Categorias: coluna Brasília-DF

ENTRE MORTOS & FERIDOS

A oposição quer deflagrar na segunda-feira a missa de réquiem das reformas. O canto de entrada vem de viva-voz pelo deputado Sílvio Costa. “O governo vai jogar em prol da reforma trabalhista. Ocorre que a sociedade quer a pauta da ética e, o governo está acuado nesse campo. Um governo com nove ministros sob suspeita não tem legitimidade para entoar as reformas. Isso é coisa séria. Eles não podem ajudar nesse processo. Se o presidente Michel Temer, que só não está na roda por causa do cargo, quer as reformas, precisa antecipar o afastamento dos ministros para que eles se expliquem”, diz o deputado, ensaiando o discurso para o início da primeira semana de trabalho do Congresso pós-divulgação da lista de políticos que vão responder a inquéritos dentro da Lava-Jato.

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Em tempo: o governo, reservadamente, falará aos deputados o inverso. A ordem é dizer que, sem reformas, a Lava-Jato será tema único nos debates do Parlamento.

E Lula ganhou
um salvo-conduto

Aliados do ex-presidente Lula já têm, na ponta da língua, o refrão para levar às ruas e à porta da Justiça Federal em Curitiba, quando o petista for apresentar depoimento ao juiz Sérgio Moro, em 3 de maio: se for para prender Lula, tem que prender todo mundo.

Olha um banco aí, gente!

Em um dos depoimentos, Luiz Eduardo Rocha Soares, que cuidava do departamento de propina da Odebrecht até a eleição de 2012, é direto: “Não gostávamos de fazer muitos pagamentos lícitos porque chamava muito a atenção. Daria algo em torno de US$ 100 milhões de doação eleitoral da Odebrecht. Em 2010, fizemos R$ 70 milhões. É pouco. Bradesco, Camargo Corrêa, Andrade fizeram mais”, diz ele. O braço financeiro até agora está praticamente abaixo da linha d’água.

Alhos + bugalhos = Lei do Abuso

Conforme dito aqui nesta coluna na última quarta-feira, a lei do Abuso ganhou fôlego. A senadora Lídice da Mata (PSB-BA), por exemplo, tem dito a colegas de partido que começa a rever a posição em relação ao projeto sobre esse tema que tramita no Senado. Ela tem um pedido de abertura de inquérito por falsidade ideológica eleitoral, acusada de não declarar recursos recebidos na campanha.

Sexta nada Santa // Num café praticamente deserto, ontem no início da tarde, dois homens de bermudas chamavam a atenção. Um deles dizia em voz alta, falando ao telefone: “Temos que ir lá dar uma satisfação para o cara que ligou chorando, com medo de ser preso. Estudei o processo, não há esse risco. Vou até o fim sem delação”.

Por falar em delação… // Em um dos depoimentos de Luiz Eduardo Rocha Soares, do departamento de propina da Odebrecht, o procurador pergunta: “Não é arriscado demais cometer um ilícito só para não mostrar o nome?”. A resposta do executivo: “Na minha opinião, sim, mas a decisão não era minha”.

Justo para o PSDB!? // Nas planilhas da Odebrecht, o PSDB foi batizado de… Corinthians. Petistas do tipo que perdem o amigo, mas não a piada, brincavam ontem: “Pô! Quanta injustiça. Foram colocar logo o time de Lula para os tucanos???”

Fachin é inocente! // À exceção daqueles que atacam Sérgio Moro, a maioria dos enroscados na Lava-Jato se esmera em elogiar os ministros do Supremo Tribunal Federal: o senador Romero Jucá (foto), do PMDB-RR, por exemplo, saiu-se com esta ontem no programa Moreno no Rádio, da CBN: “Não tem lista do Fachin, tem lista do Janot”, e dá-lhe a elogiar o ministro, enquanto fechava com a frase: “São ficções premiadas para alguém ir para casa”.

Denise Rothenburg

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