Categorias: Política

Risco de quebra de hierarquia leva Lula a anunciar ministro

Estava tudo pronto para que o presidente Lula anunciasse a primeira leva de ministros na segunda-feira, dia 12, logo depois da diplomação. Mas, ele preferiu desatar logo alguns nós. Diante das incertezas que vive o país, inclusive com risco de saída antecipada de comandantes militares, o que poderia levar a uma leitura de quebra de hierarquia, Lula decidiu anunciar antecipadamente os ministros considerados chaves para começar já a transição e evitar transtornos. isso em pleno dia do jogo do Brasil, o que não estava nos planos iniciais do presidente, um aficcionado por futebol. Pelo menos quatro dos ministros a serem anunciados __ Casa Civil, Justiça, Defesa e Fazenda __ são os mais estratégicos para qualquer governo. Especialmente, num cenário em que há parentes acampados na porta dos quartéis, pedindo intervenção. Vamos à importância de cada um.

Defesa: Na transição e fora dela, há quem tenha detectado um risco de quebra de hierarquia com a saída antecipada de comandantes militares. Isso porque, nas Forças Armadas, não há transição. Há apenas troca de comando depois da posse.  E, no momento em que os comandantes se preparam para sair antes, pode-se passar a ideia à tropa e aos escalões inferiores, de rejeição ao novo governo e ao presidente eleito. Agora, com José Múcio Monteiro anunciado ministro da Defesa amanhã, ele deflagrará as conversas com o meio militar com um peso maior, dissipando leituras e, como ele já estará atuando como futuro ministro, espera-se que ele dissipe qualquer leitura de quebra de hierarquia.

Justiça: A pasta inclui a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, acusada de fazer “corpo mole” quando do bloqueio de rodovias por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro logo depois de conhecido o resultado da eleição. Agora, caberá ao futuro ministro, Flávio Dino, começar a transição nas polícias.

Casa Civil: De lá saem decretos e leis. Por isso, é preciso ficar de olho no que está sendo preparado nesta reta final de governo. A partir de agora, o governador da Bahia, Rui Costa, terá condições de montar uma equipe que ajude a acompanhar de perto a Casa Civil, de forma a evitar surpresas.

Fazenda: Decidido a fatiar o Ministério da Economia e retomar o modelo anterior com ministérios separados para Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio, Lula anuncia logo o ministro da Fazenda para dar mais tempo à transição. O nome sobre a mesa para esse cargo é o do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que montará uma equipe mais técnica para os cargos-chaves da pasta, Secretaria do Tesouro, Política Econômica e tudo mais.

Há ainda a expectativa de que Lula anuncie o embaixador Mauro Vieira para Relações Exteriores a fim de colocar o Itamaraty no preparo das viagens que o presidente eleito deve fazer depois da posse, começando por Estados Unidos e Argentina.

Os anúncios desta sexta-feira devem ainda esvaziar ainda mais os gabinetes da transição. Lula, por exemplo, tem feito a maioria das conversas importantes no hotel onde está hospedado.  Agora, os novos ministros passarão a dividir as atenções.

Denise Rothenburg

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