Dois coelhos
Disposta a criar um partido, Marina Silva planeja usar a falta de água em São Paulo e os problemas energéticos do país para bater no PT e no PSDB. Há mais de 10 anos mandando no estado mais populoso do Brasil, os tucanos paulistas serão responsabilizados pela ausência de um plano que permitisse contornar as mudanças climáticas e não expusesse a população à situação atual. Quanto ao governo federal, a ordem será bater na ausência de diversificação da matriz energética. E os dois vão apanhar no quesito falta de planejamento e de jogar às claras a necessidade de racionamento — uma atitude que deveria ter sido adotada há tempos.
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Os marineiros, entretanto, avaliam que os tucanos ainda podem transformar o limão em limonada: podem sempre dizer que, em 2001, Fernando Henrique optou pelo racionamento de energia antes que os reservatórios secassem, como ocorre agora. Ou seja, não deixou a situação chegar ao ponto em que permitiu a administração petista. Não por acaso, Dilma chamou os ministros para discutir a crise da água. Não quer dar mais argumentos aos adversários.
Equação difícil
O presidente do PP, Ciro Nogueira, avaliou com alguns petistas que será difícil levar a bancada a apoiar Arlindo Chinaglia (PT-SP) para presidir a Câmara. É que, no ano passado, Ciro fez das tripas coração para levar os pepistas a participar da coligação de Dilma Rousseff à reeleição e, ainda assim, perdeu o Ministério das Cidades. Agora, se forçar muito a mão em direção ao PT, arrisca perder a presidência do partido em abril.
De saída para entrar
Nas rodas políticas, há quem diga que o ex-ministro do Turismo Gastão Vieira está pronto para deixar o PMDB e se filiar ao Pros do ministro da Educação, Cid Gomes. Especialista na área educacional, Gastão é considerado uma aposta para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
“Esse apoio de Gilberto Kassab a Arlindo Chinaglia já estava no script. Não podia se esperar outra coisa de um prestador de serviços”
Do ex-deputado Geddel Vieira Lima, PMDB, sobre o apoio do PSD à candidatura de Chinaglia a presidente da Câmara.
Por falar em PSD…
A coordenação de campanha de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) considerou “fraco” o apoio do PSD a Chinaglia. Isso porque apenas dois deputados estiveram presentes no anúncio. “Numa eleição secreta, pelo menos 10 deveriam ter colocado a cara naquela foto”, comenta um peemedebista.
CURTIDAS
Só ouvidos/ O ministro da Defesa, Jaques Wagner, procurou o ex-ministro Nelson Jobim (foto), que ocupou a pasta no governo Lula e não fechou o primeiro ano do governo Dilma. Wagner é da linha de que não adianta ouvir quem só elogia. Afinal, não são esses que ajudarão a enxergar e a corrigir os possíveis erros de condução política.
Crítica não faltou/ Para quem não se lembra, Jobim não tem boas referências do primeiro governo da presidente Dilma. Ele foi demitido pela presidente em agosto de 2011, depois de a revista Piauí ter publicado declarações dele chamando Ideli Salvatti de “fraquinha” e se referir a Gleisi Hoffmann, então ministra da Casa Civil, como alguém que não conhecia Brasília.
Para compensar/ Nem só de críticos vive a agenda de conversas do ministro da Defesa. Ele tem aproveitado o mês para conversar com colegas de ministério. Já almoçou com Cid Gomes, da Educação, com Carlos Gabas, da Previdência. Aos poucos, vai conhecendo os seus colegas de Esplanada e formando um quadro geral do governo.
Fim do silêncio/ Todo o mundo político vai parar na terça-feira para ouvir o pronunciamento da presidente Dilma na primeira reunião ministerial do ano. A expectativa, entretanto, é a de que ela se limite a falar sobre a crise da água, com destaque para São Paulo, território dominado pelo PSDB. Quanto à energia, há quem acene com um discurso sobre “problemas passageiros” e sistema “robusto”. Se for assim mesmo, que Deus nos proteja.
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