Aos poucos o presidente Michel Temer vai apagando os holofotes em torno do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O primeiro movimento está nas entrevistas a programas de auditório em São Paulo. As imagens exibidas por Sílvio Santos, antes de chamar Temer ao palco não deixam dúvidas. Em 1990, coube à então ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Melo __e não ao presidente Fernando Collor __ defender o plano econômico no programa Sílvio Santos. Nos tempos de lançamento do Plano Real, foi Fernando Henrique Cardoso, ainda no papel de ministro, o entrevistado
sobre as mudanças na economia e não o presidente Itamar Franco. No Programa Sílvio Santos, quem estará nos lares dos telespectadores apresentando os bons indicadores econômicos e a reforma previdenciária é o presidente Michel Temer, e não o ministro Henrique Meirelles.
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Para muitos, esse protagonismo do presidente reforça o que ele já havia dito na conversa com a colunista Eliane Cantanhede, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, onde deixou claro que prefere Meirelles no Ministério. O gesto de defender pessoalmente a economia vai mais além. Mostra que Temer não dará a Meirelles o mesmo tratamento que FHC recebeu de Itamar Franco num tempo em que não havia reeleição.
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Não é a primeira vez que Meirelles e Temer concorrem por visibilidade na política. O peemedebista foi escolhido candidato a vice-presidente na chapa de Dilma numa vaga em que o PT, inicialmente, cogitava colocar o ex-presidente do Banco Central de Lula. Lá atrás, Temer venceu. Agora, ao que tudo indica, mais uma vez, Temer sutilmente fecha a porta da esperança para Meirelles.
Vulcão ativo
Muitos políticos começam a desfilar como candidatos felizes da vida, como se a Lava Jato estivesse extinta. Na verdade, a equipe da procuradora Raquel Dodge apenas tirou de cena os efeitos especiais. Rodrigo Janot preparava armadilhas e não evitava o vazamento de apurações pela metade. Dodge estancou esse sistema, mas o trabalho interno está a mil por hora. Mais lava sairá de lá em breve. É ilusão achar que acabou.
Por falar em candidatos…
A candidatura presidencial de Fernando Collor de Mello periga não vingar. Isso porque, se Renan Calheiros, quando presidente do Senado, não poderia assumir a Presidência da República porque era réu num processo, Collor, outro réu, também não poderá, conforme avaliação de muitos juristas. E quem deu a primeira liminar tirando Renan da linha sucessória foi Marco Aurélio Mello, primo de Collor. Depois, o plenário do STF decidiu por 6 a 3 que Renan poderia presidir o Senado. Porém, o senador não estaria mais na linha sucessória do Planalto.
Agora vai
Mal o Superior Tribunal de Justiça liberou a posse de Cristiane Brasil no Ministério do Trabalho, o PTB se mobilizou para que ela assumisse antes que Michel Temer embarcasse para o forum econômico mundial, em Davos, Suíça. Sabe como é, Rodrigo Maia, pré-candidato ao Planalto e no exercício da Presidência, é visto com um certo desconforto, em especial, entre os petebistas, que o enfrentaram na disputa pela Presidência da Câmara. (Atualização: Nessa madrugada, os planos do governo e do PTB foram por água abaixo. A presidente do STF, Carmem Lúcia, concedeu liminar suspendendo a posse. Detalhes no site do Correio)
CURTIDAS
Cenário perfeito…/ … Para eles. Muitos investigados torcem pela condenação de Lula só para ter discurso na campanha. Entre as excelências sob a mira da Justiça, vale o seguinte: “Se Lula está
condenado e pode ser candidato, quem dirá eu, que estou ‘só’ sob investigação”.
O número só vai crescer/ Prepare-se, leitor, para um desfile de pré-candidatos a presidente da República daqui até final de março. É que, com a janela partidária de 30 dias em março, muitos candidatos vão aparecer a fim de tentar segurar deputados federais.
Ele inclusive/ Rodrigo Maia, por enquanto, é visto como um desses candidatos, que se apresenta na tentativa de aumentar o poder de atração do DEM. Porém, se a candidatura ganhar corpo, ele concorrerá.
Difícil/ O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, disputará a reeleição sem o apoio de três ex-ministros de Temer, Bruno Araújo (Cidades), que já saiu do governo, e, ainda, Fernando Filho (Minas e Energia) e Mendonça Filho (Educação), que saem em abril.
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