Semana de temas explosivos

Lava Jato, as novas fronteiras em plena reta final das eleições
A operação e seus desdobramentos em outras investigações fez com que a Policia Federal e as forças-tarefas em curso chegassem cada vez mais perto dos políticos. Hoje, foi o ex-ministro da Fazenda de Lula, e da Casa Civil de Dilma, Antonio Palocci (leia post abaixo). Na semana passada, Lula virou réu e, dois dias depois, Guido Mantega, preso e solto. Mantega é acusado de ter negociado propina com o empresário Eike Batista, conforme relatado pelo próprio empresário. Palocci, com a Odebrecht. O mercado, onde Palocci, tem várias ligações, acompanha de perto os desdobramentos dessa prisão por causa das relações de Palocci com o sistema financeiro, em especial, o BTG Pactual, de André Esteves. Para completar a semana e as agruras do PT nessa seara, o STF deve decidir se indicia a senadora Gleisi Hoffmann, como beneficiária de dinheiro de caixa dois oriundo de propina. Recentemente, ela passou pelo constrangimento de ver o marido indo parar na cadeia e houve inclusive busca e apreensão em seu apartamento funcional.
Os petistas definitivamente não vivem um bom momento. O senador Lindbergh Farias foi xingado num restaurante no Rio de Janeiro e reagiu, chamando o agressor de “babaca” e “fascista”.

A quota do PMDB…

Não é apenas o PT que tem passado constrangimentos com as operações em curso. Na última sexta-feira, foi a vez do PMDB e seus caciques ficarem na defensiva, diante da autorização para que sejam feitas investigações preliminares a fim de averiguar a veracidade das denúncias do ex-presidente da Transpetro Sergio Machado, sobre doações eleitorais oriundas de propina. Por isso, parte da cúpula do PMDB volta das eleições na próxima semana em alerta com receio de virar alvo preferencial dos procuradores. Afinal, com a Lava Jato em cena, nenhum deles está tranquilo.

…E a do governo

O presidente Michel Temer bem que ficou fora das eleições para evitar problemas. Todos os dias ele pede para que os ministros evitem polêmicas , mas nada resolve. Esse fim de semana foi a vez do ministro da Justiça, Alexandre Moraes, abrir a boca num evento de campanha tucano em Ribeiro Preto, terra de Antonio Palocci, para falar de nova fase da Lava Jato. Está feita a confusão: ministro não deve falar sobre operação da PF. Ainda mais num palanque eleitoral. Já tem gente do próprio governo Temer com saudade de José Eduardo Cardozo, o ex-ministro de quem até o PT reclamava por deixar a Lava Jato correr solta. Aguarda-se uma resposta do governo.

Temer longe dos palanques
No segundo turno não será diferente. Seja João Dória, Celso Russomano ou Marta Suplicy, num segundo turno, Temer terá ai dois aliados. Algo que torna impensável a participação do presidente num segundo turno. E, dada a tendência de uma final entre João Dória e Marta Suplicy, ambos em viés de alta enquanto Russomano está em viés de baixa, aí é que Temer tende a ficar fora mesmo. Tudo para evitar que o PSDB fique melindrado. O PMDB, entretanto, está fechado com Marta.

O PSDB tenta conquistar terreno importante rumo a 2018. Uma vitória de João Dória em São Paulo fortalece Geraldo Alckmin, e em Belo Horizonte, João Leite, reforça Aécio Neves.

Quanto ao PT, seu desempenho é um capítulo à parte nessa disputa. O partido só está bem nas pesquisas em Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO). Nas demais, ao que tudo indica, acabou aquele tempo em que Lula chegava e fazia a diferença na reta final. Nem mesmo em Recife, onde o PT tem chance de chegar ao segundo turno numa final entre o prefeito Geraldo Júlio e o petista João Paulo Lima, é difícil o PT emplacar, porque a maioria dos eleitores dos demais candidatos é anti-PT.

Quanto ao PMDB, embora esteja bem em muitas capitais, o Rio de Janeiro olímpico de Eduardo Paes não parece disposto a acompanhar o pedido de votos em favor de Pedro Paulo. E o fato de 40% dos eleitores admitirem mudar o voto deixa a Cidade maravilhosa com a situação mais imprevisível das grandes capitais. Nunca antes tivermos tantos lugares com segundo turno.

O DEM joga tudo em Salvador. Quer sair de lá com chances de retomar, em 2018, o controle político da Bahia, algo que o partido não tem desde os tempos de ACM.

As eleições estão marcadas para o próximo domingo, 2 de outubro. A Propaganda eleitoral no rádio e tevê termina dia 29.

Previdência, outro assunto explosivo

O presidente Michel Temer aproveita os próximos dias para tentar organizar internamente seus atores políticos, a comunicação e, ainda, mostrar serviço. Nesta terça-feira, ele sancionará a MP nº 733/2016, que autoriza a liquidação e a renegociação de dívidas de crédito rural de agricultores das regiões Norte e Nordeste e também de estados do Centro-Oeste. Quer ainda arrumar a a base para a votação do teto de gastos, para conclusão da votação ainda este ano. O problema são os prazos. A previsão é que o Senado comece a apreciar a proposta em meados de novembro, restando assim pouco tempo para a votação da PEC em dois turnos. O fundamental dessa medida é sinalizar que o presidente tem uma base capaz de aprovar emendas constitucionais, leia-se reformas.

Previdência
A reforma da Previdência deve ser encaminhada ainda esta semana ao Congresso, mas há uma divisão no governo sobre a data. Há quem diga que encaminhar agora será usado na eleição, em especial, no segundo turno em várias capitais. O governo, entretanto, prefere mandar um sinal de que está cuidando dos gastos. Daí, a pressa em encaminhar o projeto. De explosivo na Casa já tem a reforma do ensino. Se juntar com a reforma da Previdência, será confusão na certa. E, de confusão, leitor, há quem diga que para esse fim de ano já basta a Lava jato.

Mas, vamos em frente! Boa semana a todos!

Denise Rothenburg

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