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Renan e Dirceu

Renan não quer ser Dirceu

Como um dos mais influentes políticos que tiveram o nome envolvido na Lava-Jato, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), age, a partir de hoje, de olho nos desdobramentos do mensalão e do calvário vivido pelo superpoderoso ministro da Casa Civil nos tempos do escândalo, José Dirceu. Abaixo do então presidente Lula, Dirceu era, na avaliação dos aliados de Renan, o mais poderoso dos enroscados no esquema. Agora, os amigos de Renan sentem que é o senador do PMDB de Alagoas que está nesse papel. Logo, pela lógica do Poder Executivo que prevaleceu no mensalão, agora seria de Renan o “pescoço” a ser oferecido à guilhotina, de forma a dar uma resposta à sociedade. Essa situação ele não aceita. Por isso, está possesso. E jogará com todas as armas que tem para sair desse canto do ringue. 

Esquisito

Os petistas ficaram atônitos com a menção feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao nome da presidente Dilma Rousseff, dizendo não ter competência para investigá-la. Para muitos, é sinal de alguém tentou envolver Dilma no processo por causa dos tempos em que era presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Ela ficou tão possessa quanto Renan.

A vingança de Paulo Roberto

Parte dos políticos do PP incluídos no rol de investigados da Lava-Jato vai usar como argumento político para alegar inocência o fato de não se relacionarem com os antigos controladores do partido — aqueles enroscados no mensalão e que agora estão no petrolão. Muitos acreditam terem sido incluídos apenas por pura vingança de Paulo Roberto Costa.

Sobe & desce

Com os senadores Renan Calheiros, Romero Jucá e Valdir Raupp incluídos nos pedidos de abertura de inquérito feitos por Rodrigo Janot deixa livre e à vontade para voar no Senado apenas o líder da bancada, Eunício Oliveira. Por isso, não será surpresa se a presidente Dilma Rousseff terminar se afastando de Cid Gomes, o ministro da Educação que já começou a criar problema com o Parlamento.

Governo na berlinda

Com os senadores petistas Humberto Costa (PE), Gleisi Hoffmann (PR) e Lindbergh Farias (RJ) incluídos no rol de investigados da Lava-Jato, o governo perde fôlego na defesa de seus projetos no Senado. Os três são os que mais ocupam a tribuna para responder a ataques da oposição, que teve apenas o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) inserido na listagem.

É apenas o começo I

As reclamações de Renan Calheiros sobre a falta de acesso às suspeitas que pesam contra ele no caso da Lava-Jato não têm sustentação. É que, na avaliação dos procuradores, a necessidade de acesso a tudo só ocorre quando o Supremo Tribunal Federal aceita o pedido de abertura de inquérito, o que ainda não tinha ocorrido até ontem. Isso significa que as excelências incluídas na lista ainda vão sofrer um longo desgaste pela frente. Afinal, agora começa apenas a investigação. Depois, virão as ações penais. 

É apenas o começo II

A perspectiva de o presidente da Camargo Corrêa confirmar que há algo de podre no reino de Belo Monte assusta o PT assim como a delação de Paulo Roberto Costa assustou o PP e colocou quase toda a bancada do partido no caminho do cadafalso.

CURTIDAS

Maratona Lava Jato I/ Com a experiência de quem já viveu muitas crises e viu muitos passarem por apertos, o deputado Heráclito Fortes (foto), do DEM-PI, já tem seu veredicto para os envolvidos na Operação Lava-Jato: “Será uma morte lenta e dolorosa”.

Maratona Lava-Jato II/ Heráclito não deixa de ter razão. Os nomes anunciados estarão todos os dias na roda: uma testemunha que vai ali, outra acolá. E até se chegar a uma conclusão, lá se vão alguns anos.

Uma vez líder…/ Jandira Feghali, líder do PCdoB, reclamava da distribuição das comissões técnicas da Câmara, quando o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pegou o papel alheio: “O PMDB tem o direito…” Não conseguiu terminar a frase. “Epa! Quem fala pelo PMDB é o líder!” Leonardo Picciani, então, entrou em cena. 

Cargos da sorte/ A última CPI a contar com sub-relatores foi a dos Correios. José Eduardo Cardozo virou ministro da Justiça. Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro; ACM Neto, de Salvador, e Gustavo Fruet, de Curitiba.

Denise Rothenburg

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