Aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foram informados de que ele aproveitará a prisão do líder do governo, Delcidio Amaral (PT-MS), para fazer caminhar já na próxima semana o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Assim, Cunha, que também está enroscado na Lava Jato e no Conselho de Ética da Câmara, espera obter algum alento junto aos oposicionistas e, ao mesmo tempo, tirar do governo o discurso de que o pedido de impeachment não passa de vingança por não ter todos os votos do PT no Conselho.
E tem mais: Embora Cunha saiba que o envolvimento de Delcídio no episódio nada tem a ver com os pedidos de impeachment presidente Dilma, o cidadão comum pode achar que os dois casos estão ligados. Assim, enquanto o governo e a imprensa se distraem com o pedido de impeachment em curso, Cunha acredita que terá mais espaço para tentar salvar a própria pele no Parlamento.
Apartados
O fato de a maioria dos senadores do PT e do PMDB seguirem caminhos opostos na votação que referendou a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS) foi visto como um prenúncio do que vem por aí no futuro: as duas legendas cada vez mais distantes. Além da vontade de tirar o assunto do colo do Senado, houve a clara sensação entre alguns petistas de que o PMDB aproveitou o episódio para ensaiar a sua carreira solo. Vale conferir ao longo dos próximos meses.
Diferenças I
Senadores do Democratas se preparam para tripudiar em cima do PT, caso alguém faça alguma cobrança em plenário. Vão dizer que, no caso do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, flagrado num vídeo recebendo dinheiro, o DEM logo o expulsou do partido. Delcídio, preso, obteve a solidariedade de seus colegas de bancada numa votação em plenário.
Diferenças II
Senadores e deputados lembravam ontem que o presidente do Senado, Renan Calheiros, soube ganhar pontos ao acolher o recurso da oposição e submeter ao plenário a decisâo final sobre o voto aberto ou fechado sobre o caso Delcídio. Já o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tem perdido terreno justamente por tentar a todo custo fazer prevalecer a sua vontade.
Missão espinhosa I
O governo terá dificuldades em escolher um novo líder na bancada petista. A maioria teme ficar sob holofotes e virar alvo de desgaste. Os ministros palacianos já foram informados que a melhor saída é buscar um comandante para o governo em outro partido governista.
Missão espinhosa II
Outro fator que desanima os petistas é o tempo fechado previsto para 2016. Ninguém quer ser líder de um governo enfraquecido e se ver obrigado a defender aumento de impostos, como a CPMF, e medidas impopulares, que certamente virão. Com Joaquim Levy ou sem ele.
CURTIDAS
Mui amigo…/ Assim os senadores petistas têm se referido ao presidente do PT, Rui Falcão. Ele em nenhum momento consultou a bancada antes dispensar qualquer solidariedade ao senador Delcídio Amaral. Muitos só souberam quando o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) leu a nota do Partido dos Trabalhadores em plenário.
Pensando bem…/ O PT está virando uma casa onde falta pão: Aquela em que todo mundo briga e ninguém tem razão.
Quanto mais passa, pior fica/ Quanto mais tempo a presidente Dilma Rousseff leva para se pronunciar sobre a prisão do seu governo, mais a oposição cobra a impressão de que quem cala consente.
O verdadeiro front/ O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) sai temporariamente de cena da Frente Parlamentar pelo Controle de Armas e da PEC das reformas das polícias para conhecer de perto outras batalhas. Ele desembarca hoje em Tel-Aviv, para participar de um seminário para líderes políticos brasileiros, a convite do primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu. A agenda inclui visita ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Agrário de Israel e até um corajoso sobrevôo de helicóptero na fronteira com a Síria.
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