WASHINGTON, DC — Os americanos consideraram discutir a entrada do Brasil na Organização de Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas, em troca, pedem que o país saia do rol de nações que detêm tratamento preferencial e diferenciado na Organização Mundial de Comércio (OMC), por se autodesignarem “em desenvolvimento”.
A exigência foi apresentada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pelo representante de Comércio do governo americano, Robert Lighthizer. “Ele me disse: ‘Vocês têm de entender que, para entrar na OCDE, têm de sair do grupo dos favorecidos na OMC. Não tem troca’. Ele fez essa exigência. Eu fiz o meu pedido: ‘Me ajuda a entrar na primeira divisão’. E ele respondeu: ‘Me ajuda a limpar a segunda divisão'”, explicou o ministro, numa conversa rápida com o Blog e outros jornalistas, no café do hotel onde está hospedado.
Guedes disse a Lighthizer que estava sendo tratado “como se fosse chinês”. E acrescentou: “Brinquei, falando que o negociador deles está achando que sou chinês. Ele está indo de país em país para reduzir o superavit que os países têm com os Estados Unidos. “Só que nos temos deficit”, disse o ministro. A China tem um superavit da ordem de US$ 500 bilhões com os Estados Unidos, enquanto o Brasil teve um deficit de cerca de US$ 100 milhões, no ano passado. O ministro, entretanto, não adiantou qual será a resposta do Brasil. “Não vou dizer em que lado vou bater o pênalti”, comentou.
O pleito do Brasil, de entrada na OCDE, certamente será objeto da conversa entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, logo mais na Casa Branca. Essa entrada na OCDE representa uma espécie de selo de qualidade, confere mais prazos e outro patamar para as negociações comerciais.
No mês que vem, anunciou Guedes, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Willbur Ross, com quem o ministro se encontrou ontem, irá ao Brasil. “Será a primeira visita de um secretário de comércio ao Brasil em dez anos”, comemorou Guedes. Na área econômica, o Brasil fechou a recriação do fórum de CEOs das maiores empresas que fazem negócios com os Estados Unidos. Agora, está na fase de definição daqueles que vão participar desse fórum. Ali, será discutido, conforme Guedes, as relações comerciais do tipo. “Os americanos vão dizer: ‘Queremos vender nossa carne de porco’. Aí, nós dizemos: ‘Então, compre meu bife’. E eles vêm com etanol de milho, e o lado brasileiro responde: ‘Então, compre meu açúcar’. E por aí vai”, disse o ministro, bastante animado e otimista.
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