Mandetta perde aliados no governo

Não são poucos os atores da politica que consideraram desnecessária e provocativa a entrevista do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao Fantástico, na noite de Domingo. Tanto aliados quanto adversários do presidente da República. Agora, se o presidente Jair Bolsonaro quiser trocar o ministro, já não são todos que irão se opor como ocorreu há alguns dias.

A avaliação inclusive daqueles que querem Mandetta no cargo é a de que o ministro está agindo para ser demitido. Mandetta sabe que a situação ficará a cada dia mais difícil e que pode se desgastar ao longo dos próximos dias com as dificuldades de compra de equipamentos. Para completar, as atitudes do presidente não ajudam a dar um comando único ao governo. Não dá, por exemplo, para o presidente da República usar máscara dentro das obras do hospital de campanha, em Águas Lindas e, no momento seguinte, sair sem máscara para conversar com a população e ainda provocar aglomerações. Da mesma forma, não pode um político ir a uma emissora de tevê criticar publicamente o comportamento do presidente sendo um ministro do governo. Denota quebra de hierarquia, segundo militares que, dentro do governo, defendiam a permanência de Mandetta antes da “desnecessária” fala ao Fantástico.

A simbologia da entrevista cm Mandetta falando de dentro do Palácio dos Esmeraldas, sede do governo de Goiás, é outro ponto anotado par muitos. Há quem diga que Mandetta já tem um convite do governador Ronaldo Caiado para trabalhar no estado, no papel de coordenador do combate o coronavírus. Como Bolsonaro também já trata o deputado Osmar Terra (MDB-RS) quase como se fosse um ministro, é apenas uma questão de oficializar o que já é notório. As próximas horas dirão se ainda há espaço para reconciliação entre Mandetta e Bolsonaro.

Hoje pela manhã, o único que defendia abertamente a permanência do ministro era o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO): “As manchetes puxam para o que querem. Se quisessem, podiam dizer que o ministro destacou que é nomeado pelo presidente e que tem dado prioridade às necessidades da Saúde. Quem viu assim, lerá a entrevista de outra maneira. Depois da eleição, foi Bolsonaro quem ficou três meses sustentando a nomeação e Mandetta, quando muitos criticavam. Isso vai passar”, disse, em webinar promovida hoje no final da manhã pela consultoria Arko Advice, sob o comando do cientista político Murillo Aragão.

Denise Rothenburg

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