As expressivas manifestações de hoje indicam que o presidente Michel Temer não terá vida fácil. Nas ruas, o PT mostrou que ainda tem poder de mobilização. No Parlamento, o recado da entrevista do presidente Aécio Neves foi cristalino: “Ele precisa fazer uma DR com o PMDB”, disse em entrevista ao Globo. A entrevista e as manifestações mostraram que há insatisfações com esse governo nas duas pontas que disputaram o segundo turno da eleição presidencial de 2014. E Temer não se pode dar ao luxo de ficar espremido entre essas duas forças, atirado aos braços do fisiologismo, marca daquele miolo de partidos que navega ao sabor do governo de plantão __ leia-se PTB, PR, PP e outros menores. Ele precisa dos tucanos.
Obviamente, Aécio não partirá direto para a ruptura. Ainda é cedo para isso. Mas, se nada for feito com a ala do PMDB que largou o PT na última hora e agora quer mandar no governo Temer, a tendência do PSDB será o afastamento. E, nesse ritmo, não sobrará parceiro para as reformas que o país precisa. Temer sabe que não contará com os partidos mais alinhados ao PT para promovê-las. O PT foi para a oposição e de lá só sai quando um dos seus virar governo. A partir de agora, torcerá para que dê tudo errado no governo de Michel Temer, de forma a abrir o caminho para o retorno em 2018.
Temer também sabe que, sem um respiro na economia, as manifestações hoje a cargo do PT, ganharão maior volume na sociedade. E, sem as reformas, esse respiro econômico será menor. E, sem o PSDB, as chances de ter reformas são remotas. Logo, ele hoje não se pode se dar ao luxo de deixar que o aliado escorra pelos dedos. A ordem é agregar e a relação ficou ruim, depois que Renan arquitetou a manutenção dos direitos políticos de Dilma sem avisar o PSDB ou o DEM. Caberá a Temer, focado na economia, recompor esse diálogo, deixando os direitos de Dilma nas mãos do STF.
Veremos o que vem essa semana, quando o presidente terá suas primeiras conversas políticas depois da viagem à China. É importante notar também como se comportará o presidente do Senado, Renan Calheiros, que terminou servindo de pivô do primeiro mal-estar entre o governo e o PSDB. Essa semana dará o tom,.apesar de curta (começa apenas na quarta-feira, com a volta de Temer à cena nacional). Vamos observar.
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