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Troca dos comandantes militares é a última cartada de Bolsonaro contra o lockdown nos estados

Depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), dizer que havia limites na relação do Poder Executivo com o Legislativo, foi a vez de os militares mostrarem a Jair Bolsonaro que as tropas não estão à disposição para fazer valer a frase “o meu Exército não vai defender lockdown”. A troca dos comandantes militares era a última cartada dentro da normalidade institucional a que o presidente recorreu para tentar fazer valer a sua vontade de voltar à normalidade, com pandemia e tudo. Ele já havia tentado uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) e tinha esperanças, ainda, numa nova lei que lhe desse respaldo, uma vez que não conseguiu um ministro da Saúde médico que despreze o distanciamento social.
Nesse sentido, resta a Bolsonaro apelar no discurso para que os governadores e prefeitos levantem essas medidas. Só tem um probleminha: quem está na ponta só vai abrir tudo se os índices de ocupação de leitos baixarem, como ocorreu no ano passado, antes da segunda onda. Sem vacinação em massa e ausência de um medicamento eficaz para todos os casos, o distanciamento é o que tem para hoje. O risco, avaliam alguns, é o presidente partir para o radicalismo, colocando seus seguidores mais fiéis contra os governadores. Ontem, por exemplo, foi um desses dias, com seus apoiadores nas ruas, defendendo o capitão. O volume, porém, ainda é considerado pequeno pelos aliados de Bolsonaro. Outras manifestações virão.

Fica esperto

Com a classe política pressionando pelas emendas ao Orçamento, e a área econômica chamando os políticos à realidade das contas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se viu obrigado a usar a única linguagem que assusta: se Bolsonaro não vetar o Orçamento, vai “pedalar” igual a presidente Dilma Rousseff. Daí que surgiu a carta em que o relator, senador Márcio Bittar (MDB-AC), anuncia o cancelamento de R$ 10 bilhões a fim de recompor as despesas obrigatórias, depois que o Orçamento for sancionado

Olha a lambança

A área técnica alerta que é bom o relator ter cuidado para que esse remendo não vire outra “lambança” no tema Orçamentário. A proposta já foi aprovada e só pode ser modificada por lei de iniciativa do Poder Executivo, ou uma “errata” por parte do relator, alegando equívoco técnico ou legal, que precisa ser aprovada pela Comissão Mista de Orçamento e pelo Congresso.

Troca de comando familiar

Nos últimos dias, aliados de Bolsonaro detectaram uma mudança entre os filhos do presidente. Carlos, o 02, está mais recolhido e Eduardo, o 03, é quem está cuidando das redes de apoio do pai.

Sem Exército, é preciso ter partido

Bolsonaro está convencido de que precisará de um partido maior para sua campanha reeleitoral. Teme que, numa pequena legenda e sem recursos, que é o caso do Patriotas, o de sua preferência, fique difícil levar a campanha adiante. Ficou de bater o martelo em março, mas, diante dos problemas, deixou para abril.
Juntos pela democracia/ Por iniciativa do ex-deputado e ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (foto), ex e futuros candidatos a presidente da República lançaram um “manifesto pela consciência democrática”, em que defendem a democracia e o respeito à Constituição, como valor maior, citando ainda a solidariedade. Assinam o documento Ciro Gomes, Eduardo Leite (governador do Rio Grande do Sul), João Amoêdo (Novo), João Doria (governador de São Paulo), Luciano Huck e Mandetta. A íntegra está no Blog da Denise, em www.correiobraziliense.com.br.
Bem aceitos por todos/ Ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) dá o tom da aceitação dos novos comandantes militares nos partidos de esquerda: “Conheço-os como homens de grande espírito público, que terão o desafio de manter as Forças Armadas como instituições de Estado a serviço do Brasil, e não do governo. Precisam atuar no sentido oposto do que faz Bolsonaro e garantir a unidade nacional para vencer os desafios da covid”.
Sai daí rapidinho!/ O novo ministro da Defesa, Braga Netto, estava com tanta pressa que esqueceu a foto oficial dos comandantes ao apresentá-los numa coletiva. Tudo para fugir às perguntas que ainda não foram respondidas. Em especial, o porquê da troca dos comandantes militares.
Hora da pausa/ Diante de tantas notícias nos últimos dias, é hora de uma pausa para tentar relaxar e recarregar as baterias. A coluna por esses dias fica a cargo do jornalista Carlos Alexandre de Sousa. Boa Páscoa a todos.
Denise Rothenburg

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