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Dilma e Sarney

E Dilma sai da toca

Há alguns dias, o ex-líder do governo no Senado Romero Jucá (PMDB-RR) comentava numa roda: “Em política, quem não conversa erra muito. Quem conversa erra. Quem conversa com gente experiente erra menos”. A máxima foi adotada pela presidente Dilma Rousseff nesta temporada pós-manifestações. Ontem, tão logo saiu da sanção do Código de Processo Civil, o ex-senador José Sarney (PMDB-AP) se preparava para se despedir, quando ela o chamou: “Venha comigo, vou dar uma entrevista e, depois, conversamos”. Sarney assentiu. Então, Dilma virou-se para o ministro da Justiça: “Acompanhe o ex-presidente Sarney até a minha sala que eu já volto”, e seguiu para a entrevista.

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O gesto de Dilma demonstra vontade de auscultar o mais experiente político do país, o único sobrevivente da geração de 1930, que viveu todas as crises dos últimos 60 anos. Sarney exerceu a arte do diálogo e enfrentou altos e baixos na popularidade como poucos. É o que Dilma tem de mais experiente ao seu lado nesse momento para “errar menos”. E ela parece disposta a, inclusive, abrir as portas à oposição: “Para haver um diálogo, as duas partes têm que se mostrar dispostas. Eu estou”, respondeu, quando perguntada se chamaria a oposição. 

O bicho vai pegar

No mensalão, entre o governo Lula e o PT, os petistas salvaram o governo e refundaram o partido. Agora, com o tesoureiro João Vaccari Neto denunciado, os petistas parecem divididos sobre essas duas teses, mas há quem diga que o partido não tem escolha: a ordem é salvar o governo e, em relação ao partido, quem for sujo que se quebre.

Nem vem

Enquanto alguns peemedebistas sonham com novos ministérios e cargos no Poder Executivo, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) avisa: “Se ela (Dilma) acha que dar mais ministérios para o PMDB vai reduzir juros, inflação e corrigir a economia, está enganada. O problema não são cargos”, diz ele, que espera mais ação por parte do Poder Executivo. “Querem fazer isso para forçar o PMDB a votar o ajuste.”

Por falar em PMDB…

O partido entrega hoje, a Michel Temer, a própria proposta de reforma política. Quer sair na frente na discussão do tema a que todos recorrem quando a situação fica complicada — e que esquecem quando o quadro melhora.

Dever de casa em aberto

Os congressistas lembram que parte da lei anticorrupção aprovada depois das manifestações de junho de 2013 ainda não foi regulamentada. Portanto, essa deve ser a prioridade, e não outro pacote para ficar pela metade.

CURTIDAS    

Olho na balança!/ No corredor, ao sair da sanção do novo Código de Processo Civil (CPC), a presidente Dilma se vira para um assessor e comenta: “Vou colocar você numa dieta”. O assessor nada responde, apenas sorri. A presidente, então, comenta: “A gente tem que fazer dieta para não ter que tomar remédio”. Faz sentido.

Cadê?/ Aloizio Mercadante, o ministro da Casa Civil, que sempre está ao lado da presidente, sumiu nos últimos dias. Não foi à entrevista no domingo, tampouco na sanção do CPC. Depois de tantas críticas no meio político, há quem diga que ele resolveu mergulhar.Cada um no seu quadrado/ O secretário-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto (foto), vai voltar a cuidar mais dos movimentos sociais e menos dos políticos. Na quinta-feira, ele encontrará representes das centrais sindicais para discutir as medidas provisórias do ajuste fiscal. 

Nem lá nem cá/ Ricardo Patah, da União Geral dos Trabalhadores (UGT), que esteve ontem no Planalto, preferiu ficar de fora das duas manifestações: não foi nem em 13 de março nem no domingo. Ele quer guardar energia para negociar o ajuste fiscal. “Dilma demonstrou humildade hoje (ontem). Estamos dispostos a ajudar”, diz.

Denise Rothenburg

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