Categorias: coluna Brasília-DF

Se é maldade…

… que seja feita já. O presidente Michel Temer foi aconselhado pela seara política a esperar um pouco, antes de partir para o aumento da Cide (Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico) sobre os combustíveis. O governo, entretanto, concluiu que o melhor é o inverso. Com o Congresso em férias, convém aumentar logo, enquanto a caixa de ressonância das ações governamentais está com volume mais baixo, sem tribuna para a oposição e nem para reclamações da base governista.
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Aliás, a base, em especial o Democratas, já deixou claro a Michel Temer que o partido passou todo o período dos governos Lula e Dilma Rousseff dizendo que não aceitava aumento de imposto. O partido foi ainda considerado ponta de lança da luta contra o antigo imposto do cheque, a tal Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, extinta há quase 10 anos. Portanto, quem fez nome nesse discurso não pode agora retroceder. Senão, dizem os democratas, o DEM ficará mais ou menos como o PT, que prometeu fazer tudo certinho, não admitir desvio de dinheiro público, e deu no que deu.
Desejos & acordos I
O fato de o DEM conter os movimentos para fazer de Rodrigo Maia presidente está diretamente relacionado a ponderações do partido sobre o mercado futuro, ou seja, eleição de 2018. Entre “pegar” uma Presidência da República agora, com pouco tempo e muitos problemas, o DEM prefere apostar no que parece mais sólido. Especialmente, no Rio de Janeiro e na Bahia.
Desejos & acordos II
Tanto na Bahia quanto no Rio de Janeiro, o PMDB está em viés de baixa. Na Bahia, o maior representante, Geddel Vieira Lima, cumpre prisão domiciliar. No Rio, o ex-governador Sérgio Cabral está preso, Jorge Picciani, doente. O ex-prefeito, Eduardo Paes, ainda que seja um nome, tem um futuro incerto. Enquanto isso, o DEM baiano tem o prefeito de Salvador, ACM Neto, apontado como favorito para o governo estadual e o do Rio, tem Rodrigo Maia.
Oi, alguém tem que ceder
A situação da Oi chegou num impasse. Quem tem dinheiro para investir mais de R$ 10 bilhões na empresa só pretende entrar se o controle acionário vier na bagagem. Os atuais controladores fecharam o aumento de capital em R$ 8 bilhões, considerados insuficientes para sanear a empresa. O governo apenas observa. No momento, trabalha com o “deixa estar para ver como é que fica”.
A hora da verdade
Ok, o ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, na comitiva de Michel Temer à Argentina é normal. Porém, Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo, e Bruno Araújo, das Cidades, foram com a missão de ajudar o presidente a organizar o mapa tucano pós-recesso do Parlamento.
Tamo junto/ Se o presidente Michel Temer tinha alguma dúvida da lealdade do ministro de Cidades, Bruno Araújo (foto), não tem mais. Nas últimas solenidades palacianas, foi Bruno quem puxou os aplausos para o chefe. Ontem, disse que fica até o fim do governo. Vale lembrar que, em 19 de maio, depois do vazamento da conversa de Joesley Batista e Temer, Bruno Araújo foi o primeiro a ensaiar uma saída do governo.
Política de resultados…/ As declarações de Lula ontem ao admitir os erros do PT e dizer que “o PT errou ao aceitar o jogo de fazer campanha nos moldes que os outros políticos faziam” estão diretamente relacionadas a pesquisas internas.
… E de votos/ A estratégia ao adotar esse discurso de que o partido nasceu para fazer diferente é tentar recuperar a confiança daqueles que elegeram Lula presidente da República em 2002.
Coincidência?/ Os petistas consideram que foi proposital o juiz Sérgio Moro determinar o bloqueio de R$ 9 milhões do fundo de aposentadoria de Lula justamente no dia em que o partido e movimentos sociais vinculados ao PT marcaram atos em apoio ao ex-presidente.
Denise Rothenburg

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