A carta de Fernando Henrique Cardoso tentando chamar os simpatizantes do PSDB à razão levou os dois extremos a refletirem sobre tomar a mesma direção. Jair Bolsonaro, o líder das pesquisas, escondeu o general Hamilton Mourão, tirou o economista Paulo Guedes dos debates pelo Brasil afora e, até a semana que vem, fará uma carta de apreço à democracia e respeito às diferenças. Fernando Haddad, por sua vez, vem sendo aconselhado a caminhar na direção da “coesão nacional”, economia de mercado e reformas consideradas essenciais para o ajuste fiscal de que o país necessita.
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Ambos, entretanto, enfrentam problemas com esses textos. A turma de Bolsonaro considera que não é hora de fazer concessões ao centro, sob a máxima de que, “em time que está ganhando, não se mexe”. E, da parte do PT, prevalece hoje a tese de que qualquer passo rumo ao centro deve ser feito apenas no segundo turno. A ordem é chegar lá só com as propostas já colocadas pela coligação e deixar as concessões para o segundo turno.
Interpol seletiva I
Acabou a fase de oba-oba com os alertas vermelhos na Interpol. Em pelo menos dois casos, a polícia internacional retirou nomes da lista de mais procurados, acolhendo justificativas de perseguição política. O primeiro havia sido feito pelo Brasil, no caso do advogado Rodrigo Tacla Durán, alvo da Lava-Jato que colocou em xeque a imparcialidade do juiz Sérgio Moro.
Interpol seletiva II
Agora, na semana passada, houve o mesmo em relação a Rafael Corrêa, o ex-presidente do Equador. Para muitos, o recado está dado: as ordens devem ser fartas de provas, como no caso do banqueiro Alberto Cacciola e do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.
Memória
Para quem não se lembra, Cacciola é aquele banqueiro, ex-dono do banco Marka, preso por crimes contra o sistema financeiro cometidos durante o governo Fernando Henrique. Fugiu e foi preso seis anos depois no Principado de Mônaco. Passou três anos em Bangu. Pizzolato, condenado no esquema do mensalão petista, também foi para a Itália e terminou extraditado em 2015. Saiu da Papuda em outubro do ano passado.
A hora do tudo ou nada
Os tucanos concluíram que não há mais saída nesta reta final, a não ser atacar dos dois extremos, tanto Jair Bolsonaro quanto Fernando Haddad. Se os candidatos do PSL e do PT forem ambos ao segundo turno, ficará difícil os tucanos apoiarem formalmente um ou outro. Henrique Meirelles também entrou nessa toada, mas com uma diferença: desde o início da campanha, se coloca como alguém que ajuda o país. Logo, não terá como recusar ajuda a quem vencer.
CURTIDAS
A rainha do impostômetro/ Ex-ministra da Agricultura de Dilma Rousseff, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) (foto), candidata a vice na chapa de Ciro Gomes, vai lembrar que foi uma das maiores vozes contra a CPMF no governo Lula, quando ainda era do DEM. Ela foi uma das defensoras de se colocar o medidor de impostos no centro de São Paulo e todos os dias levava o tema ao plenário do Senado.
Prioridade petista I/ Na andança de Fernando Haddad em Recife ontem, o senador Humberto Costa (PT-PE), candidato à reeleição, e Marília Arraes, candidata a deputada federal, caminharam colados ao presidenciável. Costa foi escalado para falar na transmissão via internet.
Prioridade petista II/ Humberto está em terceiro nas pesquisas para o Senado. São duas vagas. Marília é vista como a esperança para puxar por outros deputados federais do partido. Lá, quem está mais à frente para a Câmara é João Campos, do PSB, filho do ex-governador Eduardo Campos.
E a Dilma, hein?/ A ex-presidente Dilma Rousseff continua em forma. Dia desses, provocou gargalhadas em Betim e virou a anedota preferida dos políticos do próprio partido. “Estou aqui com o Fernando Pimentel, e com o Fernando Haddad. Dois Haddads. Não, dois Pimentéis. Não, um Fernando!”.
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