Categorias: coluna Brasília-DF

Os recados não escritos

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, entregou ao vice, Márcio França, a última palavra na reunião de seu secretariado nessa segunda-feira, que deve ser a última a juntar todos, inclusive presidentes de estatais, antes de o tucano deixar o cargo. O fato de Alckmin entregar o encerramento do encontro a França foi para mostrar que ali não tem divisão. É um time só. Logo, Alckmin não perdeu o interesse em manter o PSB na sua órbita e nem a parceria com Márcio França.

O segundo ato do dia seria ontem à noite, na reunião do diretório estadual do PSDB. No encontro, discute-se a perspectiva de adiar a escolha do candidato a governador para maio. Para bons entendedores, é mais um sinal de que Alckmin não quer João Doria como candidato à sua sucessão. Assim, se ficar tudo para depois, Doria teria de deixar a prefeitura sem a certeza da candidatura. É um risco muito grande para quem tem hoje a gestão de um dos maiores orçamentos do Brasil, é jovem e pode, perfeitamente, agregar mais valor para, no médio prazo, buscar voos mais altos.

Uma certeza, duas estratégias
O PT caminha para Porto Alegre com a sua cúpula achando que Lula será condenado. Nesse sentido, todo o movimento hoje será para conseguir influenciar, pelo menos, um dos desembargadores. A avaliação é a de que, se o resultado der 2 a 1, o partido terá mais condições de jogo. Se for 3 a 0, ficará mais difícil pular essa fogueira e aí, o jeito será redobrar o movimento de rua.

Até aqui…
A ordem petista de ocupar o Brasil em defesa do ex-presidente não se cumpriu. Nem antigos aliados toparam largar seus afazeres para apoiar Lula nos atos programados para hoje.

PSB de olho em Jarbas
Depois que Fernando Bezerra Coelho ingressou de mala e cuia no PMDB, o deputado Jarbas Vasconcelos não descarta uma mudança de partido. E olha que, para ele mudar, é sinal que a convivência com os peemedebistas está mesmo insustentável. Afinal, Jarbas é do velho MDB de Ulysses Guimarães, e não desse que será criado agora.

Eterna rivalidade
Os socialistas pernambucanos podem até apoiar o ex-presidente Lula, se ele escapar de uma condenação. Porém, se o candidato do PT à Presidência da República for o ex-governador da Bahia Jaques Wagner, a tendência é o PSB do governador Paulo Câmara buscar outros caminhos. É a velha briga entre Bahia e Pernambuco
pelo protagonismo no Nordeste. Se Jarbas entrar, aí é que o PSB ficará longe do PT.

Na trave/ O governo torceu como pôde para que a relatoria sobre a suspensão da posse da ministra Cristiane Brasil caísse nas mãos do ministro Gilmar Mendes. Agora, rezam para que uma luz ilumine Carmem Lúcia, sobre a impropriedade de se o Poder Judiciário suspender uma ministra que cumpriu rigorosamente com as obrigações determinadas pela Justiça do Trabalho nos processos que respondeu. Para completar, nomeação de ministro é atribuição exclusiva do presidente da República.
Sobrou pra ele/ Aliados de Lula ensaiam colocar sobre os ombros do advogado Cristiano Zanin (foto) a responsabilidade sobre um resultado desfavorável no TRF-4. “Lula deveria ter contratado um medalhão”, e “Zanin é muito novo, não poderia ter confrontado Sérgio Moro”, é o mínimo que alguns dizem nos bastidores.

Pensa que acabou?/ Quem conhece o ex-presidente, entretanto, avisa que é melhor a turma parar de falar mal do advogado. Afinal, Lula tem um longo caminho de processos pela frente. Ou seja, a novela jurídica ainda está na primeira fase.

Collor, o retorno/ O senador Fernando Collor já está de volta a Brasília, cuidando da pré-campanha presidencial. Se Lula pode ser candidato, ele, também. Em conversas reservadas, analistas têm dito que Collor, hoje mais experiente sob o ponto de vista político, pode, inclusive, tirar votos de Jair Bolsonaro.

Denise Rothenburg

Compartilhe
Publicado por
Denise Rothenburg

Posts recentes

Deputados federais e governador do Piauí se reúnem com Hugo Motta em Teresina

Por Eduarda Esposito — O deputado federal e candidato à presidência da Câmara dos Deputados Hugo Motta…

19 horas atrás

Não mexam com quem está quieto

Da coluna Brasília-DF publicado em 21 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg Revelado o…

2 dias atrás

Tentativa de golpe provoca racha entre partidos conservadores

Os líderes de partidos mais conservadores se dividiram em relação aos reflexos políticas relacionados à…

3 dias atrás

De legados e fracassos

Da coluna Brasília-DF publicado em 19 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda…

4 dias atrás

Galípolo baixa expectativas de juros do PT

  Da coluna Brasília-DF publicado em 17 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg com…

6 dias atrás

Anistia é problema de Lira e vai para o fim da fila

Da coluna Brasília-DF publicado em 15 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda…

1 semana atrás