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Promessa de acabar com a reeleição pode aproximar Moro e Doria

Recém-chegado à seara da política, o ex-juiz Sergio Moro apresentará à disputa pré-eleitoral um trunfo de expectativa de poder para potenciais aliados: o anúncio, desde já, de que vai propor o fim da reeleição. Nesse cenário, qualquer candidato que venha a ocupar a vaga de vice na chapa do Podemos chegará com ares de presidenciável para quatro ou cinco anos depois, a depender da emenda que for aprovada no Congresso.

Há quem se refira a essa perspectiva como algo parecido com inquilino que tem direito de “compra”, em caso de venda do imóvel. Essa concertação, se levada adiante, interessará, inclusive, a João Doria, o pragmático governador de São Paulo, caso seus índices nas pesquisas continuem muito abaixo daqueles apresentados pelo ex-juiz da Lava-Jato. Até aqui, porém, a polarização permanece, e ainda há dúvidas se será possível quebrá-la.

Jogada no escuro

É bom o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin pensar duas vezes antes de topar ser vice de Lula. É que o PT não fechará o nome para vice tão cedo. Se o partido e Lula concluírem, em maio, que o melhor perfil para a vice é o de uma mulher ou de alguém do Nordeste, os petistas não terão a menor cerimônia em dizer a Alckmin que o cenário mudou.

E sem condições
Só tem um probleminha: será tarde demais para o quase ex-tucano garantir uma boa legenda para concorrer ao governo de São Paulo. Afinal, embora Geraldo Alckmin tenha muito prestígio no estado, as coisas estão adiantadas, e ninguém pretende ficar esperando que ele se movimente no cenário.

Blindado
Ao dizer no evento de Joe Biden que o Brasil está há três anos sem casos de corrupção, o presidente Jair Bolsonaro confia que, de qualquer coisa encontrada no seu governo, a culpa recairá sobre terceiros. O caso das emendas do relator, por exemplo, será idêntico ao que houve no escândalo do Orçamento da década de 1990, no qual o desgaste foi debitado da conta de deputados, senadores, governadores e prefeitos.

O contraponto
Com a visita à Argentina esta semana, Lula completou mais um país com o qual Bolsonaro apresenta dificuldade de relacionamento. O primeiro foi a França. Outros virão antes do período eleitoral para coleta de imagens a serem
usadas na campanha.

As “trajanistas”/ Ao participar do seminário Por estas e por outras — a Justiça pelo olhar de mulheres, a empresária Luiza Trajano recebeu uma declaração para a Presidência da República, por parte da economista Maria Sílvia Bastos Marques. “Sei que você não é candidata a presidente da República, mas é minha candidata, tá?”, comentou Maria Silvia.

As “trajanistas” II/ A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, sempre discreta e firme, não escondeu a sua preferência. “O ministro Edson Fachin vai assumir o eleitoral no ano que vem. Quem sabe uma prosa com ele não a faz mudar de ideia?”, comentou Cármen Lúcia.

A visão dela/ Luiza, entretanto, está firme na recusa de ingresso na política. “Não sou candidata, já estou avisando”, afirmou. “Nem a vice?”, quis saber a coluna. “Vice ainda é pior, você tem de concordar com tudo o que o outro fala.”

Agora é que vale/ Acostumados a desprezar as pesquisas que apontam o favoritismo do ex-presidente Lula, os bolsonaristas não tiram os olhos dessas medições. Acreditam que a popularidade do presidente tende a melhorar, por causa do Auxílio Brasil de R$ 400, pagos a partir desta semana.

Denise Rothenburg

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