Três movimentos
O Congresso volta ao trabalho na segunda-feira com os bastidores fervilhando uma palavra que publicamente poucos pronunciam: impeachment. Essa pulguinha atrás da orelha de muitos congressistas importantes voltou a incomodar diante das chamadas do programa do PMDB Em favor do Brasil que vai ao ar na quinta-feira, com destaque para Michel Temer. Michel, entretanto, tem afastado de forma veemente qualquer conspiração nesse sentido. Tanto é que, na reunião ministerial, fez uma defesa irretocável do mandato presidencial. O problema é que o que Michel diz e repete, repelindo qualquer movimento em sentido contrário, não é o que está nos bastidores dos partidos. Nem que seja para incomodar o governo e ganhar algum espaço, alguns aliados vão levar essa assombração ao Planalto.
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Em conversas reservadas, os políticos começam a dizer que, de tudo o que saiu até agora sobre o escândalo da Petrobras, o que chega mais perto da presidente Dilma Rousseff é a compra da Refinaria de Pasadena (EUA), aprovada quando ela era presidente do conselho. Se houver ali algo que ainda não veio à tona e mine a credibilidade presidencial, o segundo quesito é saber se a população terá a vontade de ver os congressistas dedicados a levar o afastamento da presidente adiante. Se as ruas quiserem, os políticos acreditam que não seja tão inverossímil logo ali na frente. É por aí que muitos aliados tentarão assustar Dilma para conseguir algum lugar ao sol no segundo escalão.
Lava-Jato socializada
A aposta do governo é a de que a lista de políticos envolvidos na Lava-Jato será “positiva” para a presidente Dilma Rousseff. Isso porque haverá uma divisão da crise com o Congresso diluindo o furacão que se abate hoje sobre as empresas e a Petrobras.
Ruim com ele ou pior sem ele — eis a questão
A presidente Dilma nunca esteve tão dividida sobre como estreitar os laços com o PMDB e os interlocutores não têm ajudado a solucionar o dilema. Há quem diga que ela deve abraçar Eduardo Cunha sem medo de ser feliz. Outros, entretanto, consideram que a comandante do país deve manter distância regulamentar do presidente da Câmara. Lula é defensor da primeira opção. Ela ainda não decidiu.
Por onde passa boi…
A regulamentação da profissão de caminhoneiro ajudou a piorar a imagem do Brasil no quesito cumprimento de contratos. O Bank of America enviou um comunicado aos clientes alertando para os riscos regulatórios no país. O alarme do Bank of America considera que houve uma mudança de regulamentação e de “contrato de concessão”.
…Vem tarifaço
O mesmo Bank of America diz acreditar em compensação financeira do governo federal para reparar a perda de receitas. As concessionárias, por sua vez, apostam na possibilidade de vetos a dois artigos, o que permite o passe livre aos caminhões que estiverem com eixos suspensos e o que aumenta de 5% para 10% o excesso de peso tolerado. Se os vetos não vierem, virá um reajuste das tarifas ao consumidor.
CURTIDAS
Foi ele!/ O surgimento do nome do deputado Hugo Motta (PMDB-PB) como futuro presidente da CPI da Petrobras levou a ala nordestina do partido a acusar o jovem parlamentar de “traição”. Há quem diga reservadamente que Motta, que tem 25 anos e já foi presidente da Comissão de Fiscalização e Controle, trocou a vaga na CPI por um voto em favor de Leonardo Picciani para liderar a bancada.
Aquecimento/ O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (foto), voltou mais cedo para Brasília. Mesmo com o Congresso parado, ele e seu pessoal trabalham no cruzamento de dados das CPIs da Petrobras da legislatura passada. Ou seja, nada de começar do zero, perdendo tempo em pedidos de documentos que já estão à disposição do parlamento.
Fiscal da Dilma/ O ministro da Defesa, Jaques Wagner, vai ao estaleiro de Itaguaí (RJ) na terça-feira fiscalizar a construção dos submarinos. Quer ter a certeza de que os dois primeiros dos quatro submarinos convencionais ficarão prontos ainda no governo da presidente. O submarino de propulsão nuclear, entretanto, só em 2023.
Olha ele ali!!!/ Em silêncio há algum tempo, o presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Coelho, saiu em defesa do encontro do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com os advogados bem alinhadinho com o governo. Em tempo: ele é candidato à vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), a ser preenchida em breve.
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