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No Congresso, a escalada da crise

A escalada da crise

Com o fim das férias do Congresso, os parlamentares voltam ao trabalho hoje em um tom acima do que fecharam 2014. As dissidências e brigas na base governista estão amplificadas por causa da disputa na Câmara. Internamente, os maiores aliados da presidente Dilma Rousseff calculam que a perspectiva de vitória de Eduardo Cunha na Câmara e o aperto que Renan Calheiros passa no Senado jogam por terra o plano de substituir o PMDB pelo novo partido de Gilberto Kassab.

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E com um agravante: Lula, nos tempos de mensalão, e com a economia em dia, recorreu às ruas para evitar qualquer movimento mais contundente da oposição que levasse parte da base contra seu governo. Dilma, em temporada de petrolão, aumento de impostos, da gasolina e de tarifas, e com a base rachada, talvez não tenha a mesma sorte. O governo começa o ano com aquela velha batida: quando você pensa que nada pode piorar, piora. 

Emendas & sonetos I

Ricardo Barros, do PP, ofereceu aos peemedebistas, já no início da noite de sexta-feira, a hipótese de juntar todos os partidos da base aliada em volta de Eduardo Cunha, com a garantia de apoio ao PT para ocupar a presidência da Casa no próximo biênio. Em troca, o PMDB ficaria com a presidência agora, mas teria de “expulsar” do bloco de apoio o DEM e o Solidariedade. A resposta foi negativa. A avaliação é a de que o governo se preocupou tarde demais com os desdobramentos da divisão da base.

Emendas & sonetos II

Ao colocar o PSD no Ministério das Cidades com a ideia de fortalecer a posição do aliado, o governo deu asas a um partido com que todos os outros antipatizam. Afinal, o PSD cresceu tirando substância não só da oposição, mas também de parceiros do governo. A primeira parcela dessa conta, Dilma vai pagar hoje se Arlindo Chinaglia for derrotado, conforme indicam as previsões.

Combustível explosivo

Os mais tarimbados na política acreditam que a velha fórmula de usar os cargos de segundo escalão para acalmar a base no pós-eleição do Congresso não vai dar certo. É que, para cada nomeado, haverá 10 descontentes, dada a fragmentação dos partidos.

Noves fora…

Em conversas reservadas, os políticos aliados de Arlindo Chinaglia acreditam que, depois do ingresso dos ministros palacianos na campanha petista para presidir a Câmara, o resultado de hoje trará aqueles com que o governo poderá contar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. O grupo eduardista acredita que, apesar dessa pressão dos petistas, o peemedebista tem gordura para queimar até a hora da votação, sem comprometer o resultado final.

Lula à portuguesa

O nome do ex-presidente Lula tem sido citado insistentemente pela imprensa portuguesa como ligado à Odebrecht, empresa que acabou enroscada nas investigações que atingem o ex-primeiro ministro José Sócrates. É confusão para mais de metro. Lula, entretanto, jamais escondeu que ajudaria as empresas brasileiras a exportarem obras, produtos e serviços. Não contava, porém, que essas azeitonas tivessem caroços.

CURTIDAS    

O corpo fala/ Os quatro candidatos a presidente da Câmara passaram ontem no seminário montado para recepção aos novos parlamentares. Eduardo Cunha e Arlindo Chinaglia evitaram cumprimentos. Cunha, ao chegar, cumprimentou todos, menos Arlindo. Ao sair, o petista fez o mesmo. PT e PMDB estão cada vez mais distantes.

Ser ou não ser/ Muitos deputados de primeiro mandato chegam morrendo de medo de assinar qualquer coisa no parlamento. Um peemedebista chegou a preencher a ficha para integrar a Frente Parlamentar de Agricultura ontem no escritório do grupo, mas, na saída, pediu de volta. Iria consultar o partido primeiro.

Dia cheio/ Brasília funcionará hoje como se fosse uma quarta-feira. Vários salões de beleza que permaneceram fechados na posse da presidente Dilma Rousseff abrem hoje para atender esposas dos parlamentares e convidadas para o casamento da ministra da Agricultura, Kátia Abreu.

Noite cheia/ Os restaurantes frequentados pelos políticos, que geralmente fecham no domingo à noite, também funcionarão. O Piantella, por exemplo, convocou toda a equipe para receber as excelências. É o domingo com cara de terça-feira, quando, geralmente, as votações do Congresso vão até mais tarde.  

Denise Rothenburg

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