Categorias: Política

O teste dos limites

Enquanto os black blocs testavam os limites do governo e do Congresso na Esplanada dos Ministérios e jogavam a isca para que houvesse a convocação do Exército ou da Força Nacional, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, começou a testar os limites da bancada. Para bons entendedores, ele cava uma porta de saída da legenda e abre a da chamada Frente Brasil Popular, capitaneada pelo PT.  Ali, no partido de Michel Temer no Senado, desenha-se uma guerra de titãs. O primeiro embate público foi feito ontem, com Renan na tribuna fustigando Temer. Romero Jucá respondeu, desautorizando qualquer um que, em nome do PMDB, diga que o partido não apoia o presidente. E ainda se referiu ao discurso de Renan como “bobagens”.

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Em tempo: o que mais irritou o governo foi saber que Renan Calheiros participou do jantar na casa da senadora Kátia Abreu, na terça-feira, em que senadores do PT, do PTB, do PCdoB e alguns representantes do PMDB discutiram abertamente nomes para suceder um presidente que garante não renunciar. É o esgarçamento das relações políticas.

Rodrigo em campanha

O DEM jura que tudo o que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem feito é no sentido de ajudar o presidente Michel Temer. Porém, nos demais partidos, há quem aposte que a insistência em demonstrar poder de comando para votar as reformas faz parte da pré-campanha de Maia para ser o nome capaz de cumprir um mandato tampão até dezembro de 2018, se e quando Temer cair.

Tasso na lida

O presidente em exercício do PSDB, Tasso Jereissati, conseguiu segurar a bancada de deputados, que pressionava por uma debandada do governo de Michel Temer. A contenção tucana tem um sentido: o apoio do PMDB é fundamental para o PSDB conseguir viabilizar uma candidatura numa
eleição indireta.

A visão deles

Manifestantes e o deputado Paulinho da Força (SD-SP) diziam no fim da tarde, antes de Michel Temer mobilizar as Forças Armadas, que o Governo do Distrito Federal falhou ao mobilizar um efetivo pequeno para acompanhar o protesto de ontem. Além disso, não atentou parar o ingresso de bombas caseiras na área da Esplanada. Os próprios manifestantes disseram que se a polícia quisesse teria contido o grupo de 40 mascarados que atrapalhou o protesto pacífico contra as reformas. “A polícia falhou, e muito”, diz Paulinho da Força.

“O gesto de grandeza do presidente Temer seria renunciar. Tenho medo de uma polarização Lula versus Bolsonaro em 2018. Será o populismo contra o autoritarismo”

Do senador Cristovam Buarque, no programa CB.Poder ontem, na TV Brasília. Confira a íntegra da entrevista no YouTube

Cerco ao TSE

Em todas as conversas que tem tido, o presidente Michel Temer tem sido incisivo sobre sua permanência no cargo e a necessidade de reformas. Por isso, conforme mostrou a coluna Brasília-DF na terça-feira, a saída em curso é mesmo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), único lugar onde será capaz de construir o discurso de colocar a culpa na ex-presidente Dilma Rousseff e no PT.

Bateu, levou/ Ao saber que foi citado pelo senador Renan Calheiros como alguém que não poderia ter sido recebido por Temer como “emissário de Curitiba para nomear o ministro da Justiça”, o deputado Carlos Marun (foto) respondeu assim: “Se essa Lava-Jato agisse em conformidade com uma lista de prioridades, o senador Renan Calheiros teria sido o primeiro preso desse processo. O que não pode é termos de aceitar que a nossa bancada no Senado mantenha na sua liderança uma pessoa tão desqualificada e que pensa só nos próprios interesses”.

Por falar em Renan…/ Quando o líder do PMDB deixou a tribuna, foi se sentar ao lado da senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM). Novos aliados.

… E em ministro da Justiça…/
O país nesta crise, Esplanada em chamas e ainda não se ouviu um pronunciamento do ministro da Justiça, Osmar Serraglio.

Reinaldo Azevedo e d. Marisa/
Os petistas reclamavam ontem que o Supremo Tribunal Federal agiu rápido diante da divulgação dos diálogos do jornalista Reinaldo Azevedo com Andreia Neves, uma conversa que não fazia parte dos autos. Não fez o mesmo, entretanto, na conversa de d. Marisa com seu filho, outra que não tinha nada a ver com o foco das investigações.

Denise Rothenburg

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