Categorias: coluna Brasília-DF

Minha bancada, meu escudo

Depois das farpas atiradas contra o governo em relação à reforma da Previdência, o líder do PMDB, Renan Calheiros, reabre sua artilharia contra o Planalto e, para isso, busca o apoio da bancada, o que terminou por causar desconforto em parte dos senadores do partido. Alguns parlamentares, como Simone Tebet, Waldemir Moka, Raimundo Lira, preferiam uma conversa direta com o presidente Michel Temer, em vez de uma nota, expondo as divergências em relação ao projeto da terceirização. Venceu, obviamente, a posição defendida por Renan e parte da bancada se sentiu usada pelo líder que procura se firmar numa posição de maior independência em relação ao governo.

Em tempo: o líder do governo, Romero Jucá, um dos maiores aliados de Renan, não compareceu à reunião dos peemedebistas convocados pelo comandante da bancada. Preferiu um tête-à-tête com Renan no início da noite. Sabe como é… Líder do governo, num movimento contra uma proposta que tem o apoio do Planalto, prefere ficar na encolha e resolver tudo nos bastidores.

Questão de prioridade

O Ministério das Cidades está reservando R$ 5 bilhões para asfaltamento de ruas pelo Brasil afora. Com R$ 1 bilhão, é possível deixar o Brasil com 3,3 mil quilômetros de faixa seletiva para ônibus, beneficiando 86 milhões de pessoas em cidades com mais de 10 mil habitantes. Não resolve o problema do transporte público, mas que ajuda, isso ajuda.

Ainda não acabou I

A dor de cabeça das grandes empreiteiras não acabará depois da delação de seus executivos. A exemplo do que foi feito com as empresas de Angra 3 (Technit, UTC, Queiroz Galvão e Empresa Brasileira de Engenharia), a Odebrecht, a Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez são as próximas que correm o risco de serem consideradas inidôneas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), mesmo depois de todos os acordos que já assinaram.

Ainda não acabou II

“As empresas não são vítimas, são corruptoras. Há aí uma inversão de valores. Queremos prestigiar os acordos de leniência, mas é preciso ter mais uma cláusula dizendo que vão colaborar com o TCU e devolver o que roubaram”, diz o ministro Bruno Dantas à coluna.

Negócios diversificados

O mesmo Miguel Júlio Lopes, sócio da Advalor DTVM, tem ainda uma factoring com o mesmo nome e, em 2005, abriu uma empresa de serviços patrimoniais para compra e venda de imóveis próprios. A Advalor DTVM foi a empresa que, segundo a força-tarefa da Lava-Jato, movimentou R$ 6 milhões de alvos da operação. Miguel tem dito que está tudo dentro das normas legais.

CURTIDAS

Conselhos do mago/ Detentor de uma vasta experiência em pesquisas eleitorais, Carlos Montenegro (foto), do Ibope, almoçou ontem com um grupo de deputados na casa do líder do PTB, Jovair Arantes. “Vocês têm que reunir os políticos e reagir aos ataques, explicar que não são todos iguais e que o país precisa de políticos para sua boa condução.”

Apostas do mago I/ Ele fez ainda cenários sobre 2018. Disse que Lula é figura certa num segundo turno da eleição presidencial do ano que vem, se estiver em condições jurídicas de concorrer. “Agora, ganhar a eleição é outra história.”

Apostas do mago II/ Em relação aos senadores José Serra e Aécio Neves, “não vejo na disputa”. Quanto ao prefeito João Doria e o governador Geraldo Alckmin, é preciso clarear mais o ambiente para se ter uma ideia.

Apostas do mago III/ Alguém quis saber das chances de Jair Bolsonaro. Montenegro limitou-se a dizer: “Tem hoje entre 10% e 12%”. E o PMDB? “Não terá um representante”. Os deputados ficaram meio boquiabertos com as afirmações de Montenegro. Sabe como é… Com a Lava-Jato por aí, todos consideram muito difícil fechar hoje uma aposta para 2018.

Denise Rothenburg

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