muitos italianos, alguns até famosos. Entre eles, Dino Porrini, ex-ciclista olímpico que competia em provas de ciclismo de estrada. Nos Jogos de Montreal, em 1976, terminou em 11º lugar o circuito de 100Km Contrarrelógio. Natural de Mantova, o atleta da bicicleta, que havia encerrado a carreira em 1980, veio ao Brasil em 2007, aos 54 anos, e se encantou pelas belezas de Paripueira, onde logo abriu um restaurante/pizzaria. “Aqui quero passar minha vecchiaia”, diz o italiano.
Para comandar a Barraca do Dino, de frente para o mar, veio o chef pernambucano Carlos Oliveira, de 43 anos. Formado em gastronomia pela Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, ele tem farta experiência na culinária japonesa e pratica agora a cozinha italiana com os ingredientes da terra e do mar. Destaque para o Chiclete de camarão cozido no azeite de dendê com cebolas, ervas e queijos acompanhado de arroz e batata ao molho bechamel. Há ainda o camarão no shitake; à parmegiana e a jangadeiro; moquecas, peixada capixaba e caldeirada de frutos do mar. Não faltam filés nem risotos ao menu, no qual o chef sugere ainda pratos com vieira, lagosta, polvo, lula e siri. A barraca também abriga forno à lenha, do qual saem pizzas deliciosas.
Rural chique
A dois quilômetros do mar de Paripueira, do outro lado da rodovia Al 101 Norte, fica a Fazenda Fiore, de propriedade de outro italiano, Francesco Fiore, que a adquiriu por causa do amor que sua mulher tem por cavalos. O casal vivia num condomínio em frente que não permite a presença de cavalos. O italiano então tentou alojar o animal na fazenda, mas a dona não aceitou. Aí ele falou: “Um dia, quando quiser vender, eu compro”. Um ano depois, morreu o marido e a fazendeira ofereceu a propriedade para Francesco, desde que ele conservasse a Mata Atlântica, que ocupa 83 dos 84 hectares. Ele usou um hectare para erguer o hotel cujo primeiro bloco foi inaugurado em 2005, com 10 quartos. Hoje, são 75, alguns tão requintados que têm até piscina na suíte.
“No verão, 90% dos hóspedes são italianos”, revela o napolitano Ciro Vincenti, especialista em turismo que há dois anos comanda a megaoperação. Funciona com quatro restaurantes, sendo que dois só à noite: a pizzaria e o à la carte, nos quais atuam dois chefs praticando cardápio internacional com foco em frutos do mar. Piscinas e lagos fazem parte do ambiente de vegetação exuberante no qual habitam diversos animais: avestruz, búfalo, porco. Horta e pomar abastecem a fazenda. O resort oferece o sistema day-use por R$ 28 por pessoa nos fins de semana e feriados. Durante a semana, sai por apenas R$ 25. A pé, fica a nove minutos da praia Sonho Verde. Reservas pelo telefone (82) 3293-2515.
Petiscos do mar
Também italiano, Giorgio Bresciani, nascido na Lombardia, conheceu Alagoas em 2006 durante as férias. Voltou em 2013 para ficar e abriu em Paripueira um restaurante, “porque sempre trabalhei com alimentos na Itália, onde tive uma salumeria”, conta ele. Há pouco tempo, Giorgio se aposentou e anunciou o ponto na internet, que foi visto pela catarinense Iliane Nissola, de 45 anos, residente em Sorriso, Mato Grosso. “Eu estava interessada em viver no litoral nordestino”, diz a chapecoense, que fez sociedade com o cunhado para tocar o negócio aberto no fim de novembro.
Chama-se Boteco da Nani, apelido da restauratrice, que está presente todas as noites das 18h à 0h (o cunhado e a irmã ainda não chegaram). Com a ajuda do pai, ela oferece o mesmo cardápio do Giorgio, executado pelas cozinheiras treinadas por ele. “Todo o abastecimento é feito em Maceió”, informa Nani, que compra na praia algum peixe fresco. Destaques do menu são os petiscos como anéis de lula crocantes, agulhinha frita e camarão à milanesa (R$ 35). Nos pratos individuais, há grelhada mista de lagosta, camarão grande e peixe em posta (R$ 45); filé de merluza à livoneza com polenta ao molho de tomate por R$ 32 e espaguete com frutos do mar (R$ 37). Fica na avenida Major Luís Cavalcante 120.