Coluna Brasília/DF, publicada em 1º de dezembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Foi assim que boa parte dos empresários reagiu em seus grupos fechados de WhatsApp ao ler o texto do projeto de contenção de despesas anunciado pelo governo. Alguns consideram que em nenhum momento o governo avisou que colocaria na proposta a possibilidade de restringir a compensação de impostos, caso no ano anterior tivesse havido deficit. A leitura deles é a de que, se o governo gastar demais, os créditos ficarão represados.
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Pense numa revolta/ Na véspera da divulgação do texto, o CEO do grupo Cosan, Rubens Ometto, já havia reclamado diretamente ao futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre o governo não querer resolver o deficit fiscal. Num evento do grupo Esfera, fundado pelo empresário João Camargo, Ometto disse que há uma “política de partido”, de não querer resolver o deficit. “Aí, o juro vai subindo, vai subindo. Investimentos não vão acontecer. Empresário não vai investir com essas taxas de juros. (…) Eu me preocupo. Estamos ferrados. A alta administração do nosso país acha que está certo e não quer fazer nada”, comentou.
Riscos & apostas I
Dezembro chegou e, até agora, deputados não viram a liberação das emendas. Se não sair amanhã, vai ter um grupo indisposto para votar a lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). E essa legislação é ainda mais urgente do que o próprio Orçamento. Sem essa proposta sancionada, o governo não poderá sequer usar os duodécimos para despesas correntes no ano que vem.
Riscos & apostas II
Ainda não há um consenso sobre essa “greve”, mas tem muitos tão irritados que defendem a imposição de um “shut down” ao Poder Executivo. Até aqui, é só uma ameaça. Resta saber se os deputados terão coragem de prejudicar as emendas de 2025, que acabam entrando no mesmo pacote.
Ela fica
Se tem uma ministra que o presidente Lula não pretende mexer em caso de reforma ministerial em fevereiro é a do Planejamento, Simone Tebet (MDB). Lula é grato à ex-senadora pelo apoio integral na campanha de 2022. Aliás, na ala mais centrada do PT, há quem diga que, dada a pequena diferença de votos, o apoio de Tebet foi fundamental.
Um partido necessário
Os ministros do PSD Carlos Fávaro (Agricultura) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) entraram nas bolsas de apostas dos partidos para uma reforma ministerial. Só tem um probleminha: tirar ministros do partido de Gilberto Kassab agora é jogar o PSD na corrida de 2026 longe do PT. Pelo menos, a preços de hoje. E o governo não tem maioria assegurada para dispensar aliados.
CURTIDAS
Sinais/ Na entrevista ao Correio, foi a primeira vez em que Gilberto Kassab falou com todas as letras que o governo inviabilizou a candidatura do deputado Antonio Brito à Presidência da Câmara. Foi visto como um recado de que tomará distância do PT, caso surja um projeto alternativo viável longe da polarização.
O discurso de Marinho/ Aliados do ministro do Trabalho, Luiz Marinho (foto), acreditam que ele é detentor de bons números para tentar uma campanha a um cargo majoritário em 2026. Tem a marca de 2 milhões e 117 mil empregos gerados, sendo 430 mil na indústria.
Falta combinar/ A fila do PT de São Paulo e seus aliados para o Senado e o governo estadual é grande. Tem Guilherme Boulos, que perdeu a prefeitura, mas saiu bem da disputa. E o ministro Fernando Haddad, se não concorrer ao Planalto, caso Lula não seja candidato, está no páreo. O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, é outro que está nessa lista.
Terra firme/ Contrariando as expectativas de muitos políticos há alguns meses, a única seara sem estresse, até o momento na política brasileira, é a sucessão da Câmara e do Senado. A briga em torno das novas medidas econômicas e das emendas parlamentares, do projeto da anistia, do projeto do devedor contumaz, do Orçamento, e por aí vai, já são confusões de bom tamanho para encerrar o ano.
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